A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) ficou em décimo lugar no ranking de instituições de ensino superior mais prestigiadas da América Latina de acordo com a revista Times Higher Education (THE). Além da Ufrgs, mais duas universidades gaúchas aparecem entre as cem do ranking: Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (Pucrs) em 33º lugar e Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em 47º lugar.
Pelo segundo ano consecutivo, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi considerada a instituição de ensino superior mais prestigiada da América Latina no ranking de reputação acadêmica da revista, e em segundo lugar aparece a Universidade de São Paulo (USP).
A publicação da tradicional revista britânica ressalta o domínio das instituições brasileiras na região. Das 129 universidades que entraram para o ranking, 43 são do País - sendo que seis entraram para o top 10. No entanto, o relatório faz um alerta e diz que "apesar do domínio regional contínuo" a situação econômica brasileira coloca o sistema de ensino superior em 'posição precária'".
"A profunda pressão financeira sobre suas universidades está prejudicando seu desempenho e atratividade no cenário global e colocando em risco seu imenso potencial. No entanto, face a esses desafios, a resiliência e a ambição das universidades são claras, assim como a contínua busca de aumentar a qualidade e atender às necessidades de sua nação", avalia Phil Baty, diretor editorial do Global Rankings da THE.
Dentre as instituições que perderam posição neste ano estão as universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), do ABC (UFABC), de Pernambuco (UFPE), do Ceará (UFC), de Goiás (UFG) e do Rio Grande do Norte (UFRN). Em nota, o Ministério da Educação (MEC) diz que não comenta estudos que não são oficiais do governo por desconhecer a metodologia aplicada. No entanto, destaca que não houve "cortes" neste ano e que, mesmo com as limitações orçamentárias enfrentadas pelo País, não faltam recursos para as universidades.
O reitor da Ufrgs, Rui Vicente Oppermann, comemorou a posição e lembrou que a universidade gaúcha retorna este ano ao ranking. Segundo Oppermann, devido a algumas divergências sobre o sistema de avaliação, principalmente sobre os critérios para repasse de dados, a Ufrgs acabava não participando. "Afinamos os sistemas e voltamos a entrar. É uma boa posição no cenário da América Latina", conclui o reitor. A THE trabalha com pontuação de 0 a 100.
São cinco quesitos analisados. A Ufrgs teve a seguinte pontuação: ensino (82,2), pesquisa (87), citações em publicações (77,4), receita vinda da indústria (83,8) e internacionalização (33,4). Para Oppermann, o resultado mostra a evolução da Ufrgs em ações como a interface com a sociedade, por meio de intercâmbio e desenvolvimento de projetos com empresas, que foi a segunda maior pontuação. "Mostra que somos uma universidade que faz inovações e empreendedorismo. Mais que receita é oportunidade para pesquisa", conclui.
Ele avalia que a avaliação poderia ser melhor se o critério não fosse somente indústria, ampliando para outros segmentos, que é próprio da cultura de universidades latino-americanas. Na internacionalização, que teve a menor pontuação, Oppermann vê reflexos de cortes em áreas como o programa Ciências Sem Fronteiras, pelo qual alunos de Graduação e Pós-Graduação tinham bolsas para estudar no exterior. "A Ufrgs foi uma das que mais mandou alunos para fora, mas o programa acabou", lamentou o reitor. O Ciências Sem Fronteiras foi lançado no governo de Dilma Rousseff e teve último ano em 2016.
Na composição geral para ranquear as instituições, os pesos de cada área são - ensino (36%), pesquisa (34%), citações (20%), internacionalização (7,5%) e receita vinda da indústria (2,5%). O indicador geral individual não chega a ser divulgado. Ao confrontar a avaliação com o sistema nacional, no qual a Ufrgs está em primeiro lugar entre as federais e em segundo entre todas, o reitor observa que o Ministério de Educação tem um índice, que serve de indicador sobre o que está bem e o que precisa melhorar.
A análise geral dos países mostra que o Brasil é o que mais se destaca no ambiente para pesquisa. A Argentina está no topo do ambiente de ensino e o Equador tem o melhor desempenho de influência de pesquisa e perspectivas internacionais. "O Brasil definha atrás de seus vizinhos quando se trata de perspectivas internacionais e tem espaço para melhorar sua influência na pesquisa (impacto de citações)", diz o relatório. A revista usa 13 métricas de performance das atividades das instituições, divididas em quatro áreas: ensino, pesquisa, transferência de conhecimento e perspectiva internacional.
Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, destaca o bom desempenho das três universidades paulistas na avaliação - a Universidade Estadual Paulista (Unesp) aparece no 11º lugar -, mas também vê com preocupação a influência da crise econômica no desenvolvimento das instituições.
"É uma situação bastante preocupante. Houve uma redução grande no investimento em ciência e tecnologia no País e a situação financeira no Estado de São Paulo é bastante frágil. A recuperação econômica nas universidades é lenta e corremos o risco de perder os investimentos feitos nos últimos 50 anos. É um momento muito duro", diz Knobel.
TOP 10 das universidades latino-americanas:
- 1º Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – Campinas, SP
- 2º Universidade de São Paulo (Usp) – São Paulo, SP
- 3º Pontifícia Universidade Católica do Chile – Santiago, Chile
- 4º Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – São Paulo, SP
- 5º Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey – Monterrey, México
- 6º Universidade do Chile – Santiago, Chile
- 7º Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) – Rio de Janeiro, RJ
- 8º Universidade dos Andes – Bogotá, Colômbia
- 9º Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte, MG
- 10 Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, RS
TOP 10 das universidades brasileiras:
- 1º Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – Campinas, SP
- 2º Universidade de São Paulo (Usp) – São Paulo, SP
- 3º Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – São Paulo, SP
- 4º Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) – Rio de Janeiro, RJ
- 5º Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte, MG
- 6º Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre, RS
- 7º: Universidade Estadual Paulista (Unesp) – São Paulo, SP
- 8º Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Rio de Janeiro, RJ
- 9º Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Florianópolis, SC
- 10º Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – São Carlos, SP