Antônio Queiroz
Fundador e CEO da Queiroz & Venâncio Consultoria Contábil
A estruturação de uma holding familiar tem se mostrado uma alternativa vantajosa para empresários que desejam otimizar a gestão patrimonial, reduzir a carga tributária e facilitar a sucessão de bens. Com as mudanças trazidas pela Reforma Tributária, é essencial entender como essa ferramenta pode ser utilizada de forma estratégica para minimizar impactos fiscais e garantir maior segurança financeira.
Uma holding familiar é uma empresa criada para administrar o patrimônio de uma família, podendo englobar bens imóveis, participações em outras empresas e outros ativos. Esse modelo permite uma melhor organização dos bens, além de proporcionar segurança jurídica e redução da carga tributária sobre rendimentos e sucessão.
A holding é uma forma inteligente de planejamento tributário e sucessório, permitindo que as famílias protejam seus ativos e reduzam custos com impostos, desde que haja um planejamento bem estruturado.
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Um dos grandes atrativos da holding familiar é a possibilidade de tributação mais vantajosa em relação à pessoa física. Até então, as holdings patrimoniais que atuam com locação e arrendamento de imóveis são tributadas pelo regime do lucro presumido, com alíquotas reduzidas de PIS e Cofins. Entretanto, com a nova legislação, a tributação pode aumentar significativamente.
A reforma traz uma mudança drástica na tributação das holdings. O novo sistema prevê alíquotas que podem chegar a 15%, tornando essencial um planejamento tributário ainda mais criterioso.
Durante o período de transição, as holdings que registrarem seus contratos imobiliários até 31 de dezembro de 2025 (para imóveis comerciais) e 31 de dezembro de 2028 (para imóveis residenciais) poderão usufruir de alíquotas reduzidas. Esse fator torna a antecipação do planejamento ainda mais crucial.
Além dos benefícios fiscais, a holding familiar desempenha um papel fundamental na sucessão patrimonial. Por meio dela, é possível distribuir cotas aos herdeiros de maneira planejada, evitando disputas familiares e reduzindo custos com impostos sobre herança.
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A sucessão patrimonial por meio de uma holding evita conflitos e custos elevados com inventários, garantindo que a família mantenha a gestão dos bens de forma estruturada.
Apesar das vantagens, a criação de uma holding exige planejamento criterioso para evitar problemas fiscais. A distribuição desproporcional de lucros, por exemplo, pode ser interpretada pelo fisco como uma tentativa de evasão fiscal, gerando penalidades severas.
Em um caso recente, o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve uma multa aplicada a uma holding que distribuiu lucros de forma desproporcional sem justificativa negocial clara, caracterizando a operação como uma doação disfarçada.
As holdings precisam estar atentas ao conceito de propósito negocial. Qualquer operação sem uma justificativa empresarial sólida pode ser questionada pela Receita Federal, gerando sanções financeiras e legais.
A constituição de uma holding familiar continua sendo uma ferramenta poderosa para otimização tributária e proteção patrimonial, mas a nova configuração tributária exige um planejamento ainda mais detalhado. Para garantir segurança e maximização de benefícios, contar com assessoria especializada é essencial.
A recomendação principal é buscar consultoria jurídica e contábil qualificada. O planejamento bem executado é o diferencial entre um modelo vantajoso e um passivo financeiro desnecessário.
Com a implementação da Reforma Tributária, o futuro das holdings familiares dependerá da capacidade dos empresários de se adaptarem às novas regras e implementarem estratégias fiscais eficazes para garantir a sustentabilidade de seus patrimônios.