O Jornal do Comércio realizou em sua sede, no dia 7 de fevereiro, a segunda edição do evento Conexões de Negócios - Cenário Digital. O tema central da discussão foi sobre o Pacto Alegre, projeto que pretende colocar a Capital como referência internacional em inovação, empreendedorismo de alto impacto e qualidade de vida.
Os debatedores convidados foram Marciano Testa, CEO do Agibank e um dos idealizadores do Instituto Caldeira; Susana Kakuta, CEO do Tecnosinos e ex-secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia; César Paz, um dos fundadores do coletivo Porto Alegre Inquieta; Alexandre Horn, diretor técnico da Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa) e Luis Humberto Villwock, coordenador técnico do Pacto Alegre e Agente de Prospecção e Negociação do Tecnopuc. A mediação foi de Patrícia Knebel, jornalista da coluna Mercado Digital do Jornal do Comércio.
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Além dos debatedores, diversos convidados da cena empreendedora e inovadora da cidade estiveram presentes para conhecer um pouco mais da iniciativa desenvolvida entre as universidades, poder público, empresários e sociedade civil, assinada em novembro e que terá seu início formalizado em 26 de março, com a constituição da mesa diretora do Pacto Alegre e assinatura dos termos de compromisso com as 75 empresas já confirmadas.
Dois dos articuladores do Pacto, Jorge Audy, representando a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), e Luís Lamb, pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e agora também secretário estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, abriram o evento ressaltando a importância da união de todos em prol do desenvolvimento e, principalmente, o ineditismo dessa ação, pelo fato de verem pela primeira vez verem uma união de esforços de vários setores da sociedade preocupado com os temas de progresso tecnológico.
Durante o debate, também foi levantada um tópico sobre inserção das pessoas nesse novo ecossistema e como elas podem se sentir representadas por essas iniciativas. Villwock comentou que os jovens precisam ter referenciais positivos para se inspirarem e, a partir deles, desenvolver ideias e arriscar em projetos. Para tanto, é necessário que quem já está inserido nesses movimentos gere conhecimento e se aproxime daqueles ainda alheios à questão empreendedora para incentivá-lo a sair do lugar comum e buscar não apenas algo diferenciado para si, mas com resultado amplo para onde estão.
Já Susana relembrou de projetos que tocou enquanto esteve à frente da pasta de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia durante o governo de José Ivo Sartori, como ações junto aos parques tecnológicos do interior do Estado e ressaltou a importância de criar, valorizar e manter os jovens talentos no Rio Grande do Sul, sobretudo por dois aspectos: ajudar na reestruturação do Rio Grande do Sul e de suas finanças, combalidas por seguidos déficits, a partir dos projetos e também evitar o envelhecimento ainda mais acelerado da população, que diminui a força de trabalho. Ela ainda frisou a importância de uma reforma profunda na educação, para acompanhar o nível de exigência das vagas relacionadas à tecnologia.
Mercado tecnológico e iniciativas coletivas foram debatidos
Ainda foi discutida entre os participantes a queda de braço tecnológica protagonizada por Estados Unidos e China em todo o mundo. Marciano Testa comparou o governo chinês a um CEO de uma empresa, pois ele é quem orienta o desenvolvimento em todo o país por conta de seu regime governamental.
O líder do Agibank contou sobre a invasão dos métodos de pagamento eletrônicos desenvolvidos pelos chineses na Europa, e como os estadunidenses tentam frear a disseminação da tecnologia para países cuja presença dos EUA é maior. Ele também comentou sobre a iniciativa no Instituto Caldeira, primeiro desdobramento do Pacto Alegre, que deve reunir 30 empresas para abertura de um espaço voltado às startups e coworking, no bairro Navegantes, zona norte de Porto Alegre. A previsão de inauguração é para o segundo semestre de 2019.
O evento também teve abertura para perguntas da plateia sobre como os debatedores enxergavam a inovação e como seria o futuro de Porto Alegre a partir das iniciativas de coletivos, como o Porto Alegre Inquieta. César Paz conta que as discussões sobre os rumos do empreendedorismo são feitas em grupos de conversa em aplicativos, com um "crescimento exponencial" de participantes desde o início do coletivo, há cerca de um ano.
Para ele, a inserção de várias vertentes criativas e um maior senso crítico das pessoas para com elas ajudaram a fomentar o pensamento inovador, projetado pelo movimento. César avalia que a cidade estava em um momento "semidepressivo" por conta da falta de novas ideias e da ausência de um espírito transformador e, por isso, espera mudanças a partir do Pacto Alegre.
Sobre o tema de processamento de dados, Alexandre Horn salientou a importância da Tecnologia da Informação para o poder público, com maior rapidez na fluidez das informações, mas também contextualizou o tema em relação aos negócios. Para ele, o tema é imprescindível para quem deseja obter alta eficiência no controle e na obtenção de resultados. O diretor técnico entende que a tecnologia está presente na grande maioria dos processos, e torná-la mais acessível e dinâmica é um dos desafios tanto dos entes público quanto dos privados.