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Saúde

- Publicada em 30 de Janeiro de 2020 às 21:21

Coronavírus: o que se sabe até agora no Brasil e no mundo

Com medo do vírus e para se proteger, chineses passaram a usar máscaras diariamente

Com medo do vírus e para se proteger, chineses passaram a usar máscaras diariamente


MLADEN ANTONOV/AFP/JC
O anúncio de emergência internacional declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça as medidas de proteção e cuidados que terão de ser tomados daqui para frente. Foi justamente o aumento na incidência do novo coronavírus na China, com o surgimento de casos em outros 23 países, que levou à medida.
O anúncio de emergência internacional declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça as medidas de proteção e cuidados que terão de ser tomados daqui para frente. Foi justamente o aumento na incidência do novo coronavírus na China, com o surgimento de casos em outros 23 países, que levou à medida.
O primeiro alerta de autoridades chinesas à OMS foi dado no fim de dezembro de 2019, atentando sobre uma série de casos de pneumonia, com origem até então desconhecida, na cidade de Wuhan. As primeiras análises do vírus mostraram que a incidência da doença estava ligada a uma nova variação do coronavírus, cujos primeiros registros são de 1960.
Mesmo que o Brasil ainda não tenha casos confirmados até agora, é preciso conhecer e adotar os cuidados. O Rio Grande do Sul tem duas pessoas sendo monitoradas com suspeita, que tiveram viagens para Hong Kong e China. Médicos admitem que ainda é preciso conhecer mais sobre a forma de contágio.
Jornal do Comércio montou um serviço completo com informações de tudo o que é preciso saber sobre o 2019-nCoV (nomeação definida nesta quinta-feira pela OMS), desde a origem, até as formas de contaminação conhecidas, os cuidados e a detecção. 
>> O Johns Hopkins Center criou site que monitora os registros de mortes, casos confirmados e países com registro da doença.

O que é o novo coronavírus?

Novo coronavírus, com casos em Wuhan, na China, é uma cepa não previamente identificada em humanos

Novo coronavírus, com casos em Wuhan, na China, é uma cepa não previamente identificada em humanos


GOVERNO CHINÊS/DIVULGAÇÃO/JC
  • O coronavírus (CoV) é uma grande família de vírus causadores de diversas doenças respiratórias, desde o resfriado comum a doenças severas - como a Síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV).
  • O novo coronavírus (2019-nCoV) - cujos primeiros casos surgiram em Wuhan, na China -, que está gerando preocupação mundial desde a virada do ano, é uma cepa não previamente identificada em humanos.
  • A origem do novo coronavírus ainda não foi definida, mas cientistas acreditam que está relacionada a morcegos. Ao contrário do que foi disseminado nas redes sociais, a transmissão do vírus para seres humanos não veio de uma sopa de morcego, mas pode ter surgido do contato com o animals.

Como é transmitido?


AAMIR QURESHI/AFP/JC
  • O coronavírus é zoonótico, ou seja, a transmissão pode ocorrer entre animais e pessoas. Existem diversos tipos conhecidos de coronavírus que ainda não infectaram seres humanos, mas que circulam entre animais.
  • Não se sabe a capacidade de transmissão dessa nova variante da doença. Porém, geralmente, são transmitidas por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
  • Ainda não é claro o quão contagioso é a nova cepa do coronavírus descoberto na China. Em Wuhan, um único paciente infectou 14 pessoas. Estudos podem demonstrar se o vírus é altamente transmissível ou se ocorre uma transmissibilidade inferior à do resfriado.
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Rafaela Pfeifer/Arte/JC

Quais são os sintomas?

É muito difícil diferenciar sintomas da gripe, do resfriado e do coronavírus

É muito difícil diferenciar sintomas da gripe, do resfriado e do coronavírus


NICOLAS ASFOURI/AFP/JC
  • Os sintomas são semelhantes aos do resfriado
  • Os três principais são: tosse, dificuldade para respirar e febre. Importante: do ponto de vista clínico, é muito difícil diferenciar sintomas da gripe, do resfriado e desse vírus. Somente com exames laboratoriais é possível fazer a identificação e o acompanhamento do caso.
Uma pessoa com suspeita da doença deve apresentar:
  • Situação 1: febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar) e histórico de viagem para área com transmissão local, de acordo com a OMS, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas.
  • Situação 2: febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar) e histórico de contato próximo com pessoa suspeita de estar com a doença nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas.
  • Situação 3: febre ou pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar) e contato próximo de caso confirmado de coronavírus em laboratório, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas.
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Rafaela Pfeifer/Arte/JC

Como se proteger?

Equipes de hospital fazem manejo de paciente com coronavírus na China

Equipes de hospital fazem manejo de paciente com coronavírus na China


GOVERNO CHINÊS/DIVULGAÇÃO/JC
  • Lave frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente
  • Utilize lenço descartável para higiene nasal
  • Cubra o nariz e a boca quando espirrar ou tossir
  • Higienize as mãos após tossir ou espirrar
  • Mantenha os ambientes bem ventilados
  • Cozinhe totalmente carnes e ovos
  • Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas
Evite:
  • Contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas
  • Tocar nas mucosas de olhos, nariz e boca
  • Contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença e com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações domésticas
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Rafaela Pfeifer/Arte/JC

Cronologia do Coronavírus


NOEL CELIS/AFP/JC
31 de dezembro de 2019
Autoridades chinesas emitiram o primeiro alerta à Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre uma série de casos de pneumonia de origem desconhecida na cidade de Wuhan.
1º de janeiro de 2020
A agência norte-americana para a Vigilância e Prevenção de Doenças (CDC) afirma que um grande mercado de peixes e mariscos em Wuhan, aparentemente ligado às primeiras infecções, foi fechado.
9 de janeiro de 2020
As primeiras análises sequenciais do vírus realizadas por equipes chinesas apontam que a pneumonia foi causada por um novo coronavírus.
11 de janeiro de 2020
Autoridades chinesas de saúde anunciam a primeira morte de um paciente com o vírus.
17 de janeiro de 2020
Os EUA passam a fazer exames de detecção em três aeroportos. No dia 21, confirmam o primeiro caso da doença, em Washington.
13 de janeiro de 2020
OMS notifica o primeiro caso de uma pessoa infectada fora da China, na Tailândia. Trata-se de uma mulher com pneumonia leve que voltava de uma viagem a Wuhan.
20 de janeiro de 2020
  • Cientistas confirmam transmissão do vírus entre humanos.
  • China confirma registros da doença em Pequim (Norte), Xangai (Leste) e Shenzhen (Sul).
22 de janeiro de 2020
  • Londres e Roma anunciam medidas para monitorar passageiros provenientes de Wuhan.
  • O uso de máscara passa a ser obrigatório nos espaços públicos em Wuhan.
23 de janeiro de 2020
  • Trens e aviões partindo de Wuhan foram suspensos, e as rodovias, bloqueadas. Várias outras cidades da província de Hubei são isoladas do mundo.
  • China anuncia o fechamento de pontos turísticos, como a Cidade Proibida.
  • OMS nega emergência global.
24 de janeiro de 2020
  • Wuhan é isolada.
  • Mais de 40 milhões de pessoas foram confinadas na província de Hubei, povoada por quase 60 milhões de habitantes.
  • Primeiras mortes fora de Wuhan: em Hebei e Heilongjiang, na fronteira com a Rússia.
  • Três casos são confirmados na França, os primeiros na Europa.
25 de janeiro de 2020
China ordena medidas nacionais de detecção do coronavírus em trens, ônibus e aviões.
27 de janeiro de 2020
  • A OMS corrige a avaliação de risco de "moderado" para "alto".
  • Primeira morte em Pequim.
28 de janeiro de 2020
Alemanha e Japão relatam os primeiros casos de infecção em pessoas que não viajaram para a China.
30 de janeiro de 2020
OMS declara emergência internacional em saúde devido à disseminação da doença.
31 de janeiro e 2020
1 de fevereiro de 2020
OMS atualizou dados e informou que são 11.953 casos, 11.821 na China. As mortes se mantiveram em 259.
2 de fevereiro de 2020
3 de fevereiro de 2020
China inaugura o primeiro hospital construído em 10 dias para atender casos de coronavírus em Wuhan, epicentro da doença. 
4 de fevereiro de 2020
  • Confirmada a primeira morte em Hong Kong, a primeira fora da China continental.
  • Filipinas registra primeira transmissão entre locais, a partir de doentes que vieram com a doença após viagem à China.
  • Total de mortos chega a 427, 426 foram na China, enquanto 724 pessoas conseguiram de recuperar. O total de casos confirmados é de 20.680. 
9 de fevereiro de 2020
Duas aeronaves da FAB desembarcam no Brasil com repatriados que estavam na China, em Wuhan. Começa quarentena para afastar riscos de eventual contaminação. 
12 de fevereiro de 2020
Número total de mortos na China continental sobe para 1.113
17 de fevereiro de 2020
Japão coloca passageiros de um navio de turismo em quarentena, após registro de 99 casos. Somente em 22 de fevereiro, os passageiros foram liberados. 
23 de fevereiro de 2020
Brasileiros que estavam em quarentena em Anápolis, no Brasil, embarcam em aeronaves para seus estados de origem sem nenhum caso de coronavírus.
25 de fevereiro de 2020
  • Depois disseminação de casos, Itália chega a 10 óbitos e reacende alerta de riscos de descontrole da doença na Europa  
  • Impactos são sentidos nos mercados financeiros, como na Europa, e Estados Unidos pedem ao Congresso liberação de US$ 2,5 bilhões para ações contra o vírus.
  • OMS diz que a contaminação na China (velocidade do número de novos casos) desacelerou.  
  • Mundo registra: 80.421 casos da doença (77.786 na China), 2.708 mortes e 27.969 pacientes recuperados. (fonte: site da Johns Hopkins

Coronavírus no mundo

Onde há registros: 38 países - China (territórios chineses de Macau, Hong Kong e Taiwan), Coreia do Sul, Itália, Japão, Irã, Singapura, Estados Unidos, Tailândia, Barein, Austrália, Malásia, Alemanha, Vietnã, França, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Canadá, Kuwait, Espanha, Filipinas, Índia, Rússia, Oman, Áustria, Afeganistão, Nepal, Camboja, Israel, Nigéria, Bélgica, Líbano, Finlândia, Suécia, Croácia, Suíça, Iraque, Egito e Sri Lanka.
>> O Johns Hopkins Center criou site que monitora os registros de mortes, casos confirmados e países com registro da doença.
Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência internacional de saúde por conta da disseminação do coronavírus chinês. No final de dezembro de 2019, autoridades chinesas emitiram o primeiro alerta junto a OMS, atentando sobre uma série de casos de pneumonia, com origem até então desconhecida, na cidade de Wuhan.
As primeiras análises do vírus, realizadas pelo governo chinês, mostraram que a incidência da doença estava ligada a uma nova variação do coronavírus - cujos primeiros registros foram identificados em 1960.
Em meio aos constantes casos envolvendo a transmissão do novo coronavírus, cientistas norte-americanos trabalham para desenvolver uma vacina que pode barrar a transmissão da doença. A vacina está sendo desenvolvida no laboratório da farmacêutica Inovio, na Califórnia e já tem nome: “INO-4800”.
A equipe responsável pelo desenvolvimento do produto utiliza uma tecnologia de DNA, capaz de atingir partes específicas do agente patogênico, organismo que promove doenças infecciosas. O trabalho deste e de outros laboratórios é financiado pela Coligação para Inovações de Preparação para Epidemias (CEPI), organização não governamental que apoia o desenvolvimento de vacinas que previnam surtos.

A situação da doença no Brasil

Chefe da Vigilância, Julio Croda (esquerda) e secretário executivo Joao Gabbardo Reis definem ações

Chefe da Vigilância, Julio Croda (esquerda) e secretário executivo Joao Gabbardo Reis definem ações


SERGIO LIMA/AFP/JC
O Brasil já tem dois casos com testes positivos da doenças. O primeiro foi de um empresário paulista que voltou de viagem da Itália, notificado em 25 de fevereiro. O segundo caso, notificado no sábado (29) do mesmo mês, também é de um homem paulista que esteve na Itália. Os dois casos já passaram por testes de contraprova, que também tiveram resultado positivo.
Os genomas de ambos vírus foram sequenciados em tempo recorde: em 48 horas depois das confirmações. A surpresa dos cientistas foi de que o genoma do primeiro caso não é igual ao do segundo. O primeiro vírus tem a sequência de RNA compatível com os sequenciados na Alemanha. O segundo, no entanto, se aproxima dos sequenciados na Inglaterra. Ambos são diferentes das sequências chinesas.
Apesar dos dois casos brasileiros terem sido importados da Itália, ainda não foi possível cruzar os dados com os daquele país, pois os genomas ainda não foram sequenciados.
Um grupo do Ministério da Saúde monitora a situação e define medidas. Todos os pacientes que chegaram a ter suspeita de coronavírus passaram por testes genômicos para a presença do vírus 2019-nCoV.