Vocalista e principal compositor de bandas pioneiras do rock brasileiro como Liverpool e Bixo da Seda na década de 1970, assim como de grupos como Taranatiriça e Bandaliera na década de 1980, Fughetti Luz foi um artista inovador e irreverente, com letras que abordavam temas sociais e existenciais. Falecido em 14 de abril de 2023, aos 76 anos, ele deixou uma legião de fãs e o legado de sua filosofia de vida (cantada ao longo da sua obra).
Providencialmente, às 21h desta segunda-feira (14), data em que fecham dois anos de sua morte, acontece, no Teatro de Câmara Túlio Piva (Rua da República, 575), a apresentação do show-documental Fughettaço - tributo Fughetti Luz, dentro do projeto 2ª Maluca. Os ingressos custam entre R$ 30,00 (meia-entrada) e R$ 60,00 e podem ser adquiridos antecipadamente pela plataforma Sympla (único canal oficial online para a venda) e na Loja Planeta Surf do Bourbon Wallig (av. Assis Brasil, 2611).
O espetáculo em homenagem ao cantor e compositor, considerado uma referência do chamado "rock gaúcho" (e também um dos maiores roqueiros do Brasil), contará com grandes hits de suas bandas, além de versões de suas músicas assinadas por grupos como Guerrilheiro Anti-nuclear, e clássicos de sua carreira solo.
Idealizado pelo ator Chico Macalão, o tributo reunirá diversos artistas convidados ao lado banda Fughettaço – formada por Macalão (vocais), Zé Fernandes (baixo e vocais), Renan Albuquerque (guitarra), Gabriel Guedes (guitarra), Vicente Guedes (guitarra) e Matheus Martinez (bateria). Com eles, estarão King Jim, Gonha, Alice Kranen, João Guedes, Amanda Gabana, Aline Dillenburg, Murilo Moura, e Lucas Hanke. Juntos, eles lembrarão, no palco, como Fughetti Luz atravessou gerações sempre fiel à sua palavra, suas crenças e seu amor ao rock.
Nascido em 10 em março de 1947, no município de São Francisco de Paula, Marco Antonio de Figueiredo Luz (Fughetti Luz) manteve posições firmes, de espírito hippie, libertário, que inspiraram diversas gerações. Aos 51 anos de idade, Chico Macalão afirma que é um de seus muitos fãs, desde o início da década de 1990, quando era adolescente. "Na época, eu escutava a extinta rádio Ipanema FM, onde tocava direto o som da Bandaliera e da Guerrilheiro Anti-nuclear (criado por Fughetti Luz para tocar suas músicas)", recorda o artista. "Certa vez, em 1991, o Fábio Cappellano (baixista) me comentou que as músicas das duas bandas eram do Fughetti Luz; aí eu fui pesquisar e virei fã, principalmente depois de um show clássico da Bandaliera no Araújo Vianna (em 1992), que contou com a participação dele", destaca Macalão.
"Eu sou roqueiro de plateia", pondera o vocalista da Fughettaço, ressaltando que a formação da banda (que há cerca de dois anos vem fazendo algumas apresentações menores e esporáticas) representou também sua estreia como cantor. Apesar do desafio, ele aposta que sua experiência no teatro e no trabalho musical e performático que desenvolve junto ao Bloco da Laje (coletivo teatral carnavalesco que ele integra desde sua fundação, em 2012) devem lhe ajudar nesta que será a realização de um sonho de mais de três décadas. "A ideia de fazer essa homenagem ao Fughetti é uma vontade antiga de fã, que eu vinha alimentando há anos", explica.
"Homenagear Fughetti Luz é uma honra! Saber que podemos compartilhar esse som tão importante para nós é uma alegria, é um vulcão de emoções, pois ele foi um visionário da sabedoria humana, cantando e escrevendo refrões e letras que condizem com sua vida e lógica: nova geração novo pensamento, e a gente vai ficando mais novo por dentro sempre", afirma Macalão. O artista reforça que estuda e pesquisa a obra de Fughetti Luz com "carinho" e destaca que tem escutado "ricas" histórias do compositor, contadas por músicos que conviveram com ele. "Ele foi uma grande presença na Terra e deixou um legado musical fascinante, com letras simples mas que transmitem a questão da união e do amor".
As muitas histórias de Fughetti Luz, com suas letras inspiradoras e visionárias, serão contadas ao público em meio a um repertório de 23 músicas, promete o vocalista da Fughettaço. Antes do show, o Teatro Túlio Piva abrirá as portas desde às 19h30min. A partir deste horário, quem chegar no local poderá aproveitar a discotecagem do DJ Claudio Cunha, que animará o público no hall do espaço cultural. Ali, também, as pessoas poderão comprar cerveja, cujo consumo será permitido mesmo depois de adentrar a plateia.
"A ideia de ter um Dj abrindo os trabalhos é de fazer um "aquece", tipo happy hour", comenta o produtor Márcio Ventura (Rei Magro), responsável pelo 2ª Maluca. Depois de um hiato de cinco anos, o projeto (que foi interrompido por conta da pandemia de Covid-19) retornou em março deste ano, e já tem programação agendada até o início do segundo semestre. Somando 20 edições até então, o 2ª Maluca iniciou no bar Dr. Jekyll em 1999; teve rápida passagem pelo Garagem Hermética, seguiu para o Manara (em 2001), e mudou novamente de casa por duas vezes. Em 2003, passou a acontecer no bar Opinião; e a partir de 2017 ocupou o bar Ocidente até 2019. Nessas duas décadas, lançou novas bandas, apresentou grupos consolidados e trouxe para Porto Alegre uma série de artistas de outros estados brasileiros e países vizinhos.
Em sua 21ª edição, mais uma vez o projeto 2ª Maluca fomenta o trabalho de um novo grupo musical. "A banda Fughettaço é uma oportuna reverência a um cara primordial para o rock, que movia as pessoas numa época onde tudo era mais complexo, em plena ditadura. O Fughetti Luz foi uma figura muito importante, um artista que merece muitas outras homenagens", avalia o produtor.