A Assembleia Nacional da Nicarágua aprovou uma lei nesta segunda-feira (21) que proíbe pessoas que o governo acredita ter financiado tentativas de derrubar o presidente Daniel Ortega ou incentivado sanções contra seus aliados, de se candidatar nas eleições gerais de 2021. A "Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz" recebeu 70 votos do total de 92 cadeiras do órgão.
Os críticos do governo veem a legislação como uma tentativa de amordaçar a oposição a Ortega, que buscará seu terceiro mandato consecutivo em novembro de 2021. A nova lei não detalha como a inelegibilidade dos candidatos será determinada.
"Aqueles que pedem sanções internacionais contra a Nicarágua ou seus funcionários devem ser candidatos no império", disse o presidente da Assembleia Nacional, Gustavo Porras, em referência aos Estados Unidos durante o debate sobre o projeto. Porras é uma das 27 autoridades nicaraguenses que foram sancionadas pelos Estados Unidos nos últimos três anos.
Eliseo Nunez, um ex-parlamentar da oposição, disse que o presidente quer sufocar a competição nas eleições de 2021 e só cederia se houvesse pressão suficiente do novo governo Joe Biden nos Estados Unidos.
Ortega é pressionado por Estados Unidos, pela União Europeia e pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para tornar o sistema eleitoral mais aberto e transparente até maio de 2021, a fim de responder às críticas de que as autoridades eleitorais estão sob seu controle.
Ainda na segunda-feira, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou sanções contra o vice-presidente da Corte Suprema da Nicarágua, Marvin Ramiro Aguilar, o deputado Wálmaro Antonio Gutiérrez e o comandante da polícia de Leon, Fidel De Jesús Domínguez.
As medidas bloqueiam o acesso a qualquer ativo que os três possuam no sistema financeiro dos EUA. Segundo Washington, eles são responsáveis por "apoiar a sistemática identificação, intimidação e castigo de opositores realizados pelo regime de Ortega".