Por meio de nota, a presidente do Sindicato dos Professores do Estado (Cpers/Sindicato) Helenir Schürer, avaliou a medida como autoritária e irresponsável diante da precarização das escolas e da falta de reajuste da categoria há sete anos. Segundo ela, a situação de abandono impede as instituições de cumprirem com os protocolos sanitários. "De forma autoritária, como costuma agir, Leite impõe a medida diante de um cenário de precariedade em inúmeras escolas. A obrigação do retorno presencial mediante o sucateamento das escolas e a falta de RH, expõe estudantes, educadores, funcionários e comunidade ao iminente risco de contaminação pelo coronavírus”, destacou.
A entidade apontou também que crianças menores de 12 anos, ainda sem vacinação contra a Covid-19 prevista no Brasil, estarão mais expostas. Helenir destacou a falta de estrutura das escolas públicas, bem como as dificuldades de cumprir o distanciamento adequado e de dispor de máscaras de qualidade para os servidores e alunos. "A vontade dos pais ou responsáveis também não foi levada em conta. Seguros ou não, terão de mandar seus filhos para a escola sob o risco de sofrerem penalidades".
O fato de a decisão ocorrer próximo ao final do ano letivo também foi contestado. "O retorno presencial imposto quase no final do ano letivo sem que tenha ocorrido nenhum investimento para a valorização dos professores e funcionários, somado a tão necessária melhoria das escolas, que não ocorreu, é no mínimo uma atitude irresponsável e que só atende aos interesses do governo com as empresas privadas ávidas pelo mercado que a educação", completou Helenir.
Diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS (Sinpro/RS), Cecília Farias comenta que os professores da rede ficaram satisfeitos com a decisão, já que a manutenção do ensino remoto junto ao presencial duplica o trabalho dos docentes. No entanto, demonstrou preocupação com a saúde da comunidade escolar. "É muito bom voltar a presencialidade, mas muitas escolas têm mais dificuldade em seguir os protocolos à risca, e isso nos preocupa. Defendemos que sejam intensificadas medidas como uso de máscara, álcool gel e o distanciamento adequado. Achamos que o permitido, que é de um metro entre as pessoas, deveria ser revisto", disse.
Antes da pandemia, segundo ela, a orientação do Conselho Estadual de Educação previa 1,20m de distanciamento entre as classes. O Sinpro também questiona se o momento dessa retomada é o mais adequado. "O ideal seria terminar o ano letivo. Mudar as regras no meio do jogo não parece o mais favorável no momento", avaliou.
O presidente do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS), Bruno Eizerik, comemorou a decisão governamental, que atendeu a uma reivindicação da entidade. “Saudamos a iniciativa do governador, que demonstra a importância que o Estado dá à educação. Entendemos que é seguro esse retorno uma vez que 100% dos professores e funcionários já receberam a imunização completa contra a Covid-19 e a vacinação tem avançado entre os adolescentes”, disse.
Segundo a entidade, pesquisa realizada em agosto, com 142 instituições privadas, apontou que apenas 22,7% dos estudantes ainda permaneciam no ensino remoto.
Representantes do Grupo Direito ao Ensino Não Presencial Durante a Pandemia já haviam manifestado que não consideravam o momento ideal para a retomada total das aulas presenciais. Segundo Cassiana Lipp, uma das coordenadoras do movimento, o retorno somente poderia ocorrer quando houvesse segurança maior sobre a circulação do coronavírus. O grupo acredita que a decisão poderia ter sido deixada para 2022.
O anúncio do governo do Estado, válido para as redes pública e privada, se baseia na estabilidade dos números da pandemia no Estado e no avanço da vacinação, e segue exemplos de outras localidades como São Paulo, onde a totalidade do ensino passou a ser presencial no dia 18 de outubro.