Os 12 meninos e seu treinador de futebol resgatados da caverna Tham Luang, no Norte da Tailândia, deixaram o hospital onde estavam internados e concederam uma entrevista coletiva ontem, na qual deram detalhes sobre o período de 18 dias em que ficaram presos. Para sair, cada um deles fez o trajeto usando tanques de oxigênio e foi acompanhado por dois mergulhadores durante o percurso, que incluiu passagens escuras e apertadas, cheias de água barrenta.
Sorrindo e vestindo a camiseta do seu time de futebol, o Javalis Selvagens, os garotos agradeceram a equipe de resgate e os médicos. O técnico, Ekapol Chanthawong, de 25 anos, respondeu a maioria das perguntas, que foram enviadas com antecedência para que os médicos pudessem vetar questões.
Os garotos, com idades entre 11 e 16 anos, falaram sobre suas experiências. "Me sinto mais forte, tenho mais paciência, resistência, tolerância", afirmou Mongkol Boonpiam, de 13 anos. Adul Samon, de 14 anos, disse que aprendeu a não viver de maneira descuidada. Vários deles pretendem se tornar jogadores de futebol profissionais, mas quatro querem imitar os heróis que os salvaram. "Quero ser um Seal da Marinha, porque quero ajudar os outros", falou um dos meninos.
Conforme o treinador, o grupo tentou achar um modo de deixar o local. "Escavávamos buracos para tentar escapar e parávamos quando ficávamos cansados. Bebíamos água para encher a barriga", disse. O buraco, segundo um dos meninos, chegou a quatro metros.
Ekapol afirmou ainda que o grupo jogava damas para passar o tempo. Segundo ele, o clima na caverna ficou animado e tranquilo após a chegada do resgate, mas antes eles estavam muito tensos.
De acordo com o técnico, o grupo nunca tinha visitado a caverna e a ideia de entrar no local foi tomada coletivamente. O plano era passar cerca de uma hora no passeio e depois voltar para casa. Por isso, não levaram comida ou mantimentos, e muitos nem mesmo avisaram os familiares do passeio. Todos os garotos pediram desculpas aos pais durante a entrevista.
Dentro da caverna, o grupo andou em fila, com todos segurando uma corda. Em determinado momento, o menino que ia à frente puxou a corda duas vezes para avisar que o caminho estava interrompido. Quando eles tentaram retornar, porém, perceberam que o caminho por onde tinham entrado estava alagado.
O médico que ficou com o grupo na caverna contou que todos estavam em um estado físico semelhante no momento do resgate e que, por isso, a decisão de quem sairia primeiro foi tomada pelos garotos, que se voluntariaram levantando as mãos. Três crianças e o treinador tiveram infecção nos pulmões.