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Publicada em 10 de Abril de 2025 às 10:02

Guerra comercial entre EUA e China pode favorecer exportação brasileira de soja

Os impactos sobre os preços internacionais das principais commodities já começam a ser sentidos no mercado mundial

Os impactos sobre os preços internacionais das principais commodities já começam a ser sentidos no mercado mundial

TÂNIA MEINERZ/JC
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Agências
As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos de diversos países devem redesenhar o cenário global do comércio agrícola, com potenciais benefícios para as exportações brasileiras de soja, conforme avaliação da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) em seu informativo mensal.
As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos de diversos países devem redesenhar o cenário global do comércio agrícola, com potenciais benefícios para as exportações brasileiras de soja, conforme avaliação da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) em seu informativo mensal.
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Segundo a entidade, embora ainda seja prematuro concluir com precisão os desdobramentos dessas medidas protecionistas e como outros países responderão, os impactos sobre os preços internacionais das principais commodities já começam a ser sentidos no mercado mundial.

A pressão sobre as margens de esmagamento de soja das indústrias chinesas tende a alterar a dinâmica de importação do país asiático. "À medida que essas margens são pressionadas negativamente, a China tende a desacelerar o ritmo das importações e a recorrer aos estoques internos, comportamento observado em períodos de guerra comercial anteriores", destaca o relatório da Anec.

Apesar desse cenário, a demanda chinesa por soja permanece sólida, e a avaliação da entidade é que deverá haver preferência pelo produto brasileiro, que poderá se tornar mais competitivo e impulsionar as exportações nacionais. Atualmente, a China responde por 77% das exportações brasileiras de soja, que totalizaram 15,7 milhões de toneladas apenas em março.

O informativo ressalta que as projeções para 2025 indicam um potencial de exportação de até 110 milhões de toneladas de soja, o que representaria um recorde histórico para o País. No acumulado do primeiro trimestre de 2025, o Brasil já registrou embarques de 26,575 milhões de toneladas, aumento de 4% sobre o mesmo período do ano anterior.

A Anec alerta, entretanto, que o setor agrícola brasileiro continua altamente dependente da importação de insumos, como fertilizantes, defensivos agrícolas e maquinário. "Caso as tensões comerciais afetem as cadeias globais de suprimento, os custos desses insumos podem aumentar substancialmente, comprometendo a competitividade", pondera a associação.

Como contraponto às possíveis dificuldades, o informativo destaca que o recente acordo entre o Mercosul e a União Europeia pode abrir novas oportunidades comerciais para o Brasil. "Nosso País tem forte potencial para ampliar sua presença em novos mercados. Nesse contexto, é fundamental explorar as oportunidades decorrentes do acordo, diversificar o portfólio de exportação e ampliar a gama de mercados de destino", conclui o documento.

O cenário de guerra comercial ocorre em um momento favorável para a produção brasileira de grãos. A safra 2024/25 de soja tem potencial para atingir 172 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), enquanto a colheita já alcançou 85,3% da área plantada até a primeira semana de abril, superando a média dos últimos cinco anos para o mesmo período.

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