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Saneamento

- Publicada em 21 de Dezembro de 2022 às 18:31

Disputa judicial sobre privatização da Corsan será intensificada

Leilão da companhia de saneamento ocorreu em dezembro de 2022

Leilão da companhia de saneamento ocorreu em dezembro de 2022


Prefeitura de Soledade/Divulgação/JC
Apesar do leilão da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) ter ocorrido nessa terça-feira (20), ainda há muitas movimentações, principalmente no campo jurídico, que vão se estender até a data prevista para a assinatura do contrato de alienação da empresa: 20 de março de 2023. Por enquanto, há decisões judiciais que impediriam a assinatura do acordo entre governo do Estado e Consórcio Aegea (que venceu a disputa pela estatal). Além disso, entidades como o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS) prometem acirrar ainda mais essa briga na Justiça.O presidente do Sindiágua/RS, Arilson Wünsch, recorda que há quatro ações sobre o tema nos Tribunais de Justiça e de Contas do Estado (TJRS e TCE-RS) e no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região. Entre os questionamentos feitos nesses processos estão o preço mínimo estipulado pela Corsan (o lance inicial foi fixado em R$ 4,1 bilhões e a Aegea ganhou o certame como única participante e com ágio de apenas 1,15%) e o futuro dos trabalhadores ativos e aposentados da empresa. O dirigente adianta que serão colhidos diversos dados para alimentar essas ações que buscam impedir a confirmação da privatização da companhia de saneamento.“Vai ser uma disputa de informações para anular o leilão, tanto no Tribunal de Contas como na Justiça”, adianta Wünsch. Essa mobilização deve ficar mais forte quando terminar o recesso do Judiciário, em janeiro. Ele enfatiza que a Corsan ainda não está vendida e somente houve o certame e um comprador. Conforme o edital do leilão, antes da assinatura do acordo, estão previstas outras etapas. A publicação do resultado definitivo do certame está marcada para 19 de janeiro do próximo ano, a homologação no dia 30 de janeiro e em 3 de fevereiro é esperada a submissão de documentos ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Se todos esses trâmites transcorrerem sem percalços, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE-RS) informa que a Aegea assumirá efetivamente a Corsan em 21 de março de 2023.No entanto, o Sindiágua/RS pretende frustrar essas expectativas. Wünsch reforça que um dos principais focos do sindicato será provar que a Corsan foi leiloada por um preço muito menor do que deveria e para isso será contratada uma consultoria para fazer a avaliação da empresa. Medida semelhante já havia sido tomada pelo Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS) que contratou a Ardenas Partners, que apontou o valor econômico das ações da Corsan na ordem de R$ 6,03 bilhões.O sócio do escritório Neubarth Trindade Advogados, Manoel Gustavo Neubarth Trindade, que representa o Senge-RS e Soelen Dipp dos Santos (pessoa física a quem está vinculada a ação popular ingressa no Tribunal de Justiça do Estado e que veda temporariamente a assinatura de contrato de alienação da Corsan), afirma que, confirmada a diferença de valores de venda e estimativa, isso seria um enorme prejuízo para o erário. O advogado ressalta que quanto mais agentes contestarem a desestatização da companhia é melhor para a causa. “Isso evidencia que não é um interesse individual, escuso ou ilegítimo, pelo contrário, são vários grupos sociais que estão identificando questões muito delicadas nessa pretensa privatização que não foram devidamente esclarecidas”, aponta. Trindade também critica a rapidez com que o procedimento de alienação da Corsan foi conduzido. “Há por parte do Estado claramente uma tentativa de passar a ideia de fato consumado, foi feito o leilão e agora são só detalhes e não é isso”, frisa o advogado.
Apesar do leilão da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) ter ocorrido nessa terça-feira (20), ainda há muitas movimentações, principalmente no campo jurídico, que vão se estender até a data prevista para a assinatura do contrato de alienação da empresa: 20 de março de 2023. Por enquanto, há decisões judiciais que impediriam a assinatura do acordo entre governo do Estado e Consórcio Aegea (que venceu a disputa pela estatal). Além disso, entidades como o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS) prometem acirrar ainda mais essa briga na Justiça.
O presidente do Sindiágua/RS, Arilson Wünsch, recorda que há quatro ações sobre o tema nos Tribunais de Justiça e de Contas do Estado (TJRS e TCE-RS) e no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região. Entre os questionamentos feitos nesses processos estão o preço mínimo estipulado pela Corsan (o lance inicial foi fixado em R$ 4,1 bilhões e a Aegea ganhou o certame como única participante e com ágio de apenas 1,15%) e o futuro dos trabalhadores ativos e aposentados da empresa. O dirigente adianta que serão colhidos diversos dados para alimentar essas ações que buscam impedir a confirmação da privatização da companhia de saneamento.
“Vai ser uma disputa de informações para anular o leilão, tanto no Tribunal de Contas como na Justiça”, adianta Wünsch. Essa mobilização deve ficar mais forte quando terminar o recesso do Judiciário, em janeiro. Ele enfatiza que a Corsan ainda não está vendida e somente houve o certame e um comprador. Conforme o edital do leilão, antes da assinatura do acordo, estão previstas outras etapas. A publicação do resultado definitivo do certame está marcada para 19 de janeiro do próximo ano, a homologação no dia 30 de janeiro e em 3 de fevereiro é esperada a submissão de documentos ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Se todos esses trâmites transcorrerem sem percalços, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE-RS) informa que a Aegea assumirá efetivamente a Corsan em 21 de março de 2023.
No entanto, o Sindiágua/RS pretende frustrar essas expectativas. Wünsch reforça que um dos principais focos do sindicato será provar que a Corsan foi leiloada por um preço muito menor do que deveria e para isso será contratada uma consultoria para fazer a avaliação da empresa. Medida semelhante já havia sido tomada pelo Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS) que contratou a Ardenas Partners, que apontou o valor econômico das ações da Corsan na ordem de R$ 6,03 bilhões.
O sócio do escritório Neubarth Trindade Advogados, Manoel Gustavo Neubarth Trindade, que representa o Senge-RS e Soelen Dipp dos Santos (pessoa física a quem está vinculada a ação popular ingressa no Tribunal de Justiça do Estado e que veda temporariamente a assinatura de contrato de alienação da Corsan), afirma que, confirmada a diferença de valores de venda e estimativa, isso seria um enorme prejuízo para o erário. O advogado ressalta que quanto mais agentes contestarem a desestatização da companhia é melhor para a causa.
“Isso evidencia que não é um interesse individual, escuso ou ilegítimo, pelo contrário, são vários grupos sociais que estão identificando questões muito delicadas nessa pretensa privatização que não foram devidamente esclarecidas”, aponta. Trindade também critica a rapidez com que o procedimento de alienação da Corsan foi conduzido. “Há por parte do Estado claramente uma tentativa de passar a ideia de fato consumado, foi feito o leilão e agora são só detalhes e não é isso”, frisa o advogado.

PGE reforça confiança na legalidade do processo de desestatização

Procurada pela reportagem do Jornal do Comércio, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) informa através de nota que, quanto às ações que tramitam na Justiça estadual, o Estado tem a convicção da improcedência dos argumentos que questionam o leilão. Segundo a pasta, “o que será exposto agora de forma ainda mais aprofundada nos processos, para que, no julgamento definitivo daqueles recursos, perante a 4ª Câmara Cível do TJ (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul), sobrevenha decisão favorável, autorizando a assinatura e conclusão da privatização”.
Na ação que tramita no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, a PGE destaca que o Sindiágua/RS questiona a inexistência de garantia dos contratos de trabalhos e direitos adquiridos dos trabalhadores, além da suposta obrigação de manutenção do patrocínio do plano de previdência complementar. “Da mesma forma, o Estado tem convicção da insubsistência das alegações, na medida em que há cláusula no edital que obriga a vencedora a cumprir todos os itens do acordo coletivo em vigor. Além disso, a alteração do controle da companhia não altera os contratos de trabalho, de acordo com a legislação trabalhista. Por fim, a Corsan permanecerá responsável pelo cumprimento das obrigações decorrentes do plano de previdência, não havendo prejuízo em razão da transferência do controle acionário”.
Já em relação à decisão proferida no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS), a Procuradoria afirma que “não se trata de processo contencioso, mas sim de pontos que foram determinados para esclarecimento, a partir de pedido do MPC (Ministério Público de Contas), nos autos do processo instaurado pela Corte para acompanhamento da privatização, por exemplo sobre o atual percentual efetivo de cobertura de esgoto. O Estado apresentará manifestação nos autos demonstrando a correção dos procedimentos adotados, inclusive em relação à precificação das ações, que foi objeto de análise da Equipe Técnica do TCE, sem apontamento de quaisquer objeções. Portanto, a expectativa é de que a decisão seja revisada pela Conselheira Relatora”.

Governo gaúcho leiloa cinco estatais em menos de dois anos

Entre 31 de março de 2021, quando foi leiloada a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D), até terça-feira passada (20), com o certame envolvendo a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), o governo do Estado leiloou cinco empresas da qual era acionista controlador (o contrato de venda da Corsan ainda precisa ser assinado, o restante já foi confirmado). Além da distribuidora de energia, ainda foram privatizadas a Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T), a Companhia Estadual de Geração de Energia Elétrica (CEEE-G) e a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás).
Confirmada a alienação da Corsan, a soma das privatizações das cinco empresas renderá ao governo gaúcho um montante de aproximadamente R$ 8,77 bilhões. Nos casos das empresas que eram lucrativas, CEEE-G, CEEE-T, Sulgás e Corsan, o argumento do governo gaúcho para justificar as desestatizações era a necessidade de aumentar a capacidade de investimento dessas companhias para otimizar os seus serviços. Já quanto à CEEE-D, que era deficitária, a alegação era justamente repassar um ativo que se tornou um ônus financeiro, que inclusive atrasava o pagamento de ICMS.
Até o momento, a companhia que alcançou o lance mais alto nos leilões foi a Corsan: R$ 4,15 bilhões. O menor valor foi pago pela CEEE-D, R$ 100 mil. No entanto, o governo gaúcho explica que esse número precisa ser contextualizado, já que o comprador da empresa, o Grupo Equatorial, teve que assumir um passivo bilionário da distribuidora. Assim como essas estatais, também foi anunciado o interesse em privatizar a Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Porém, como essa empresa opera no segmento do carvão, principalmente voltado para a geração de termeletricidade, e esse mercado não se encontra aquecido, os planos de alienação foram postergados.
Estatais gaúchas leiloadas:

Empresa: CEEE-D
Valor: R$ 100 mil
Data do leilão: 31/03/2021
Comprador: Grupo Equatorial Energia

Empresa: CEEE-T
Valor: R$ 2,67 bilhões
Data do leilão: 16/07/2021
Comprador: CPFL

Empresa: Sulgás
Valor: R$ 927,8 milhões
Data do leilão: 22/10/2021
Comprador: Compass

Empresa: CEEE-G
Valor: R$ 928 milhões
Data do leilão: 29/07/2022
Comprador: Companhia Florestal do Brasil (empresa vinculada à CSN)

Empresa: Corsan
Valor: R$ 4,15 bilhões
Data do leilão: 20/12/2022
Comprador: Aegea