A imagem do primeiro lote de pás, cada uma com quase 80 metros de comprimento, chegando ao Porto de Rio Grande com destino a Santana do Livramento para a montagem dos equipamentos que formarão um dos novos parques eólicos projetados para o Rio Grande do Sul, representa bem o que foi o ano de 2023 para a economia gaúcha. Um ano de espera.
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A cautela foi ampliada pelos prejuízos ao agro, primeiro, com a estiagem, depois, com as chuvas e episódios extremos no clima.
Em um universo de 341 empreendimentos mapeados pelo Anuário de Investimentos do RS 2023, do Jornal do Comércio, foram investidos ou anunciados R$ 62,6 bilhões - mesma cifra registrada em 2022. Essa estabilidade mostra uma desaceleração no que foi verificado nos últimos anos, reflexo de uma maior cautela dos investidores no desembolso de recursos.
Parte relevante da cifra aportada em 2023 tem origem nos municípios, que mostraram mais fôlego do que o caixa estadual para mover o capital para incrementar a economia.
"O investimento em infraestrutura é um exemplo do que temos observado este ano. Este é o motor do crescimento, mas em todo o Brasil há uma retração. No Rio Grande do Sul, o que vemos são projetos anunciados desde o ano passado avançarem em um ritmo mais lento do que o esperado", aponta o economista Martinho Lazzari, do Departamento de Economia e Estatística (DEE).
Para que se tenha uma ideia, a chegada das pás a Santana do Livramento, e o início da montagem do Parque Eólico Coxilha Negra, com aportes de R$ 465 milhões este ano pela CGT Eletrosul - de um total de R$ 2,1 bilhões - representa o único parque eólico em obras atualmente no Estado.
Em Pinheiro Machado, a ECB Pedras Altas já tem licença de instalação para iniciar suas obras, com investimentos de R$ 700 milhões.
A área da infraestrutura mantém-se como a de maior destaque entre os valores desembolsados em 2023, no entanto, é nesta área que se vê a marcha da economia reduzir. Foram R$ 25,1 bilhões desembolsados ou anunciados, enquanto em 2022, este valor ultrapassou os R$ 27 bilhões.
Somente em geração de energia eólica, há ainda 63 projetos onshore e 22 offshore em fase de licenciamentos no Rio Grande do Sul, com previsão de investimentos bilionários futuros no Estado, mas em espera. E há ainda o esforço do governo estadual para a atração de projetos de produção de hidrogênio verde, por enquanto sem grandes investimentos concretos.
Ainda assim, a área energética destaca-se entre os aportes concretos neste ano. Ao todo, são R$ 11 bilhões entre geração e transmissão de energia. Houve ainda o retorno forte de investimentos federais em infraestrutura por meio do Dnit, com R$ 2,8 bilhões em projetos já em execução.
Por outro lado, o primeiro ano do segundo governo de Eduardo Leite no Rio Grande do Sul aponta uma redução de 72% dos aportes públicos estaduais em relação a 2022. Foram empenhados R$ 1,3 bilhão em investimentos do Estado - no ano passado, a cifra chegou a R$ 4,7 bilhões.