Com retorno das aulas presenciais em muitas cidades gaúchas, inclusive Porto Alegre, é preciso aproveitar tudo o que ocorreu desde março de 2020 para contornar o fechamento das redes escolares públicas e particulares pelo perigo de contágio da pandemia do coronavírus. Um problema foi a ruptura ocorrida entre alunos e professores, no ambiente colegial com servidores e colegas também participando de vida do alunato. O ambiente escolar ajuda na socialização das crianças e dos adolescentes, conforme a prática prova.
Foram pelo menos sete meses da ausência de alunos, aí incluindo-se também cursos superiores, com problemas financeiros em algumas universidades privadas decorrentes do afastamento de milhares de universitários. Por tudo isso, com o ensino a distância e o uso da internet mostram novas possibilidades de aprendizado.
Paralelamente às dificuldades ocasionadas pela pandemia na educação curricular, a Covid-19 possibilitou reconhecer globalmente que o que pode estar em crise é o modo de entender a realidade e de nos relacionar. Com a pandemia, vimos que as fórmulas simplistas ou os otimismos vãos não são suficientes para a melhoria da vida em sociedade.
A educação tem um poder transformador que pode mudar toda uma nação, e aí vem a sua mais importante missão. O Estado e o País que temos, hoje, é formatado por pessoas que, há 20, 30 ou mais anos, estavam em sala de aula aprendendo em livros e nas mensagens de mestres como deveriam ser uma cidade, o Estado e um Brasil bem melhores socialmente e com mais inclusão social, do que são hoje.
O poder transformador da educação serve igualmente para uma nova cultura, que venha a gerar uma mudança no modelo de desenvolvimento que almejamos para um progresso coletivo superior ao atual que encontramos em nossa sociedade.
Com a pandemia, a evasão escolar, que é alta no Brasil, aumentou de maneira terrível. Ainda que se considere que a saída dos colégios seja consequência e que muitos alunos voltarão, a evasão é uma das lacunas que impedem um melhor desenvolvimento social no País.
Sabe-se que educar é apostar e dar ao presente a esperança que rompe os determinismos e fatalismos através dos quais o egoísmo dos fortes, o conformismo dos fracos e a ideologia dos utópicos tentam se impor tantas vezes como o único caminho possível, segundo os mais brilhantes professores e líderes religiosos.
A educação se propõe como o antídoto natural da cultura individualista, que muitas vezes culmina em um verdadeiro culto ao eu e na primazia da indiferença.