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Publicada em 16 de Abril de 2025 às 18:26

Dólar volta a cair e fecha a R$ 5,8650 com acirramento da guerra comercial

 Em abril, a moeda apresenta valorização de 2,80% em relação ao real

Em abril, a moeda apresenta valorização de 2,80% em relação ao real

Arte/Jc
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Agências
O acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a afastar investidores de ativos norte-americanos, levando a uma nova rodada de queda global do dólar. O real apresentou desempenho inferior a de seus principais pares, à exceção do peso chileno, o que pode refletir tanto questões técnicas quanto ruídos fiscais com divulgação na terça-feira do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).Com máxima a R$ 5,9158 e mínima a R$ 5,8525, o dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, (16), em baixa de 0,42%, cotado a R$ 5,8650. Em abril, a moeda apresenta valorização de 2,80% em relação ao real. No ano, as perdas, que já chegaram a superar 8%, são agora de 5,10%.Na queda de braço entre Estados Unidos e China, o governo americano impôs nesta terça à noite restrições para vendas de chips da empresas de tecnologia Nvidia e da AMD para os chineses, derrubando as bolsas em Nova York. A medida vem depois de a China proibir a entrega de jatos da Boeing a companhias áreas do país.No meio da escalada das tensões comerciais, veio uma nota positiva para a economia global. O PIB da China surpreendeu no primeiro trimestre, ao crescer 5,4% na comparação anual, acima das expectativas de economistas (5,1%).A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, vê o movimento da taxa de câmbio nesta quarta muito ligado ao ambiente externo, uma vez que outras divisas emergentes, inclusive as latino-americanas, também estão se apreciaram em relação ao dólar."O crescimento da China favoreceu essa melhora do apetite por essas divisas. A fraqueza do dólar lá fora também está ligada a esse modelo mais agressivo de negociação do presidente dos EUA com a China", afirma Quartaroli, para quem a questão fiscal, com "desconforto" em relação aos números do PLDO "teve menos impacto" que a questão externa no câmbio.Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY voltou a furar o piso dos 100,000 pontos, com mínima aos 99,174 pontos à tarde, em linha com as mínimas das taxas dos Treasuries, após fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Franco suíço, visto como porto seguro, subiu mais de 1%.Indicadores econômicos dos EUA divulgados nesta quarta - como o crescimento além do esperado das vendas do varejo em março - mostram que a economia americana segue saudável, mas as expectativas de crescimento e inflação pioram em razão do tarifaço.Em discurso à tarde, Powell observou que o nível das tarifas já anunciadas é "significativamente maior do que o previsto", o que deve se traduzir em inflação mais alta e crescimento mais lento. Powell acredita que haverá um repique transitório da inflação, mas ressaltou que os efeitos do choque tarifário nos preços podem ser mais persistentes.O time de economistas do Itaú, comandado pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, observa que o comportamento do real tem sido ditado "majoritariamente" pelos movimentos de aumento ou diminuição da aversão ao risco no exterior em meio ao desenrolar da guerra comercial.Para o banco, em caso de uma desaceleração da economia americana que não resulte em recessão global, é "razoável" esperar enfraquecimento global do dólar e, por tabela, apreciação do real, "especialmente considerando o diferencial de juros elevado". Já uma escalada da guerra comercial que provoque uma retração da atividade mundial aumentaria a aversão ao risco, resultando em uma taxa de câmbio mais depreciada."Diante da incerteza elevada, mantivemos a nossa projeção de taxa de câmbio em R$ 5,75 para 2025 e 2026", afirmam os economistas do Itaú.O BC informou nesta quarta que o fluxo cambial na semana passada (de 7 a 11 de abril) foi negativo em US$ 235 milhões, em razão da saída líquida de US$ 3,152 bilhões pelo canal financeiro. Em abril, até dia 11, o fluxo total ainda é positivo em US$ 2,669 bilhões, graças ao saldo positivo de US$ 4,705 bilhões no comércio exterior."O câmbio doméstico voltou a colar na dinâmica do dólar no exterior. Vejo um piso de R$ 5,82 no curtíssimo prazo", afirma o economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, acrescentando que houve melhora do superávit comercial. "Mercado já precifica na curva de juros Selic em 15%. Nesse nível, o impacto predominante sobre o dólar depende mais do cenário externo e do fluxo cambial."
O acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a afastar investidores de ativos norte-americanos, levando a uma nova rodada de queda global do dólar. O real apresentou desempenho inferior a de seus principais pares, à exceção do peso chileno, o que pode refletir tanto questões técnicas quanto ruídos fiscais com divulgação na terça-feira do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).

Com máxima a R$ 5,9158 e mínima a R$ 5,8525, o dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, (16), em baixa de 0,42%, cotado a R$ 5,8650. Em abril, a moeda apresenta valorização de 2,80% em relação ao real. No ano, as perdas, que já chegaram a superar 8%, são agora de 5,10%.

Na queda de braço entre Estados Unidos e China, o governo americano impôs nesta terça à noite restrições para vendas de chips da empresas de tecnologia Nvidia e da AMD para os chineses, derrubando as bolsas em Nova York. A medida vem depois de a China proibir a entrega de jatos da Boeing a companhias áreas do país.

No meio da escalada das tensões comerciais, veio uma nota positiva para a economia global. O PIB da China surpreendeu no primeiro trimestre, ao crescer 5,4% na comparação anual, acima das expectativas de economistas (5,1%).

A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, vê o movimento da taxa de câmbio nesta quarta muito ligado ao ambiente externo, uma vez que outras divisas emergentes, inclusive as latino-americanas, também estão se apreciaram em relação ao dólar.

"O crescimento da China favoreceu essa melhora do apetite por essas divisas. A fraqueza do dólar lá fora também está ligada a esse modelo mais agressivo de negociação do presidente dos EUA com a China", afirma Quartaroli, para quem a questão fiscal, com "desconforto" em relação aos números do PLDO "teve menos impacto" que a questão externa no câmbio.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY voltou a furar o piso dos 100,000 pontos, com mínima aos 99,174 pontos à tarde, em linha com as mínimas das taxas dos Treasuries, após fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Franco suíço, visto como porto seguro, subiu mais de 1%.

Indicadores econômicos dos EUA divulgados nesta quarta - como o crescimento além do esperado das vendas do varejo em março - mostram que a economia americana segue saudável, mas as expectativas de crescimento e inflação pioram em razão do tarifaço.

Em discurso à tarde, Powell observou que o nível das tarifas já anunciadas é "significativamente maior do que o previsto", o que deve se traduzir em inflação mais alta e crescimento mais lento. Powell acredita que haverá um repique transitório da inflação, mas ressaltou que os efeitos do choque tarifário nos preços podem ser mais persistentes.

O time de economistas do Itaú, comandado pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, observa que o comportamento do real tem sido ditado "majoritariamente" pelos movimentos de aumento ou diminuição da aversão ao risco no exterior em meio ao desenrolar da guerra comercial.

Para o banco, em caso de uma desaceleração da economia americana que não resulte em recessão global, é "razoável" esperar enfraquecimento global do dólar e, por tabela, apreciação do real, "especialmente considerando o diferencial de juros elevado". Já uma escalada da guerra comercial que provoque uma retração da atividade mundial aumentaria a aversão ao risco, resultando em uma taxa de câmbio mais depreciada.

"Diante da incerteza elevada, mantivemos a nossa projeção de taxa de câmbio em R$ 5,75 para 2025 e 2026", afirmam os economistas do Itaú.

O BC informou nesta quarta que o fluxo cambial na semana passada (de 7 a 11 de abril) foi negativo em US$ 235 milhões, em razão da saída líquida de US$ 3,152 bilhões pelo canal financeiro. Em abril, até dia 11, o fluxo total ainda é positivo em US$ 2,669 bilhões, graças ao saldo positivo de US$ 4,705 bilhões no comércio exterior.

"O câmbio doméstico voltou a colar na dinâmica do dólar no exterior. Vejo um piso de R$ 5,82 no curtíssimo prazo", afirma o economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, acrescentando que houve melhora do superávit comercial. "Mercado já precifica na curva de juros Selic em 15%. Nesse nível, o impacto predominante sobre o dólar depende mais do cenário externo e do fluxo cambial."

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