O PL recalibrou a pressão pelo projeto de lei que pede a anistia de presos nos atos golpistas de 8 de janeiro e vai realizar uma força-tarefa para recolher 69 assinaturas de deputados pela urgência da proposta nesta semana.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, conversaram com o líder da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), para que a divulgação dos nomes de deputados indecisos ocorra só amanhã pela manhã. Sóstenes havia dito, na manifestação deste domingo na avenida Paulista, em São Paulo, que a publicação do placar, com os rostos dos parlamentares, ocorreria ontem. A avaliação de Bolsonaro passa pelo fato de que isso pode acabar pressionando indevidamente quem é favorável à proposta, mas ainda não conseguiu assinar.
O líder diz que foi procurado por deputados que já se declararam publicamente favoráveis, mas que não conseguiram assinar o requerimento por um erro no sistema. "Isso pode estar acontecendo com alguns outros (deputados). Aí a gente tem que dar uma marcha atrás para não errar a dose como o STF (Supremo Tribunal Federal), que aí mata o paciente", disse, em referência à crítica pelo tamanho das penas impostas aos condenados.
A publicação dos nomes de quem ainda não assinou o requerimento de urgência da proposta é uma forma de indicar à militância para quem direcionar a cobrança. Os deputados não gostam desse tipo de pressão, que pode vir tanto nas redes sociais quanto presencialmente.
A estratégia do PL será de realizar uma força-tarefa, passando nas reuniões partidárias, que costumam ocorrer nas terças-feiras. O foco principal será sobre União Brasil, Republicanos e PSD. Os únicos líderes que assinaram a proposta até o momento foram Adriana Ventura (Novo-SP) e Luizinho (PP-RJ), além do próprio Sóstenes. No caso de Luizinho, sua assinatura é como deputado, não como líder, não valendo por toda a bancada. Apesar disso, o presidente do PP, Ciro Nogueira, anunciou compromisso público de arregimentar 100% dos deputados.
Sóstenes vai escalar pessoas com camisetas nos corredores da Câmara para coletar assinaturas que faltam para atingir as 257 necessárias. Com isso, o projeto pode ir direto para plenário, mas ainda depende do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
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Ontem, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que falou com o presidente da Câmara na sexta-feira passada para defender o projeto e que faria isso de novo. Motta foi alvo de bolsonaristas no ato de domingo. O principal escalado para fazer o ataque foi o pastor Silas Malafaia, também como uma forma de poupar os demais parlamentares presentes de desgaste com o presidente da Câmara. "Senhor presidente da Câmara, Hugo Motta, disse 'eu sou arbitro, juiz'. Só se for juiz iníquo, porque ele pediu para os líderes partidários para não assinar urgência do projeto de anistia", disse Malafaia em cima do carro de som. "Espero, Bolsonaro, se Hugo Motta estiver assistindo isso aqui, que ele mude, porque você, Hugo Motta, está envergonhando o honrado povo da Paraíba", completou.
Mesmo reconhecendo uma escalada na pressão, aliados do presidente da casa dizem que ele mantém seu posicionamento de avaliar que não há clima para pautar a proposta. Sobretudo, para não criar uma indisposição com o STF. Um aliado próximo de Motta traduz a pressão como "ossos do ofício". A avaliação é de que ele vai segurar a pauta, até que o PL consiga todas as assinaturas - o que o partido de Bolsonaro diz que ocorrerá nesta semana.
Além disso, ganha força a possibilidade da criação de uma comissão especial, cuja tramitação é mais lenta e foi anunciada por Arthur Lira (PP-AL) no ano passado, mas jamais instalada. O PL diz rechaçar essa possibilidade.
Agências