O transporte hidroviário de passageiros

Quando se discute a urgência na adoção de medidas para restabelecer o transporte hidroviário, muitas vezes o debate restringe-se à tão necessária movimentação de cargas, dada a sua extrema importância para a atividade econômica de setores fundamentais na geração de empregos e renda, como o são o comércio e a indústria. Porém, não menos relevante é o aprofundamento das ações destinadas ao efetivo aproveitamento do modal hidroviário como solução para a mobilidade urbana na Grande Porto Alegre, valorizando-se o imenso potencial representado pelo Guaíba e seus afluentes formadores.

Se num passado não muito distante, esta opção foi adequadamente valorizada por nossos ancestrais, quando a demanda pela movimentação de passageiros era muito mais restrita, não pode agora haver dúvidas quanto à sua essencialidade. Um destaque seria viabilizar o transporte de passageiros entre a área central da Capital e os bairros da florescente Zona Sul, tendo em vista a crítica situação do tráfego nessa região, valendo-se do exitoso exemplo do Catamarã.

Da mesma forma caberia avançar nos estudos para o uso deste modal nos acessos aos bairros de municípios situados ao Norte de Porto Alegre e, igualmente, no sentido de Eldorado do Sul e Guaíba, que estarão recebendo vultosos investimentos produtivos, provocando substancial incremento na geração de postos de trabalho, pressionando ainda mais a necessidade de transporte confiável à população.

Finalmente, nunca é demais sublinhar que a revitalização do transporte de pessoas por água ensejará um notável efeito multiplicador em atividades afins, como oficinas para a execução de reparos e manutenção das embarcações, operação de terminais e estações hidroviárias com infraestruturas de lojas, serviços de alimentação e congêneres. Mas é preciso que as autoridades responsáveis, num amplo diálogo com a sociedade, atuem com agilidade no encaminhamento das medidas, para a implantação desta alternativa de transporte que tem tudo para se consolidar diante da disponibilidade do nosso fantástico manancial hídrico.