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Publicada em 28 de Abril de 2025 às 12:07

Desafio do setor calçadista é estancar aumento das importações, diz Abicalçados

Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados, afirma que existe o risco da criação de novos postos de trabalho no setor

Haroldo Ferreira, presidente da Abicalçados, afirma que existe o risco da criação de novos postos de trabalho no setor

ABICALÇADOS/DIVULGAÇÃO/JC
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Cláudio Isaías
Cláudio Isaías Repórter
O setor calçadista brasileiro está preocupado com o aumento das importações, afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira. As importações nos três primeiros meses antes do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donaldo Trump, aos países asiáticos já tinha aumentado mais de 25%. Somente no mês de março a importação no geral aumentou em 47%. E pegando um recorte só da China aumentou mais de 50%.
O setor calçadista brasileiro está preocupado com o aumento das importações, afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira. As importações nos três primeiros meses antes do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donaldo Trump, aos países asiáticos já tinha aumentado mais de 25%. Somente no mês de março a importação no geral aumentou em 47%. E pegando um recorte só da China aumentou mais de 50%.
O envio de mais produtos chineses para outros países é uma resposta do cenário global. "Estamos trabalhando junto ao governo federal para estancar o aumento expressivo das importações porque existe o risco de colocar toda a expectativa de crescimento da criação de postos de trabalho e de manutenção dos empregos existentes", ressalta. Para Ferreira, existe o risco, inclusive, de manutenção das 300 mil vagas de trabalho do setor no País. "Este é o grande problema que estamos convivendo diariamente desde que começou essa turbulência tarifária causada pelo governo norte-americano", acrescenta.
• LEIA MAIS: Entidades pregam cautela sobre resposta brasileira a tarifaço de Trump

De acordo com Ferreira, o setor calçadista tem a expectativa de crescimento da produção nacional que este ano deve crescer em torno de 2%. Porém, o dirigente da Abicalçados explica que, com toda a desorganização no cenário da economia mundial, parece existir uma saída para o Brasil. Segundo Ferreira, o País poderá aumentar as exportações de calçados brasileiros e gaúchos para o mercado norte-americano.
"Esse reflexo mesmo antes do tarifaço de Donald Trump já estava sendo sinalizado em duas feiras que a indústria calçadista brasileira participou na Itália", comenta. Outro fator, conforme o presidente da Abicalçados, diz respeito à procura de importadores para participarem da BFSHOW, que acontece de 19 a 21 de maio, em São Paulo. "Essa é a parte positiva desse imbróglio no comércio internacional causado por Donald Trump", explica.
A Abicalçados destaca que o Brasil exporta para mais de 160 países, sendo que 85% da produção nacional de calçados é para o mercado interno. Já 15%, em média, é para exportação tendo como principais destinos os Estados Unidos, a Argentina e outros países da América Latina. "Com a produção que deixará de ser enviada para os Estados Unidos, a China não vai fechar as suas fábricas. O país asiático vai direcionar para todo o resto do mundo. E isso prejudica as nossas exportações", acrescenta.
Ferreira informa que o setor calçadista conta com mais de 5 mil fábricas e emprega, diretamente, cerca de 300 mil pessoas em todo o Brasil. A Abicalçados comemorou 42 anos de fundação no dia 20 de abril. O presidente da Associação destaca a atuação da entidade junto às indústrias locais com a criação do Brazilian Footwear, programa de apoio às exportações do setor mantido em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Outras ações apoiam a participação nacional em feiras internacionais, missões comerciais e a vinda de compradores estrangeiros para o Brasil.
Desde 2013, a Abicalçados, em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), criou o Origem Sustentável. Único programa de certificação de práticas ESG voltado para empresas da cadeia produtiva do calçado, o Origem Sustentável tornou-se case internacional de sucesso por mostrar a sustentabilidade aplicada nos processos produtivos.

A demanda antiga da indústria nacional de ter uma feira de calçados comandada pelas indústrias saiu do papel em 2022, quando a Abicalçados criou a BFSHOW, hoje a maior feira calçadista da América Latina. O evento será realizado de 19 a 21 de maio, no Distrito do Anhembi. Os associados da entidade respondem por mais de 65% da produção nacional de calçados - cerca de 900 milhões de pares por ano. A Abicalçados tem sede em Novo Hamburgo, na região do Vale dos Sinos.
 
Com sede em Novo Hamburgo, a Abicalçados foi criada em 1983 para representar a indústria calçadista  | Abicalçados/Divulgação/JC
Com sede em Novo Hamburgo, a Abicalçados foi criada em 1983 para representar a indústria calçadista Abicalçados/Divulgação/JC

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