Para enfrentarmos o coronavírus são necessárias as medidas que estão sendo tomadas, entre elas, o isolamento social. No entanto, isso não pode se prolongar por muito tempo, sob pena de destruir a economia. Quando se fala em economia, não está se falando de aplicações em bolsas de valores, que também são necessárias, mas das empresas, que são as responsáveis pela produção e distribuição dos meios de que a população se utiliza no seu sustento. E, nesse processo, utilizam a mão de obra dos trabalhadores, pagando salários, com o que eles realizam suas compras.
Nesse mesmo processo, as empresas geram receitas que são tributadas pelo governo que aplica parte na prestação dos serviços de saúde, que não é de graça, pelo contrário, custa caro. É um sistema. Outra coisa que precisa ser desmistificada é a crença de que o governo federal pode tudo, que para lá podem ser mandadas todas as contas.
O governo federal, de fato, arrecada quase dois terços dos tributos, mas redistribui uma parte, ficando com 55% do total. No entanto, se igualarmos a 100% sua receita líquida, em torno de 80% é utilizado na Seguridade Social, incluindo os aposentados da União. O que lhe resta para atender mais de 30 ministérios, os demais poderes e órgãos especiais e fazer superávit primário é apenas 20%. Por isso ocorrem os enormes déficits primários, que geram altos juros, formando um enorme déficit nominal, que foi de R$ 390 bilhões em 2019 (5,3% PIB), depois de ter sido R$ 516 bilhões em 2015 (8,6% PIB).
No enfrentamento da crise o governo agiu como deveria, praticando muitas das políticas necessárias para amenizar as agruras do desemprego, ajudar os desamparados, proteger as empresas, especialmente as menores, esquecendo o déficit decorrente que se somará ao existente. Mas tudo tem um limite. Muita gente está nos comparando com os Estados Unidos, que têm um PIB seis vezes maior que o nosso, quando medido pela paridade do poder de compra, e uma moeda forte que é aceita por todos. Seguidamente, lemos na imprensa proposta mirabolantes. Como existe um alto déficit, as medidas tomadas serão financiadas por novas dívidas que um dia terão quer ser pagas, mediante aumento de impostos.
Os entes subnacionais também precisam aprofundar seus ajustes, cortando na carne, não esquecendo que precisam cuidar da saúde e também da economia.
Economista