A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) coordena proposta para o primeiro estudo populacional sobre a pandemia da Covid-19 no Rio Grande do Sul, em parceria com outras universidades gaúchas e o governo do Estado. A pesquisa irá levantar a proporção de casos de infecção, incluindo pessoas sem sintomas, e a evolução da doença por meio de uma amostragem dos participantes nas oito regiões intermediárias do Rio Grande do Sul segundo critério do IBGE: Pelotas, Santa Maria, Uruguaiana, Ijuí, Passo Fundo, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul/Lajeado e Região Metropolitana de Porto Alegre.
A previsão é de que o estudo tenha início dentro das próximas duas semanas. O reitor da UFPel e coordenador geral da pesquisa, Pedro Curi Hallal, salienta que "até o momento, não há dados no mundo sobre a prevalência populacional de infecção pelo Covid-19”. “O Rio Grande do Sul poderá ser pioneiro, não apenas no Brasil, na disponibilização de dados concretos sobre o percentual de infecção e a velocidade de expansão da doença”, acrescenta.
O epidemiologista Aluisio Barros, integrante da equipe responsável pela metodologia do estudo, diz que até agora não se sabe qual o grau de circulação do vírus da Covid-19, "porque grande parte dos casos, entre 80 e 85%, tem sintomas leves ou não apresenta sintomas, embora contribuam para a transmissão da doença". O estudo deverá mostrar a real dimensão da Covid-19 no território gaúcho e avaliar a trajetória de aumento do número de casos de infecção e óbitos.
O pesquisador explica que os dados vão proporcionar uma base para responder a questões fundamentais sobre o comportamento da Covid-19. O percentual de pessoas com teste positivo para o vírus, por exemplo, permite calcular as taxas de letalidade de forma mais precisa e a proporção de casos sem sintomas ou com sintomas leves.
Também será possível fazer um monitoramento da evolução da doença na população gaúcha e fazer projeções mais apuradas sobre o cenário da pandemia. Os resultados vão ajudar a definir estratégias públicas de enfrentamento e fornecer parâmetros para decisões sobre medidas de isolamento social e estimativas de tempo para o retorno da população à sua vida normal.
A pesquisa incluirá quatro inquéritos populacionais realizados a cada duas semanas por meio de visitas domiciliares, quando os participantes serão submetidos a um teste rápido para o vírus da Covid-19. Ao todo, serão aplicados 18 mil testes – 4,5 mil por rodada de exames, com distribuição de quinhentos por cidade e um mil para a região metropolitana de Porto Alegre. Os kits de testes serão fornecidos pelo Governo do Estado. O levantamento é uma iniciativa da Secretaria de Saúde do RS, da Vigilância Epidemiológica e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em parceria com a UFPel. Outras universidades gaúchas ainda poderão fazer parte do projeto.