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Clima

- Publicada em 13 de Julho de 2020 às 10:21

Lajeado e região voltam a enfrentar a alta do Rio Taquari

Hoppe, coordenador da Defesa Civil em Lajeado, mostra área onde quatro casas foram destruídas

Hoppe, coordenador da Defesa Civil em Lajeado, mostra área onde quatro casas foram destruídas


Defesa Civil de Lajeado/Divulgação/JC
Atualizada 12h05min
Atualizada 12h05min
Uma nova enxurrada, fruto da água que desceu das cabeceiras do Rio Taquari, voltou a causar medo e transtornos na cidade de Lajeado e em outros municípios da região e do Estado que ainda lutam contra a maior cheia do rio em mais de 60 anos. No balanço estadual divulgado nesta manhã pela Defesa Civil, porém, o número de desalojados ao menos teve queda significativa, passando de 5.086 pessoas, ontem, para 2.998, hoje, o que significa que muitas famílias puderam voltar para suas casas. O número de desabrigados (ou seja, que tiveram as casas mais danificadas e não podem retornar) segue estável, afetando 1.362 pessoas.
Na manhã desta segunda-feira (13), de acordo com Heitor Hoppe, coordenador da Defesa Civil na cidade, o Taquari ultrapassou os 20 metros - sete acima do nível normal, e ainda poderia avançar mais alguns centímetros. A cidade deve decretar em breve situação de emergência, antecipa Hoppe.
“Não havia uma projeção que apontasse um desastre desse nível. Cada enchente tem uma característica diferente. Neste ano, foi tudo muito rápido. Não tivemos perdas de vidas, mas muita gente perdeu a casa e tudo o que tinha dentro”, lamenta Hoppe.
O coordenador da Defesa Civil da cidade aponta que esta foi a maior cheia em 64 anos, e diz que sem ferramentas com mais tecnologia de previsão meteorológica não é possível atuar com antecipação. Hoppe assegura, porém, que a Defesa Civil tenta, dentro do possível e em momento de normalidade, programar diversas ações preventivas, mas neste caso pegou a todos de surpresa.
“Depois do ciclone e da chuvarada dos últimos dias, ninguém mais conseguiu prever ou projetar nada. O rio começou a subir muito e em pouco espaço de tempo, e foi arrasando tudo”, descreve Hoppe.
O único alento, diz, é que a cidade rapidamente se mobilizou e desde quinta-feira (9) chegam a ser formar filas para doar alimentos, roupas, produtos de higiene e colchões às famílias afetadas.
O drama das águas voltou a ameaçar a cidade no final de semana. No domingo, a prefeitura já registrava a nova enchente do Rio Taquari e mais famílias precisaram sair de suas casas. Às 21 horas, o nível do Rio Taquari já apontava 19,97 metros, o que representa 6,97 metros acima do seu nível normal, que é de 13 metros. Das 104 famílias que totalizam 320 pessoas que foram abrigadas no Parque do Imigrante em função da cheia de quarta (8) e quinta-feira, seis haviam deixado o Parque do Imigrante, porém as remoções precisaram novamente.
Hoppe estima que além das famílias abrigadas no Parque do Imigrante, outras 300 ficaram desalojadas, somando, de acordo com a prefeitura, 400 famílias com residências invadidas pelas águas. Ele faz uma estimativa que a cheia atingiu, de alguma forma, 40 mil pessoas em Lajeado - seja pelas casas invadidas pelas águas, pelos danos no local de trabalho, vias que eram utilizadas para os trajetos cotidianos, problemas no fornecimento de energia, entre outros transtornos, como no sistema público de transportes, que teve os itinerários alterados em função do alagamento de diversas vias

Nível dos rios mantém cenário de alerta em grande parte do RS

Estragos causados pela cheia do Taquari afeta diferentes cidades às margens do rio

Estragos causados pela cheia do Taquari afeta diferentes cidades às margens do rio


Defesa Civil de Lajeado/Divulgação/JC
De acordo com a sala de monitoramento hidrológico da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), nas últimas 24 horas os maiores volumes foram registrados nas regiões do alto Taquari-Antas (até 51mm) de na bacia do Apuaê-Inhandava, região hidrográfica do Uruguai, na porção norte-nordeste do Rio Grande do Sul, com até 100mm. Nas regiões metropolitana e litoral o volume não passou dos 20mm.
Nesta manhã, os rios Taquari e Caí seguem medindo cotas acima do limiar de inundação nos seus pontos mais baixos, na região dos vales, de acordo com a Sema já estabilizando. No rio das Antas, em Muçum, a estação já registrava nesta manhã o nível em declínio, mas ainda em situação de alerta. No rio Taquari, no entanto, os pontos de Encantado e Estrela seguem em inundação, com nível estável e devem entrar em declínio nas próximas horas.
O rio Caí também está estável em São Sebastião do Caí, mas acima do limiar de inundação, em Passo Montenegro. Mais abaixo desse ponto a condição também é de estabilidade, mas rio segue registrado inundação. A expectativa da Sema é de declínio nas próximas horas. Já o rio dos Sinos registra leve declínio nas medições desde a tarde de ontem, porém acima dos leitos de inundação.
Os níveis no Delta do Jacuí e do Lago Guaíba, apresentaram um pequena retração nas últimas horas e a tendência é de permanecer em queda. O cenário, no entanto, ainda requer cautela em função das altas vazões recebidas ao longo de sua área de contribuição, a qual recebe as águas do Jacuí, Taquari, Pardo, Cai, Sinos e Gravataí – todos com vazões bem acima da normalidade em função das cheias.
No caso do rio Uruguai, o maior ponto de atenção é em São Borja, e ainda segue em elevação em Uruguaiana. A condição de alerta segue válida, porém, em grande parte do Estado: bacias Ijuí, Pardo, Taquari-Antas, Caí, Sinos, Gravataí, Baixo Jacuí, Lago Guaíba e para o rio Uruguai, sobretudo no médio e baixo Uruguai.
Aos dados pontuais:
  • Rio Uruguai na estação Passo São Borja: sem dado atualizado (normal: ~2,5m; Cota de Alerta da CPRM: 8m): medições de ontem a noite indicavam declínio.
  • Rio Uruguai na estação Uruguaiana: 7,77m em elevação (Normal: ~3m; Cota de Alerta da CPRM 7,5). Também deve seguir em elevação em função da onda de cheia vinda de São Borja
  • Rio das Antas na estação Linha José Júlio: 15,30m (Normal: ~2m) – Em declínio nas últimas medições.
  • Rio Taquari na estação Muçum: 15,67m (Normal: ~2m) – Em declínio.
  • Rio Taquari na estação Encantado: 13,97 (Normal:~2m)- Estável, acima da cota de inundação
  • Rio Taquari na estação Estrela: 21,84m (Normal: ~12,5m) – Em estabilização, acima da cota de inundação
  • Rio Caí na estação Barca do Cai: 11,07m (Normal ~2,0m) – últimas medições estáveis.
  • Rio Caí na estação Montenegro: 6,33 m (Normal ~1,5m) – últimas medições estáveis
  • Rio dos Sinos na estação Campo Bom: 6,92m (Normal ~2m) – Apresentando lento declínio neste ponto.
  • Rio dos Sinos em São Leopoldo: 5,04m (Normal ~2m) – Estável nas últimas medições.
  •  Rio Gravataí na estação Passo das Canoas: 4,92m (Normal ~2m) – Praticamente estável nesta estação.
  • Rio Ijuí na estação PCH RS-155 Jusante: 5,87 m (Normal: ~1,5m) – Já estável nesta estação.
  • Rio Ijuí estação UHE São José Montante: 6,34m (Normal: ~ 2m). Já registrando um leve declínio.
  • Guaíba na estação Caís Mauá: 2,22m (Normal: 1,2m) – Segue em declínio. Porém em função das altas vazões vindas do Região Hidrográfica do Guaíba o prognóstico do Guaíba requer muita cautela.
  • Rio Jacuí na estação UHE Dona Francisca Jusante: 3,87m (Normal: 3m). Neste ponto o Jacuí está praticamente estável. Em demais pontos a jusante, como em Cachoeira do Sul, Eldorado do Sul e Triunfo o Rio Jacuí já apresenta um lento declínio.
  • Rio Jacuí na estação Passo São Lourenço: 4,70m (normal: ~3,5m). Nesta estação localizada nas proximidades de Cachoeira do Sul, o Jacuí já se encontra em declínio.
Fonte: Governo do Estado/Sema