Lançado no Japão em 2016, o tabaco aquecido ainda não foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil. O vice-presidente sênior da Philip Morris Internacional (PMI), Gregoire Verdeaux, da França, está no País para tentar avançar a pauta, e lamenta a resistência nacional por considerar um “paradoxo”. Na terça-feira, o executivo reuniu-se com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e, nesta quarta, embarcou para Brasília para desmistificar o produto.
"O Rio Grande do Sul é um lugar muito importante para nossa companhia. Estamos aqui há muitas décadas. A razão de eu vir aqui neste momento é porque estamos liderando uma transformação na indústria do tabaco", explica.
A Philip Morris, cujo portfólio inclui as marcas Marlboro, L&M e Chesterfield, tem fábrica em Santa Cruz do Sul, de onde exporta para diversos países, como Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia. São mais de 800 funcionários e cerca de 40 mil famílias da região Sul inseridas em um modelo de geração de renda e agricultura familiar. O paradoxo que Verdeaux menciona é pelo fato de o tabaco brasileiro ser usado no mundo todo, mas ainda não ter a aprovação para o novo produto internamente.
Tabaco aquecido não é a mesma coisa que cigarro eletrônico, ressalta ele. Esse último, conforme Verdeaux, incentiva jovens a começarem a fumar cedo, enquanto o produto criado pela Philip Morris é voltado para pessoas adultas que não conseguem parar. É como um cigarro normal, feito de tabaco, com itens viciantes também, mas adaptado a um aquecedor eletrônico e sem combustão, o que o torna menos prejudicial.
O tabaco aquecido é constituído de um bastão adaptado a um aquecedor eletrônico. Foto Luiza Prado/JC
Em 2016, apenas 0,2% da receita da Philip Morris vinha do tabaco aquecido, que recebeu investimentos na ordem de US$ 9 bilhões para o seu desenvolvimento. Hoje, representa 30%. “A expectativa é que em 2024 esse número alcance 50%”, afirma Verdeaux. O Brasil, onde 12% da população fuma, portanto, tem papel importante nesta expansão na América Latina. "No Japão, o consumo de cigarro tradicional caiu 44% nos últimos cinco anos. Na Europa, tem forte penetração dessas alternativas também", mensura.
O vice-presidente acredita que o País ainda não tenha aprovado o produto por falta de informação. Uma médica parceira, inclusive, trabalha com a empresa para explicar a tecnologia. A novidade foi liberada pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, em 2020. Na Europa, está disponível desde 2014. "Encorajamos as autoridades a olharem as informações dos reguladores dos outros países", sugere.
Verdeaux considera cedo prever mudanças na planta e nos processos de produção em Santa Cruz caso a comercialização do tabaco aquecido receba sinal verde. Segundo ele, as conversas com a Anvisa se arrastam há dois anos.
“Temos esperança de que isso seja apenas uma confusão”, expõe, lembrando que na Colômbia o item é encontrado nas prateleiras, enquanto no mundo cerca de 70 mercados já contam com a alternativa.
Para a Philip Morris, esse é o futuro da indústria tabagista. “É inovação”, defende Verdeaux, lembrando que o debate sobre as tendências sustentáveis de substituição ao cigarro tradicional começou na empresa há, pelo menos, 15 anos. “Os jovens não devem acessar cigarro”, sustenta.
Diferenças entre cigarro convencional, eletrônico e tabaco aquecido
Cigarro convencional: Ao acender um cigarro, inicia-se a combustão que atinge temperatura acima de 600°C. A queima de tabaco resulta na formação da fumaça, que contém mais de 6 mil substâncias tóxicas.
Tabaco aquecido: Um bastão de tabaco é aquecido a uma temperatura máxima de 350°C. Portanto, não gera fumaça e sim vapor. Há redução de 90% a 95% de substâncias nocivas.
Cigarro eletrônico: Vaporiza um líquido que pode conter nicotina e sabores. Não utiliza tabaco, por isso os componentes do dispositivo podem ser manipuláveis.
Fonte – Philip Morris