Nem mesmo as enchentes mais devastadoras da história do Rio Grande do Sul e as sucessivas estiagens foram capazes de frear o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, maior até que o do Brasil. E o grande impulsionador dos números foi, mais uma vez, o pujante setor do agronegócio, imperativo tanto para o crescimento da economia gaúcha quanto da nacional.
Apesar dos impactos do desastre climático de maio na economia, o PIB do RS registrou um crescimento de 4,9% em 2024 na comparação com 2023 - enquanto o nacional ficou em 3,4% no mesmo período -, com o agronegócio avançando 35%. O resultado se deve principalmente à recuperação da safra agrícola.
É justamente a relevância do agronegócio gaúcho no cenário nacional que justifica mais atenção por parte do governo federal às mudanças climáticas que afetam os produtores e suas dívidas. É fato que o clima mudou e é necessário buscar alternativas para mitigar os efeitos desse novo cenário para que a produção cresça com qualidade.
Também é fato que se o produtor não tiver condições de investimentos para irrigação e outras medidas, será muito difícil sustentar a produção. O cenário atual é de produtores agrícolas exauridos financeiramente, em face de sucessivas perdas nas lavouras.
Uma das soluções em discussão é a securitização. O mecanismo é uma forma de transformar dívidas em títulos negociáveis, permitindo aos produtores acessar recursos. Outra solução aventada, ainda de forma incipiente, seria a utilização dos recursos do Fundo Social, formado com os royalties das vendas de petróleo na camada do pré-sal, cuja legislação prevê, entre outros, o uso para mitigação de eventos climáticos.
Em um momento em que o RS já conta com 278 municípios com decreto de situação de emergência pela estiagem, depois de ter passado por uma enchente que fragilizou o solo em muitas propriedades, é mais do que válida a demanda de agricultores gaúchos para a liberação de recursos de Brasília.
Não se pode esquecer que o Estado é um dos três maiores produtores de grãos do País e sua economia é vital para o crescimento do PIB nacional. Essa participação tão significativa mostra, de uma lado, que o setor é essencial para o desenvolvimento do RS e do Brasil, e, de outro, que os problemas financeiros que os agricultores vêm enfrentando precisam de uma solução, sob pena de influenciarem o crescimento econômico do Estado e da nação.