O espaço público em uma cidade é responsabilidade coletiva. O cuidado deve ser feito pelos atores sociais de acordo com o papel esperado deles, cabendo especialmente ao poder público a estruturação e manutenção, e à comunidade a preservação daquele bem. Entidades sociais ou de classe, ONGs e voluntários são figuras frequentes em ações de caráter cidadão. E a iniciativa privada também tem seu papel nessa conjunção de esforços.
Para as empresas, contribuir para a qualificação de espaços públicos é mais do que apenas responsabilidade social corporativa - é um investimento estratégico na percepção pública da sua marca. Áreas coletivas bem projetadas, seguras e vibrantes promovem um senso de comunidade, atraem turismo e impulsionam as economias locais. Elas também criam associações positivas com a marca ao estimular a melhoria da qualidade de vida de quem desfruta daquele espaço.
"Na Alegrow, o objetivo sempre foi ser uma loja de rua, onde tivéssemos uma integração com a comunidade local", conta Eduardo Costa, sócio e idealizador da Alegrow, empresa especializada em lojas de conveniência em espaços públicos de Porto Alegre.
A parceria com o município vem de 2022, quando a marca inaugurou a primeira unidade no Viaduto Loureiro da Silva, no encontro das avenidas João Pessoa e Salgado Filho, no Centro.
Apontada por gestores públicos e empresários como essencial para o sucesso deste modelo de parceria, a segurança dos espaços motiva a escolha de um local para a adoção ou instalação de serviços - seja como ponto de partida ou condição a ser alcançada.
Porto Alegre estimula parcerias para o cuidado de áreas públicas
"Para a empresa que está adotando uma área pública, é importante que os parceiros comerciais, os clientes e até os colaboradores saibam que a marca faz parte daquela ação de melhorar o espaço", destaca Fabiano Rheinheimer, secretário adjunto de Parcerias de Porto Alegre. Por parte da administração municipal, uma das preocupações é garantir a segurança jurídica deste formato de parceria "tanto para o adotante que vai investir quanto para a prefeitura, do ponto de vista da preservação".
A Capital conta hoje com a possibilidade de parceria com voluntários da comunidade, por meio do projeto "prefeito de praça", e com a iniciativa privada, através de adoção para melhorias, que pode ser na modalidade chamada de especial, que prevê a instalação de um negócio na área adotada (neste caso, a prefeitura recebe proposta e abre prazo para outros interessados). É possível também que as empresas façam doação de materiais e serviços ao poder público.
Rheinheimer conta que, nas reuniões com os candidatos a adoções especiais, "a gente faz questão de lembrar o óbvio: a adoção só se justifica com a melhoria do espaço público". Ele lembra que a adoção com exploração comercial gera tributos e empregos, o que tem sido estimulado pela gestão municipal desde o primeiro mandato do prefeito Sebastião Melo, iniciado em 2021.
Atenção social
À medida que as cidades enfrentam desafios relacionados à urbanização, iniciativas de colaboração entre poder público, empresas e comunidades desempenharão um papel cada vez mais relevante na manutenção de espaços públicos. Ao unir forças, os diferentes atores sociais podem ajudar a criar ambientes inclusivos, resilientes e sustentáveis que beneficiem a todos.
Neste cenário, parcerias para a qualificação de espaços públicos se mostram um modelo desejável para atender as metas corporativas alinhadas com valores coletivos. Nas parcerias firmadas pela prefeitura de Porto Alegre, parte do arrecadado é devolvido na forma de melhorias e ações sociais. Na orla do Guaíba, por exemplo, a Alegrow disponibilizou triciclos que percorrem o trecho 1 coletando resíduos que serão encaminhados para a reciclagem.