Começou, nesta segunda-feira (14), a 245ª Feira do Peixe de Porto Alegre, no Largo Jornalista Glênio Peres, no Centro Histórico. Apesar do evento ser figurinha carimbada na programação do município neste período que antecede a Páscoa, desta vez, há uma simbologia especial: é o primeiro após a enchente que atingiu o Estado. Além da retomada, a feira traz um reajuste alguns preços de peixe em comparação com ano anterior.
Para Fábio de Souza, que comercializa pescados na feira há 30 anos, existem alguns peixes que mantiveram os valores de 2024. "Por exemplo, o filé de tainha está o mesmo preço e o filé de tilápia também. Em outros casos, podemos ver um aumento de até 10%, mas acredito que a concorrência entre as bancas fará com que os valores baixem até o fim da feira", afirma o morador da Ilha da Pintada.
Dentre os peixes que estão expostos, destacam-se o filé de tilápia, por R$ 39,90 o pacote com 800 gramas, assim como o filé de anjo. Já o pacote com filé de tainha sai por R$ 29,90.

Souza está na banca de número 20 da feira
TÂNIA MEINERZ/JC
Assim como Souza, boa parte dos comerciantes ali presentes são moradores da Ilha da Pintada, local que foi fortemente atingido pelas enchentes. Para muitos, a feira significa um recomeço, uma nova chance. Para a balconista Janaína do Prado, o incentivo da prefeitura foi fundamental. "Nossa expectativa é alta. Não é uma edição qualquer, por trás dessas toneladas de peixes, existiu uma luta muito grande. Estamos muito felizes com o apoio prestado pela administração pública, está sendo um acompanhamento brilhante", elucida Janaína.
Funcionária da banca 4, ela aponta que vão tentar segurar os preços ao máximo, mas que o aumento acaba sendo inevitável. "Não conseguimos precificar esse aumento, porque ainda estamos com as redes na água e dependemos da quantidade de peixes que serão pescados. Aqui nosso carro-chefe é a tainha e acreditamos ser o melhor custo benefício para os clientes. O pacote está saindo entre R$ 22,00 e R$ 28,00, a depender do tamanho."
A situação do Banca do Gambá, que é administrada por Juliana Falcão e que está na feira há 30 anos, é um pouco mais complicada por conta dos prejuízos gerados pela enchente. "Ainda estamos abalados. Este é, de fato, nosso recomeço. Perdemos tudo que tínhamos, balcão, balança, freezer, foi tudo embora. Tivemos que recorrer ao crédito, viemos aqui na feira para conseguir pagar as contas", avalia a comerciante que reside na Ilha da Pintada.
Juliana aponta que em sua banca os valores subiram na casa dos 5% em comparação com o ano passado. "Entre as opções disponíveis, destaco a merluza que está com o preço bem acessível (R$ 45,00 o quilo) e a violinha, que é uma grande opção de petisco para aqueles que querem investir um pouco mais, e está R$ 60,00 o quilo. Estamos projetando vender cerca de duas toneladas durante a feira inteira", destaca.
O secretário de Governança Cidadã e Desenvolvimento Rural, Cassio Trogildo, destaca o momento de reconstrução e a união de esforços entre poder público e a comunidade para a realização do evento. "Investimos quase R$ 600 mil nestes eventos que significam uma retomada para toda a comunidade e para os pescadores da região das ilhas. É bonito ver como todos estão mobilizados para que tenhamos mais uma grande feira do peixe", afirma.
Serviço
O evento ocorrerá até o dia 18, nos seguintes dias e horários: de segunda a quarta, das 8h às 22h; na quinta, das 8h a 0h; e na sexta, das 8h às 13h. Serão 47 bancas distribuídas entre 100 famílias de pescadores que vão comercializar peixes frescos, resfriados e congelados, além da oferta de peixes, iscas e bolinhos fritos prontos para o consumo e da tradicional tainha assada na taquara.

Janaína do Prado mostra um dos peixes vendidos no local
TÂNIA MEINERZ/JC