A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e o Sindicato de Produtos Avícolas do Rio Grande do Sul (Sipargs) emitiram nota de repúdio a interdições impostas a unidades frigoríficas de Lajeado e Passo Fundo. Na quinta-feira passada, a prefeitura de Passo Fundo emitiu uma interdição cautelar com a suspensão de todas as atividades no frigorífico JBS do município por mais 15 dias. As entidades pedem a imediata retomada das atividades nas unidades frigoríficas paralisadas em Passo Fundo (JBS) e Lajeado (Minuano).
A planta da JBS tinha previsto reabertura neste sábado, depois de suas atividades terem sido paralisadas em 24 de abril após a constatação de problemas nos controles contra a Covid-19 e pelo elevado número de funcionários contaminados – na época, 19, número que já alcança, agora, mais de 60 confirmados entre 2,2 mil funcionários, de acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT).
A interdição na planta da JBS de Passo Fundo chegou a ser anulada por ato do juiz titular da 2ª Vara do município, Luciano Ricardo Cembranel. No entanto, na noite de sexta-feira (8), o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) deferiu pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT) e manteve a paralisação de atividades no local.
Também na quinta-feira, a Justiça determinou a suspensão parcial das operações da Minuano Alimentos. A medida vale durante o período de 15 dias e inclui o afastamento de 50% dos funcionários da planta da empresa, sem aproveitamento em outros locais para evitar aglomerações. A iniciativa foi baseada em pedido do Ministério Público Estadual.
ABPA, Asgav e Sipargs alertam sobre os riscos que ações impostas com “base em decisões emocionais” podem gerar, e defendem que paralisar a produção de alimentos traz risco de desabastecimento e inflação devido à ausência de produtos nos supermercados. As entidades ponderam, ainda, que a medida pode gerar problemas ambientais ao fazer com que as empresas deixem de processar milhares de aves e suínos todos os dias. Com as atividades paradas, o único destino possível para esses animais não abatidos é o aterro sanitário, gerando também o desperdício de alimentos.
Para o setor produtivo, as decisões foram tomadas com “bases técnicas superficiais”, sobre o fato de esses locais de trabalho oferecerem maior risco ao trabalhador. As entidades ponderam que ocorre justamente o contrário: constante higienização, monitoramento da saúde dos trabalhadores, uso de equipamentos de proteção e medidas para evitar aglomerações.
O governo do Estado informou que medidas deverão ser definidas em breve para encontrar uma solução urgente para as dificuldades dos frigoríficos.