Uma das maiores cooperativas agrícolas do Rio Grande do Sul vai entrar no mundo dos biocombustíveis. A Cotrijal, com sede em Não-Me-Toque, vai montar uma usina de etanol com processamento a partir de grãos. A previsão é que a planta comece a produzir o biocombustível em fim de 2024. O investimento previsto é de R$ 300 milhões.
O projeto é o terceiro oficializado no Estado no setor em 2022. Até agora, a BSBios anunciou a instalação de uma planta em Passo Fundo, avaliada em mais de R$ 300 milhões em primeira fase, e a CB Bioenergia, de Santiago, de R$ 500 milhões. As três plantas superam R$ 1 bilhão em aportes.
As informações foram detalhadas pelo presidente da cooperativa, Nei César Manica, em visita à Casa JC na Expointer, em Esteio. O anúncio foi feito durante assinatura de protocolo de intenções entre a Cotrijal e o governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior.
"É mais uma usina para o Rio Grande do Sul. É importante, pois somos dependentes de outros estados e significa mais investimentos, que geram desenvolvimento econômico e social e renda", destacou Ranolfo, após assinar o protocolo na sede da Secretaria de Agricultura no parque. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Joel Maraschin, também chancelou o projeto futuro.
A decisão sobre o empreendimento foi tomada pelo conselho da cooperativa há uma semana, segundo manica.
"Guardamos a sete chaves", comentou o dirigente, sobre o compromisso firmado entre os conselheiros para guardar a surpresa para a Expointer. "Queríamos prestigiar esta grande edição da feira", arrematou o dirigente.
A usina terá capacidade para beneficiar 550 toneladas de matéria-prima por dia, gerando mais de 400 litros do combustível, considerada uma planta de médio porte. O plano é montar uma estrutura modular, para facilitar a expansão no futuro, diz a cooperativa. Os grãos que deves ser priorizados na produção serão de culturas de trigo e triticale, específicos para o processamento.
O projeto vem sendo discutido e planejado há mais de dois anos pela instituição. "Vai gerar oportunidade para os agricultores aumentarem a produção de inverno. A ideia é usar trigo e triticale. Pode envolver milho no verão, mas o foco é usar as culturas de inverno", esclarece ele.
"Queremos que o agricultor faça a rotação de cultura, com uma segunda safra no ano, gerando renda para ele, para a cooperativa e para o Estado. É um projeto bastante arrojado, mas totalmente viável", disse bem animado o dirigente.
Os associados à Cotrijal somam 1,3 milhão de hectares, e a expectativa é que a produção de grãos para abastecer a usina ocupe 60 mil hectares.
O maior incentivo para o investimento é a grande dependência ao etanol que vem de outros estados. "Mais de 90% deste tipo de combustível consumido no Estado vem de fora", dimensionou Manica.
O recurso para colocar o projeto em pé deve ser buscado de instituições financeiras, adiantou Manica.
A usina deve ser erguida em área de 20 hectares, localizada no entorno do parque da Cotrijal, onde é realizada a Expodireto, uma das maiores feiras do agronegócio no Sul do Brasil e focada em máquinas agrícolas. Após a assinatura do protocolo, a cooperativa já vai se debruçar na preparação dos documentos para encaminhar os licenciamentos.
"O projeto já está pronto, vamos começar em seguida a preparar os pedidos de licenças", diz Manica, que espera dar início à montagem do empreendimento nos primeiros meses de 2023. A previsão é de abrir 90 empregos diretos na operação.