Aguardando há 20 dias que a prefeitura de Porto Alegre publique decreto liberando a realização de eventos na cidade, o setor de entretenimento e lazer divulgou nesta terça-feira (13) uma carta aberta criticando a demora da gestão municipal, que prejudica o segmento, há sete meses sem poder trabalhar, e dá margem à proliferação de eventos clandestinos na cidade.
No último final de semana, imagens de uma festa ilegal realizada no estacionamento do Jockey Club, no bairro Cristal, se espalharam nas redes sociais e indignaram os promotores de eventos da cidade. No local, divididos por cercas de ferro que simulavam camarotes com cadeiras, grupos de pessoas acompanharam shows e dançavam no final da tarde, enquanto os eventos oficiais seguem proibidos.
No desabafo do setor, intitulado "Quando o tempo passa a nos matar", e assinado pelo Grupo Live Marketing RS- que congrega mais de 300 empresas de eventos-, os empresários destacam que sofrem para "se manterem em pé e querer trabalhar com dignidade", e questionam até quando terão de esperar. "Parece mentira. Mas, não é. Depois de sete meses e muita discussão e negociação, além da elaboração dos protocolos e quatro eventos-teste realizados, sendo dois em Porto Alegre, o Grupo Live Marketing RS, inacreditavelmente, permanece sem receber qualquer manifestação da prefeitura de Porto Alegre", apontam.
O grupo lembra que desde 22 de setembro o governo do Estado liberou os eventos empresariais e de negócios, embora limitados, e estendeu ainda a permissão para a realização de shows e eventos culturais, também mediante restrições. "E até o momento não há autorização, da gestão municipal, para executá-los. E qual o sentimento deste descaso? De falência e de morte. Ser correto e desejar trabalhar com respeito a tudo que criamos e enfrentamos, neste período de dor, é o maior obstáculo que hoje nos impede de retomar”, aponta o movimento.
Reiterando o sentimento de desrespeito e cansaço diante da situação, os empresários se dizem revoltados e de mãos amarradas, principalmente diante das flexibilizações de comércio, restaurantes e outros segmentos. “E nós? Disputando com a clandestinidade que corre solta, em eventos, que estão em nossa cara”, destaca a carta, que reconhece o apoio que a presidência da Assembleia Legislativa tem dado ao setor, intermediando reuniões e cobrando das autoridades uma posição. Segundo o Live Marketing RS, a demora do município "impede a realização de eventos legais e, paralelamente, tem àqueles que fazem eventos, sem o mínimo de preparo para tal".
Para o coletivo, os profissionais do setor "não enxergam uma luz neste percurso" e sentem-se humilhados diante da falta de perspectivas de voltar ao trabalho. "Hoje, o Grupo Live Marketing RS só deseja uma única coisa para o setor: trabalho, apenas isso. É o mínimo que merecemos, voltar a trabalhar. Que os representantes do Executivo não permitam que nos aniquilem mais”, finaliza a carta.
Segundo prefeitura, o assunto está sendo tratado pelo Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus, que terá nova reunião nesta quarta-feira (14).
Nesta semana, a administração municipal liberou a realização do
primeiro evento-teste com público, na Capital, que será realizado entre os dias 16 e 18 de outubro, no Centro de Eventos da Fiergs.