A crise provocada pelo coronavírus atingiu todos os segmentos da economia, mas o impacto no setor aéreo foi brutal, inclusive no Rio Grande do Sul. No entanto, aos poucos as empresas do segmento começam a perceber uma recuperação, apesar de ainda estarem longe dos níveis de operação que antecediam à pandemia. Conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em abril foram registrados os números mais baixos de fluxo aéreo regular no Estado em 2020, com 175 voos tendo como origem aeroportos gaúchos e 178 como destinos.
Em agosto, dado mais recente de um mês completo, esses resultados subiram respectivamente para 594 e 601. Apesar da melhora, os patamares estão muito distantes dos apurados em janeiro, com 3.545 viagens partindo do Rio Grande do Sul e 3.551 chegando.
Essa realidade também é compartilhada pelas empresas aéreas. O gerente de Planejamento Estratégico de Malha Aérea da Gol, Bruno Balan, comenta que no Rio Grande do Sul, em abril, quando a questão do coronavírus começou a ficar mais preocupante, a companhia reduziu em 94% a oferta e suspendeu temporariamente as operações em Caxias do Sul, Passo Fundo e em Porto Alegre, exceto a ligação da capital gaúcha com o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
"Desde então, a Gol já recuperou aproximadamente 57% da capacidade no Rio Grande do Sul em relação ao que tínhamos em março", comenta o dirigente.
Balan acrescenta que, até setembro, a empresa já retomou quase todas as rotas: Porto Alegre - São Paulo (Congonhas e Guarulhos), Porto Alegre - Rio de Janeiro (Santos Dumont e Rio - Galeão) e Brasília, além de Caxias do Sul - Guarulhos e Passo Fundo - Guarulhos. Para outubro, uma novidade, conforme o gerente da Gol, será a volta da ligação Porto Alegre-Curitiba, que terá voos diários a partir do dia 1.
A Latam não compartilha dados segmentados por região, mas afirma que os voos da empresa estão sendo retomados gradualmente a cada mês. No auge da pandemia, em abril e maio, a companhia informa que realizou no Brasil apenas 35 voos por dia (6% da sua operação no mesmo período em 2019). Agora, em setembro, o grupo espera fechar o mês com 244 voos diários no País (37% da sua operação no mesmo período em 2019). A partir de Porto Alegre, a Latam já está atuando com frequências para Brasília e São Paulo (aeroportos de Congonhas e Guarulhos).
A Azul, que é a companhia aérea que atende ao maior número de municípios gaúchos, cancelou todas as operações nas cidades do Interior e manteve apenas algumas frequências reduzidas em Porto Alegre. O gerente de planejamento de Malha da Azul, Vitor Silva, adianta que ainda não há previsão de retomada dos serviços nos pontos em que houve interrupção. Foram descontinuadas as rotas para os aeroportos de Uruguaiana, Santa Maria, Santo Ângelo, Pelotas e Caxias do Sul.
O município de Passo Fundo também foi afetado, entretanto Silva comenta que ali a situação é diferente das demais localidades.
"A Azul já gostaria de ter retomado suas operações na cidade, mas aguarda a finalização das obras no aeroporto para voltar com os voos", afirma. O reinício dos voos regulares está sujeito à restauração do pavimento da pista do complexo.
Silva recorda que a Azul tinha aproximadamente 50 voos diários partindo do Estado, movimentando em média 6 mil passageiros por dia - a queda das operações com a pandemia no Rio Grande do Sul foi na ordem de 95%.
"Ainda não temos uma perspectiva clara do retorno ao volume normal de clientes, porém esperamos que, com a melhora da pandemia, esse volume possa ser recuperado até o final de 2021", projeta.
A companhia pretende, inicialmente, voltar com os destinos atendidos anteriormente no Rio Grande do Sul e, mais adiante, desenvolver um plano de ampliação de voos no Estado.
Azul liga Porto Alegre com mais duas cidades
Para outubro, empresa esperar realizar 505 voos por dia
/LUIZA PRADO/JC
Apesar dos reflexos do coronavírus ainda serem sentidos no segmento da aviação, a Azul tem pensado em diversificar os seus voos e um dos locais incluídos nesse planejamento é Porto Alegre. A partir do dia 5 de outubro, a empresa oferecerá novas frequências da capital gaúcha para Foz do Iguaçu (PR) e, no dia 2 de novembro, iniciará a conexão com Navegantes (SC).
Considerando a operação da Azul como um todo, com os voos nacionais e internacionais, em abril, quando a pandemia atingiu um de seus momentos mais graves, a companhia operou somente 70 voos por dia para 27 destinos, quando o normal seria mais de 900 viagens. O gerente de planejamento de Malha da empresa, Vitor Silva, salienta que a recuperação no âmbito geral está ocorrendo aos poucos. Para outubro, a Azul espera contar com 505 decolagens por dia, quase 60% da capacidade pré-pandemia.