O ator mais feio do mundo, Jack Palance, saiu de Hollywood e abriu um snooker na Azenha, na época, abrasileirado para "miniesnuque". Todo pé-sujo tinha um. Essa foi uma das lendas urbanas criadas por jornalistas pândegos, nos tempos em que Porto Alegre era conhecida como Cidade Sorriso. Hoje, ela está banguela, essa velha dama que de pudica virou despudorada.
Também na Azenha dos anos 1960, surgiu a lenda da mulher fantasma, toda de branco com um véu esvoaçante, que se via a mais de légua, segundo um sota capataz de fazenda em Viamão. Jurou tê-la visto na lomba do cemitério durante uma madrugada. Descobriu-se depois que o causo era outro. Como tudo é natural, inclusive o sobrenatural, a fantasma era uma moradora de vila próxima, que arrastava homens para o escurinho e aliviava-os do fardo da carteira. Como a história era boa, ficou a lenda do fantasma do cemitério, que se escondia entre os mausoléus, ou mosaléus, como falava o jornalista Tio Miro. Garota de programa fúnebre.
Alguns causos pareciam lendas, mas não eram. Em dezembro de 1968, a avenida São Pedro, na altura da Farrapos, encheu-se de um peixe pequeno e espinhento chamado manduim ou minduim, que nadava na água pra mais de metro, por efeito do rompimento de adutora do Dmae. No entrevero, o cardume foi sugado, de maneiras que Porto Alegre foi a única cidade do mundo em que peixe nadava na avenida.
Também foi naqueles tempos que o Fogo Simbólico aceso na Pira da Pátria, em frente à Redenção, na João Pessoa, foi assassinado por uma lufada de vento mais forte na hora de uma cerimônia noturna. Ou veio das Minas Gerais com defeito de fabricação, sabe-se lá. Fato foi que um brigadiano que fazia a guarda sacou de um isqueiro de campanha, desses com rodinha nas duas pontas e, com o sacrifício de uma folha de jornal serpenteando levado ao léu pelo mesmo vento, reacendeu o fogo sagrado da Pátria.
Todo mundo que viu, fingiu que não viu.
Minha filha chamou a assistente virtual Alexa, uma das melhores invenções já feitas, e perguntou se ia chover. A resposta:
- Boa tarde, Fabíola! Não há previsão de chuva hoje em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Ela chamou de novo, pensando em ser simpática mesmo sabendo que falava com um amontoado de megas de Inteligência Artificial, para dizer "obrigada". Nova resposta?
- É nóis!!!
A Páscoa em Canela terá programação repleta de cor, fantasia e emoção. Um dos momentos mais esperados do feriadão é a Fábrica de Doces do Sr. Coelho - Parada de Páscoa, que acontece no sábado e no domingo, às 10h30min, saindo da Catedral de Pedra.
Leitor escreve para fazer um alerta sobre a gravidade da dengue no bairro Itu Sabará, que ele pensa ser problema também em outros bairros. Seu relato: "No Itu Sabará é difícil encontrar uma casa sem alguém doente. Na minha, eu e a patroa estamos nessa. Acabei hospitalizado devido a complicações. No posto de saúde do bairro o caos é total. Centenas de pessoas sendo atendidas. O pessoal fez uma passeata para tentar alertar sobre estes problemas de saúde pública. A doença é incapacitante e terrível".
Na palestra de ontem sobre ferrovias gaúchas (matéria nesta edição), o vice-governador Gabriel de Souza mencionou que depois da enchente o Rio Grande do Sul não tem mais ligação ferroviária com outros estados, e que a velocidade média dos trens é de 12 Km/horários em média. Um pouco menos que uma tartaruga com artrite os alcançaria.
Lado um: sete milhões recebem Bolsa Família há pelo menos 10 anos. De outra parte, o Rio Grande do Sul registrou um aumento expressivo nos pedidos de demissão no primeiro mês de 2025, e 46,3% dos desligamentos ocorreram por iniciativa do próprio trabalhador, totalizando 130 mil saídas voluntárias. Parte abriu seu negocinho próprio; parte deve ter se escorado no Bolsa Família.