O novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, disse ontem que 1,2% do faturamento do setor hoje é destinado às despesas com burocracia. "Eu referiria que estes recursos estivessem sendo direcionados à pesquisa", comentou Moraes, que assumiu a presidência da entidade.
O executivo disse acreditar que há grandes chances de esta situação ser revertida gradualmente e afirmou ter encontrado as portas abertas no atual governo para debater esta questão.
Ele disse que a Anfavea tem ciência dos sérios problemas de ordem fiscal enfrentados pelo governo, mas disse ser possível simplificar a burocracia para que menos recursos sejam gastos para este fim. "Com isso não só o setor vai ganhar, mas toda a sociedade", comentou.
O novo presidente da Anfavea fez, durante seu discurso de posse no comando da entidade, relato de outras dificuldades do setor, que saiu de uma produção de 3,8 milhões de unidades para algo acima de 2 milhões. Ele fez menção aos problemas de ordem econômica que levaram à ociosidade no setor, mas disse que a retomada do segmento de veículos pesados a partir do segundo semestre do ano passado se constitui num indicador da retomada da economia.
Mas para que esta retomada se consolide, de acordo com o executivo, será preciso que se aprovem as reformas da Previdência e tributária. "A Anfavea apoia a reforma robusta da Previdência para manter este crescimento", comentou Moraes.
Para ele, o Congresso tem que estar ciente de seu papel e aprovar a reforma, ainda que entenda que mudanças tenham que ser feitas no projeto.
Moraes afirmou ainda que a Anfavea apoia a reforma tributária na sequência da previdenciária. O presidente da Anfavea disse estar de acordo com o governo no tocante à sua intenção de abrir o mercado brasileiro, mas desde que se promova a simplificação tributária no Brasil.
"O Rota 2030 foi um o programa de difícil implementação, mas é um programa que veio para ficar", disse Antonio Megale, que deixou ontem o cargo de presidente da Anfavea.
Para ele, o Rota 2030, antes de ser um programa de incentivos representa a organização do setor. "Hoje o setor consegue se planejar", afirmou.
O programa Rota 2030 prevê a concessão de três benefícios: a aplicação diferenciada do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o regime de autopeças não produzidas e o incentivo referente à aplicação em projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Segundo projeções da Receita Federal do Brasil, é prevista uma renúncia fiscal de R$ 2,113 bilhões para 2019 e R$ 1,646 bilhão para 2020.