De acordo com com Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS, a falta de concorrência também gera oportunidades

Número reduzido de negócios 24h em Porto Alegre aponta baixa demanda e diminuição da população da cidade


De acordo com com Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS, a falta de concorrência também gera oportunidades

São poucos os empreendedores em Porto Alegre que resolvem apostar em operações que funcionam 24h. Para além dos serviços essenciais, como clínicas veterinárias, pet shops, postos de gasolina, entre outros, esse formato não é muito comum na capital gaúcha. De acordo com Patrícia Palermo, economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), esse cenário se deve à falta de demanda e à diminuição da população da cidade.No censo mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Porto Alegre e a Região Metropolitana tiveram uma redução populacional significativa. A Capital apresentou, no último levantamento (2022), menos 76,7 mil habitantes, sendo o quinto município que mais perdeu população em termos absolutos no Brasil e o 13º em termos proporcionais, com uma redução de 5,4%.“Porto Alegre tentou uma operação 24h do supermercado Nacional, no Shopping Iguatemi, e não deu certo porque não havia procura. Esse tipo de operação, que funciona 24h, está altamente vinculada à ideia de um grande público”, afirma a economista.Segundo Patrícia, esse formato costuma funcionar em grandes metrópoles, como São Paulo, onde pessoas circulam em horários não habituais, garantindo um público suficiente para manter o negócio aberto nesses períodos. “São Paulo, no horário comercial, já movimenta muita gente. Então, quando São Paulo dorme, a parcela que está acordada ainda é muito grande”, explica Patrícia, destacando que é necessário que a população desenvolva o hábito de consumir nesse período.A economista alerta os empreendedores que decidem apostar nesse formato, já que as experiências mais recentes de grandes redes não deram certo, afirmando que existem muitos riscos envolvidos em uma operação dessa natureza. Apesar disso, ela destaca entre os benefícios, mais opções de consumo para os consumidores. “O empreendedor teria uma baixíssima concorrência. Essa é a grande vantagem”, ressalta.Além da diminuição da população, o Rio Grande do Sul é um estado com um perfil mais envelhecido. De acordo com o Censo 2022 do IBGE, o Estado tem 115 idosos para cada 100 crianças, o índice mais alto do País. Esse fator impacta os hábitos e a cultura local, que prioriza o consumo em períodos diurnos. “Outra questão é o próprio costume. Enquanto as pessoas não entenderem que existem certas coisas que funcionam à noite, elas talvez não tenham impulso de consumo nesse momento”, reflete Patrícia.A economista destaca que, mesmo em locais com potencial demanda, muitas lojas não abrem durante a madrugada. “No aeroporto, que tem movimentação, as lojas não abrem às três da manhã. Então, o primeiro lugar que a gente poderia pensar em operações funcionando na madrugada, muitas delas nem funcionam. Se você for na Renner às 4 horas da manhã no aeroporto, ela vai estar fechada”, exemplifica.Patrícia pontua que, mesmo em locais com movimento, como o aeroporto, a demanda por consumo em horários noturnos é baixa. “As pessoas não veem necessidade de comprar uma roupa às 3 ou 4 horas da manhã, mesmo no aeroporto. Por isso, esses negócios não abrem. O movimento é tão pequeno que não justifica a operação naquele momento”, afirma.
São poucos os empreendedores em Porto Alegre que resolvem apostar em operações que funcionam 24h. Para além dos serviços essenciais, como clínicas veterinárias, pet shops, postos de gasolina, entre outros, esse formato não é muito comum na capital gaúcha. De acordo com Patrícia Palermo, economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), esse cenário se deve à falta de demanda e à diminuição da população da cidade.

No censo mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Porto Alegre e a Região Metropolitana tiveram uma redução populacional significativa. A Capital apresentou, no último levantamento (2022), menos 76,7 mil habitantes, sendo o quinto município que mais perdeu população em termos absolutos no Brasil e o 13º em termos proporcionais, com uma redução de 5,4%.

“Porto Alegre tentou uma operação 24h do supermercado Nacional, no Shopping Iguatemi, e não deu certo porque não havia procura. Esse tipo de operação, que funciona 24h, está altamente vinculada à ideia de um grande público”, afirma a economista.

Segundo Patrícia, esse formato costuma funcionar em grandes metrópoles, como São Paulo, onde pessoas circulam em horários não habituais, garantindo um público suficiente para manter o negócio aberto nesses períodos. “São Paulo, no horário comercial, já movimenta muita gente. Então, quando São Paulo dorme, a parcela que está acordada ainda é muito grande”, explica Patrícia, destacando que é necessário que a população desenvolva o hábito de consumir nesse período.

A economista alerta os empreendedores que decidem apostar nesse formato, já que as experiências mais recentes de grandes redes não deram certo, afirmando que existem muitos riscos envolvidos em uma operação dessa natureza. Apesar disso, ela destaca entre os benefícios, mais opções de consumo para os consumidores. “O empreendedor teria uma baixíssima concorrência. Essa é a grande vantagem”, ressalta.

Além da diminuição da população, o Rio Grande do Sul é um estado com um perfil mais envelhecido. De acordo com o Censo 2022 do IBGE, o Estado tem 115 idosos para cada 100 crianças, o índice mais alto do País. Esse fator impacta os hábitos e a cultura local, que prioriza o consumo em períodos diurnos. “Outra questão é o próprio costume. Enquanto as pessoas não entenderem que existem certas coisas que funcionam à noite, elas talvez não tenham impulso de consumo nesse momento”, reflete Patrícia.

A economista destaca que, mesmo em locais com potencial demanda, muitas lojas não abrem durante a madrugada. “No aeroporto, que tem movimentação, as lojas não abrem às três da manhã. Então, o primeiro lugar que a gente poderia pensar em operações funcionando na madrugada, muitas delas nem funcionam. Se você for na Renner às 4 horas da manhã no aeroporto, ela vai estar fechada”, exemplifica.

Patrícia pontua que, mesmo em locais com movimento, como o aeroporto, a demanda por consumo em horários noturnos é baixa. “As pessoas não veem necessidade de comprar uma roupa às 3 ou 4 horas da manhã, mesmo no aeroporto. Por isso, esses negócios não abrem. O movimento é tão pequeno que não justifica a operação naquele momento”, afirma.
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Patrícia também comenta sobre a experiência de clínicas particulares que começaram a oferecer horários alternativos para consultas, como no período noturno, fora do horário comercial tradicional.

“Quando minha filha era pequena, uma consulta pediátrica normal era feita em horário comercial. Isso significava que, se eu precisasse levá-la ao médico, teria que faltar ao trabalho. Em algumas clínicas particulares, começaram a oferecer horários alternativos, como consultas das 18h às 22h. Isso foi uma janela de oportunidade imensa, principalmente para quem tinha um custo alto para faltar ao trabalho”, relata.

No entanto, a economista ressalta que estender o horário de funcionamento para a madrugada é um passo muito maior, com custos operacionais elevados. “O custo de operação na madrugada é maior do que durante o dia. Além disso, há a dificuldade de encontrar pessoas disponíveis para trabalhar nesses horários”, explica.

Ainda assim, ela destaca que a falta de concorrência pode ser uma vantagem para quem decide investir nesse formato. “Se você tem uma necessidade de receita baixa para garantir o ponto de equilíbrio, isso pode ser viável”, afirma.

A segurança é um dos principais obstáculos para o sucesso de negócios 24h em Porto Alegre. Patrícia menciona que a violência é um fator que desencoraja a abertura de estabelecimentos por longos períodos. “O negócio precisa ter segurança para ficar aberto 24h. A violência é uma das coisas que mais prejudicam esse tipo de operação”, destaca.

Um exemplo emblemático é a tentativa de revitalização da Travessa Engenheiro Acilino de Carvalho, conhecida como Rua 24 Horas, no Centro Histórico de Porto Alegre. A ideia de transformar a travessa em um espaço comercial ininterrupto surgiu no final da década de 1990, mas nunca foi plenamente implementada.

Atualmente, apenas nove dos 19 pontos comerciais estão ocupados, e o local enfrenta problemas como piso esburacado, telhado quebrado e obras de revitalização paralisadas. A insegurança e o baixo movimento são as principais queixas dos comerciantes, que têm dificuldade para manter os estabelecimentos abertos.

A operação de negócios 24h em Porto Alegre enfrenta desafios significativos, embora existam oportunidades para empreendedores que queiram explorar esse nicho. Patrícia frisa que para que Porto Alegre possa desenvolver um mercado ativo nesse formato, é necessário investir em segurança, infraestrutura e mudanças culturais que incentivem o consumo em horários alternativos.
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