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CONJUNTURA

- Publicada em 22 de Junho de 2023 às 17:38

PIB gaúcho recua 0,7% no primeiro trimestre de 2023

Mesmo com estiagem menos severa em 2023 em relação a 2022, agro registrou queda de 21% no 1° trimestre

Mesmo com estiagem menos severa em 2023 em relação a 2022, agro registrou queda de 21% no 1° trimestre


CNA Agro/Divulgação JC
Puxado pelo desempenho negativo da agropecuária (-21,3%) e da indústria (-4,4%), o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul registrou uma queda de 0,7% no primeiro trimestre de 2023. O setor de serviços ficou praticamente estável no período, com leve crescimento de 0,3%. O resultado vai na contramão do País, que nos primeiros três meses do ano apresentou uma alta de 1,9% no PIB, tendo como principal motor o Agro, com avanço de 21,6%. Na indústria, a queda no setor industrial é traduzida, principalmente, pela baixa nas atividades da indústria de transformação (-5,6%) - que possui maior participação no segmento - seguido pelos recuos na eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-1,9%) e construção (-1,7%).Quando os números da economia gaúcha são comparados com o primeiro trimestre do ano passado, por sua vez, o sinal de negativo passa a positivo, com pequeno salto de 1,7%, enquanto o Brasil obteve alta de 4% na mesma base de comparação.
Puxado pelo desempenho negativo da agropecuária (-21,3%) e da indústria (-4,4%), o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul registrou uma queda de 0,7% no primeiro trimestre de 2023. O setor de serviços ficou praticamente estável no período, com leve crescimento de 0,3%. O resultado vai na contramão do País, que nos primeiros três meses do ano apresentou uma alta de 1,9% no PIB, tendo como principal motor o Agro, com avanço de 21,6%.

Na indústria, a queda no setor industrial é traduzida, principalmente, pela baixa nas atividades da indústria de transformação (-5,6%) - que possui maior participação no segmento - seguido pelos recuos na eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-1,9%) e construção (-1,7%).

Quando os números da economia gaúcha são comparados com o primeiro trimestre do ano passado, por sua vez, o sinal de negativo passa a positivo, com pequeno salto de 1,7%, enquanto o Brasil obteve alta de 4% na mesma base de comparação.

• LEIA MAIS: PIB gaúcho em 2022 tem queda de 5,1% com impacto da estiagem

Os efeitos negativos sobre a produção de produtos agrícolas no primeiro trimestre foram menos intensos que os registrados em igual período de 2022. Com isso, a taxa de crescimento foi de 13,6% em relação ao ano passado. Neste contexto, destacam-se a soja (+57,7%), o milho (+37,8%) e a uva (+19,8%). Do lado negativo, estão o arroz, com queda de 11,1%, e o fumo (-1,1%).

Na indústria, a queda no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2022 é ainda mais acentuada, de 7,2,%, puxada, da mesma forma, pela indústria de transformação (-10,4%). Já os serviços cresceram 3,3% sobre os primeiros três meses do ano passado. No Brasil, levando em conta essa base de comparação, a agropecuária cresceu 18,8%; a indústria, 1,9% e os serviços, 2,9%.

Na coletiva de imprensa, o chefe da Divisão de Análise Econômica do DEE, Martinho Lazzari - responsável pelo cálculo do PIB - afirmou que uma das explicações para a baixa significativa na indústria do Estado está na paralisação temporária para manutenção da Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas. Dentro da indústria da transformação, os produtos derivados do petróleo e biocombustíveis foram os que mais recuaram em relação a 2022, com queda de 34,4%.

O pesquisador citou ainda uma parada na fábrica da General Motors, em Gravataí, no início deste ano, como outro elemento de impacto negativo para o PIB industrial gaúcho. Veículos automotores, reboques e carrocerias caíram 6,3% ante o primeiro trimestre de 2022.

Os dados foram divulgados à imprensa nesta quinta-feira (22) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).

Entidades repercutem resultado negativo

Ano após ano, a estiagem vem castigando a economia gaúcha e os profissionais do Estado que atuam na agropecuária. Em 2023, não foi diferente, conforme explica o economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz.

“No 4° trimestre de 2022, tivemos um resultado muito bom puxado pelo trigo. Mas aí veio uma nova estiagem na safra de verão, o que explica os números negativos não só do Agro como de outros setores”, disse, contextualizando o efeito em cascata que acaba ocorrendo na economia do Estado quando o agronegócio vai mal.

Ao comentar a alta de 13,6% registrada em relação ao mesmo período do ano passado, o tom do economista segue sendo de pessimismo. “Imagina que estávamos no fundo do poço e agora estamos na metade dele. A estiagem deste ano teve menos perdas do que a do ano passado, mas isso não quer dizer que tivemos um bom resultado”, compara.

Já o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Giovani Baggio, contextualiza que o segmento gaúcho vem apresentando dificuldades desde meados do ano passado. Ele cita como fatores para isso a elevação da taxa de juros pelo Banco Central para combater a inflação, que acaba impactando o acesso ao crédito das empresas; a desaceleração da economia internacional, o que repercute na exportação da indústria gaúcha e a baixa confiança dos empresários sobre os rumos da política econômica do País, o que faz com que eles segurem os investimentos.

Para os próximos meses, o economista aponta que o setor pode se recuperar, dependendo do avanço de pontos cruciais para a economia do País. “A questão dos juros elevados está se desenhando para ter uma queda em breve, o que deve ajudar. O possível avanço da reforma tributária no Congresso também ajudaria a melhorar a confiança dos empresários. Por fim, a aprovação do arcabouço fiscal que, após passar no Senado com algumas flexibilizações ao meu ver negativas, voltará à Câmara, onde espero que possam reverter tais mudanças”, enumera Baggio.