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LOGÍSTICA

- Publicada em 19 de Abril de 2022 às 18:26

Hidrovia da Lagoa Mirim terá de incluir investimentos na Eclusa do Canal São Gonçalo, em Pelotas

Eclusa do Canal de São Gonçalo, em Pelotas, foi construída em 1977

Eclusa do Canal de São Gonçalo, em Pelotas, foi construída em 1977


George Marino Gonçalves/Divulgação/JC
Com o estudo de viabilidade da Hidrovia da Lagoa Mirim -que ligará comercialmente o sul do Brasil ao nordeste do Uruguai- entregue ao governo brasileiro na semana passada, o planejamento de ações prioritárias para sua execução, como dragagem e sinalização da obra, passam a ser fundamentais no período que virá após a licitação, prevista para ser lançada ainda este ano. No entanto, alinhado à necessidade de regulação do transporte de cargas e de construção de terminais portuários, o trabalho da concessionária que assumir o projeto passa também pela operacionalização e atualização da estrutura da Eclusa do Canal São Gonçalo, em Pelotas, fundamental para garantir a navegabilidade da hidrovia.
Com o estudo de viabilidade da Hidrovia da Lagoa Mirim -que ligará comercialmente o sul do Brasil ao nordeste do Uruguai- entregue ao governo brasileiro na semana passada, o planejamento de ações prioritárias para sua execução, como dragagem e sinalização da obra, passam a ser fundamentais no período que virá após a licitação, prevista para ser lançada ainda este ano. No entanto, alinhado à necessidade de regulação do transporte de cargas e de construção de terminais portuários, o trabalho da concessionária que assumir o projeto passa também pela operacionalização e atualização da estrutura da Eclusa do Canal São Gonçalo, em Pelotas, fundamental para garantir a navegabilidade da hidrovia.
Localizada na margem esquerda da barragem do canal e sob responsabilidade operacional e de manutenção da Agência de Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM) e Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Eclusa foi concluída em 1977. Estrutura hidráulica disposta no Canal São Gonçalo, seu funcionamento é considerado vital para a região, pois garante a segurança hídrica e qualidade da água, utilizada tanto para consumo de cidades da Zona Sul do Estado como para irrigação das lavouras e arrozais. Sua função é impedir a intrusão de água salgada oriunda do mar- e que passa pela Lagoa dos Patos- no Canal São Gonçalo e em direção à Lagoa Mirim.
A operação das comportas da Eclusa, que não se destinam ao escoamento das águas, se dão de acordo com as necessidades de passagem das embarcações que já utilizam o Canal São Gonçalo como hidrovia. De acordo com o coordenador da Agência de Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM) e professor da UFPel, Gilberto Collares, a intrusão de águas oceânicas na Lagoa Mirim é condicionada pela intensidade dos ventos da região e pela condição de nível existente no local. Por conta dessa característica, a obra de construção da Eclusa do Canal São Gonçalo foi autorizada pelo governo federal em 1972, e concluída cinco anos depois.
Atualmente, segundo Collares, a estrutura necessita de investimentos de mais de R$ 31 milhões para manutenções preventivas e corretivas, já que a obra tem mais de 45 anos. O planejamento da Eclusa, por exemplo, não é feito para navegação em período de estiagem, quando ocorre a irrigação do arroz na região, se consome mais água e o nível hídrico baixa, dificultando a navegação. Pontos como esses precisarão ser considerados.
"Nossa expectativa (com a hidrovia) é das melhores, mas será necessária uma manutenção corretiva e preventiva de toda a estrutura da Barragem e sua Eclusa para que a Hidrovia da Lagoa Mirim entre em funcionamento pleno. Atualmente, as dificuldades de recursos comprometem a manutenção e operação da estrutura. Mesmo assim, os esforços da UFPel e da ALM mantêm essa importante estrutura pública, que vai muito além da hidrovia e que garante a segurança hídrica e o desenvolvimento econômico e social dessa importante bacia hidrográfica. Precisamos de todo um trabalho preventivo sempre, e não corretivo", comenta Collares.
Outro ponto destacado pelo professor como necessário de ser revisto para o funcionamento pleno da hidrovia diz respeito à ponte férrea sobre o Canal São Gonçalo, "que também requer manutenção e operação adequada e atenta", considerado outro gargalo do trecho.
Segundo ele, os investimentos em batimetria (medição da profundidade das águas), sinalização, dragagem e balizamento (sinalização que garante segurança à navegação) do projeto também serão fundamentais para deixar a Eclusa e a Barragem do Canal São Gonçalo em condições de uso para a hidrovia.
"A hidrovia terá de se estabelecer de acordo com o tamanho da Eclusa, são questões que deverão ser acertadas ao longo do projeto para efetiva operação. Estamos torcendo para que aconteça com maior brevidade possível. Dificuldades para toda a operação não haverá, desde que haja recurso para isso. A Eclusa é fundamental para dar condições de navegabilidade ao Canal São Gonçalo", comenta o professor.
Em 2017, estudo apresentado pela ALM ao governo federal apontou que seriam necessários para a manutenção corretiva e operacionalização da Eclusa e da Barragem cerca de R$ 2 milhões por ano. Desde  então, os repasses não chegaram a esse montante - o previsto para 2022 deverá ficar em torno de R$ 500 mil, por exemplo. No entanto, a UFPel colabora para a manutenção da estrutura, e recursos de pesquisa também são destinados a garantir o funcionamento de todo o processo. 
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A ECLUSA

  • Localizada na margem esquerda da Barragem do Canal São Gonçalo, a Eclusa do Canal São Gonçalo possui 120 metros de comprimento, 17 metros de largura e 5 metros de profundidade
     
    Sua estrutura hidráulica é formada por uma câmara central, delimitada lateralmente por um diafragma de concreto armado e o fundo é protegido por uma camada de brita
     
    Em cada extremo da Eclusa está instalada uma comporta basculante, cuja finalidade é controlar o nível de água da câmara para a passagem das embarcações. Também há duas comportas flutuantes de manutenção.
     
    É operada por guincho de acionamento eletromecânicos, através de cabos de aço.
     
    A captação das águas do Canal São Gonçalo e Lagoa Mirim é utilizada para o consumo humano das cidades de Rio Grande, Capão do Leão e Pelotas e para atender significativas áreas de arroz irrigadas por inundação na abrangência da bacia hidrográfica.

CANAL SÃO GONÇALO

  • O Canal São Gonçalo está situado na Bacia Hidrográfica da Lagoa Mirim e faz a ligação entre a Laguna dos Patos e a Lagoa Mirim.

    É um manancial hídrico com significativa importância econômica e ambiental para a região sul do Brasil e suas águas são utilizadas para diversos fins, como abastecimento, irrigação e pesca.








A ALM

  • A Agência de Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM) foi criada por decreto federal em 26 de maio de 1994, quando da transferência para a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) do acervo técnico-científico e patrimonial, bem como da administração das obras da Barragem e Eclusa do São Gonçalo.
     
    Como instituição de apoio administrativo, técnico e financeiro, atua de forma complementar ao Ministério do Desenvolvimento Regional e junto ao Uruguai, no aproveitamento dos recursos naturais e hídricos da Bacia da Lagoa Mirim, comuns aos dois países.