Capitão Martim
Estamos completando um ano da maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul. No final de abril e início de maio de 2024, nosso estado enfrentou uma tragédia sem precedentes: inundações devastaram 463 municípios, deixando um rastro de dor, destruição e perdas irreparáveis.
A dimensão do desastre foi tão imensa que nem palavras, nem números conseguem traduzi-la. Mas foi justamente no meio da lama, do caos e do desespero que emergiu a maior força do povo gaúcho: a solidariedade.
A cena era angustiante. Crianças apavoradas, famílias destroçadas, pessoas assistindo impotentes à destruição de suas casas, seus sonhos, suas histórias. Era preciso agir rápido para evitar que o drama se tornasse ainda maior.
E foi o que aconteceu. Milhares de voluntários largaram tudo: casas, empregos, rotinas. Vestiram a coragem e foram ao socorro — salvaram vidas, acolheram desabrigados, alimentaram famílias e protegeram animais. Heróis de verdade não usam capas — usam barcos, mochilas, celulares e braços estendidos.
Além do resgate, esses voluntários organizaram abrigos, geriram recursos, articularam doações, trabalharam lado a lado com as forças de segurança. Em cada canto do Estado, havia uma mão estendida. Uma tragédia que uniu irmãos.
E não foram só gaúchos. Pessoas de todo o Brasil mandaram ajuda, equipes, alimentos, mantimentos. Foi um movimento do povo para o povo como nunca se viu.
Foi para reconhecer essa força que nasceu a Medalha Heróis do Rio Grande, idealizada pela Frente Parlamentar de Proteção e Defesa Civil da Assembleia Legislativa. Mais do que uma homenagem, a medalha é um agradecimento sincero a quem escolheu agir, quando era mais fácil se omitir. Foram mais de 30 mil indicações feitas pela própria população e todos serão condecorados. São policiais, escoteiros, líderes comunitários e cidadãos comuns que, no momento mais difícil, viraram gigantes. Dormiram pouco, comeram menos, enfrentaram o frio, o medo, o risco — tudo por amor ao próximo.
A medalha é mais do que um símbolo. É um chamado. Um lembrete de que a reconstrução não se faz só com obras e políticas públicas, mas com o espírito de união e coragem que salva vidas.
Os Heróis do Rio Grande nos ensinaram que, diante da tragédia, é o povo quem salva o povo. E que a verdadeira força do nosso Estado está em sua gente.
Deputado estadual (Republicanos) e presidente da Frente Parlamentar de Proteção e Defesa Civil da Assembleia Legislativa