O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) teria buscado estratégias para impedir o avanço das investigações da Operação Lava Jato e, para tanto, tentado articulação com o presidente da República, Michel Temer, e o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que à epoca era ministro da Justiça. A constatação é do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em documento enviado ao STF.
"Mais especificamente sobre a Lava Jato, o senador teria tentado organizar uma forma de impedir que as investigações avançassem, por meio de escolhas dos delegados que conduziam os inquéritos, direcionando as distribuições, mas isso não teria sido finalizado entre ele, Michel Temer e o ex-ministro da Justiça e atual ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes", registra Janot.
A afirmação do procurador-geral da República está na decisão do ministro do STF Luiz Edson Fachin, que determinou a abertura de inquérito para investigar Temer e Aécio Neves a partir das informações dos depoimentos de delação premiada de executivos do grupo JBS. Os pedidos de abertura de inquérito formulados pela PGR e o conteúdo dos depoimentos foram divulgados hoje (19) pelo STF.
Mais à frente, Janot retoma o tema: "Além disso, verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos". Até o momento, o Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre os novos conteúdos das delações divulgados hoje pelo STF.
Em depoimento de delação premiada o empresário do grupo JBS, Joesley Batista, diz que teria pagado R$ 2 milhões em propina a Aécio Neves este ano para que ele atuasse em favor da aprovação da lei de abuso de autoridade e anistia ao caixa 2 em campanhas eleitorais.
Ontem, a defesa de Aécio confirmou que o senador afastado pediu R$ 2 milhões ao dono da JBS, Joesley Batista. Entretanto, segundo o advogado José Eduardo Alckmin, foi um pedido de empréstimo para custear a defesa de Aécio, que já era investigado pela Operação Lava Jato. De acordo com José Eduardo Alckmin, foi uma transação particular, que não teve relação com o cargo de senador.