Hype Studio aposta em 'arquitetura com alma'

Com o objetivo de realizar projetos das mais diversas escalas e usos, desde uma pequena e charmosa cafeteria até um estádio de futebol para 50 mil pessoas, o Hype Studio, em Porto Alegre, vem se consolidando como um dos principais escritórios de arquitetura no Rio Grande do Sul. Responsável pela realização da reforma do estádio Beira-Rio em Porto Alegre e, mais recentemente, escolhido como dono do projeto de expansão da SAP Labs Latin America, no Parque Tecnológico da Unisinos (Tecnosinos), em São Leopoldo (RS), o negócio não abre mão de realizar o que chama de arquitetura com alma.

"Mesmo em grandes espaços e também nos pequenos mantemos o compromisso com uma criação totalmente personalizada ao cliente e à cidade em que aquele projeto está inserido", diz um dos sócios diretores do Hype Studio, Maurício Santos. Estes, diz o idealizador do negócio, em 2006, têm sido os principais diferenciais capazes de manter o negócio com crescimento todos os anos.

Maurício Santos - A ideia do estúdio surgiu ainda na faculdade. Eu e outros dois colegas, que foram os primeiros sócios, começamos a trabalhar juntos, descobrimos que tínhamos uma sintonia no trabalho e, em 2006, nos formamos e em seguida começamos a atuar na área de arquitetura. O estúdio foi aberto no mesmo ano e nosso primeiro projeto já foi a reforma do Beira-Rio. De lá para cá, a equipe cresceu e hoje somos 15 pessoas ao todo. Os sócios não são mais os mesmos e o número cresceu para sete.

Santos - Isso também foi bem natural. Apesar do uso do termo arquitetura com alma ser mais recente, nos demos conta de que nossos trabalhos já o refletiam há muito tempo.

Santos - Para nós, é ir além, tentar ir fundo ao trabalho e trazer algo que seja diferente e inovador, sempre voltado às pessoas. Nosso interesse está em focar nas pessoas que irão usar os espaços. Por isso a escolha por usar o termo arquitetura com alma, por que se trata também de algo intangível e que você pode não se dar conta de que existe, mas sente quando entra em um espaço que te toca de alguma maneira. Este é o conceito que viemos refinando ao longo do tempo.

Santos - A arquitetura com alma e, mais especificamente, a humana, que é um conceito bastante difundido, estão bem atrelados ao urbanismo. Durante muito tempo o urbanismo foi visto do ponto de vista dos carros e de uns tempos para cá o urbanismo passou a se conectar à arquitetura, que pensa mais nas pessoas. As cidades ainda são hostis a quem mora nela e o que vem se tentando fazer, o que nós temos feito, é incorporar nos projetos de arquitetura uma interface melhor com a rua, pois as cidades são feitas de projetos e cabe a cada um deles incorporar valores urbanos, de convivência. Essa é uma tendência, sim.

Santos - Com certeza e nós estamos conectados a isso. Tenho visto movimentos bem interessantes das pessoas se preocupando mais com isso, do tema estar entrando cada vez mais em pauta. Isso contribui muito para a valorização do arquiteto, que é o catalisador dessas transformações.

Santos - Nós sempre tivemos em mente que se por um lado a crise afeta a todos, por outro abriu uma oportunidade no mercado imobiliário. As empresas começaram a ter de se diferenciar e a valorizá-la, agregando valor ao produto oferecido. Enquanto os negócios buscavam o que valorizar, por onde seguir, nós já tínhamos um produto diferenciado e reconhecido.

Santos - O primeiro deles é olhar único para cada projeto. Nós vamos fundo no tema, no lugar, no cliente, na técnica construtiva, no orçamento. Levamos tudo em consideração e fazemos um projeto completamente customizado àquele lugar, com a interação urbana que ele deve ter.

Santos - Na verdade, gostamos de fazer coisas diferentes. Ao longo dos nossos 12 anos de história conseguimos abranger áreas distintas e fazer projetos inovadores, sem focar em um tipo de projeto. A reforma do Beira-Rio foi nosso primeiro projeto, abriu nossos horizontes e atraiu a atenção de outros empreendimentos. Recentemente, fomos escolhidos para realizar o novo prédio da SAP Labs em São Leopoldo, um espaço para 750 pessoas. Mas também fazemos pequenos e médios projetos.

Santos - Não temos nada consolidado ainda, mas, assim como o mercado todo, estou na expectativa do que vai acontecer. O que posso dizer é que viemos crescendo ano após ano, com exceção de 2017, e estamos tendo um bom 2018. O mais importante é que o estúdio vem construindo um relacionamento interessante por que acreditamos na retomada do mercado, pois não tem como as pessoas pararem de comprar casas. Até hoje o mercado está muito impactado e a saída realmente é propor produtos novos. Além disso, já temos o projeto em fase avançada de expandir nosso negócio a outra área do mesmo segmento, da construção civil. Porém, ainda não está consolidado. Acredito que em breve, no ano que vem, já haverá o lançamento.

Santos - Acredito mais em relacionamento de longo prazo com os clientes. O próprio Internacional é um exemplo disso. Fizemos a reforma do Beira-Rio em 2006, hoje estamos fazendo o Centro de Treinamento do clube e um empreendimento imobiliário junto ao estádio. É muito melhor do que buscar clientes novos.