Porto Alegre receberá de volta, nesta sexta-feira, às 10h30min, um dos principais cartões postais onde os gaúchos batem ponto nos fins de semana para passear e tomar chimarrão assistindo ao pôr do sol. Fechado para circulação desde outubro de 2015, o trecho da orla do Guaíba entre a Usina do Gasômetro e a Rótula das Cuias abre de cara nova e com muitas novidades.
O conceito do trecho é a contemplação. Quem começar o passeio pelo Gasômetro encontrará um atracadouro novo, aberto em março, com um deque amplo de madeira, onde é possível andar de bicicleta, caminhar ou apenas apreciar a vista. Ao lado, fica o restaurante panorâmico, instalado sobre as águas e com suas laterais totalmente envidraçadas, possibilitando uma visão em 360 graus da orla.
> As múltiplas faces da orla do Guaíba, pelas fotos de Fredy Vieira/JC
Chegando ao calçadão, a primeira atração é o monumento Olhos Atentos, que o artista plástico José Resende elaborou para a Bienal do Mercosul de 2005 e, depois, doou para a cidade. A estrutura pode ser usada como mirante, uma vez que o piso de ferro foi renovado e não há mais interdição por risco de queda. As pichações nas laterais, contudo, foram mantidas.
Passarela invade o Guaíba e dá sensação de se estar dentro do lago. Foto Fredy Vieira/JC
Entre a área gramada, há caminhos de cimento e espaços com detalhes em pedrinhas, cobertas por redes de pesca. Ao longo do percurso de 1,5 quilômetro há arquibancadas e deques com bancos de madeira para contemplar as belezas naturais. Uma passarela de ferro instalada invade o Guaíba e dá ao espectador a sensação de se estar dentro do lago.
Entre as arquibancadas, encontram-se espalhados os bares. O restaurante e o bar 1, o mais próximo ao Gasômetro, abrirá até o fim de agosto. Os outros três bares ainda dependem de processo licitatório para abrir suas portas.
Quase no fim do percurso estão os monumentos Cascata, de Carmela Gross; e Paisagem, de Mauro Fuke. O primeiro pode até passar despercebido, pois parece uma escada com degraus desnivelados. A intenção da artista é que a escultura cause um efeito de cascata em dias de chuva, com a água se unindo ao lago. Já o Paisagem, com degraus de diferentes tamanhos cobertos por uma capa de granito, deve ser notado tanto por quem caminha no nível do Guaíba como por quem faz o trajeto por cima do talude, já que é composto de maneira tridimensional.
Caminhando por cima do talude é possível parar em um dos diversos mirantes, de onde se visualiza o Guaíba, o parque da orla, o Gasômetro e até mesmo elementos mais distantes, como o estádio Beira-Rio. O caminho também pode ser feito de bicicleta, já que todo ele é acompanhado por uma ciclovia. Outra opção de exercício é a musculação, com o auxílio de equipamentos instalados no final do percurso.
Chama a atenção a presença de grandes postes de luz, que permitirão o uso do espaço com mais segurança à noite. Além disso, a manutenção 24 horas por dia de uma equipe da Guarda Municipal e a instalação de 40 câmeras de vigilância deverão coibir roubos, furtos e atos de vandalismo.
> VíDEOS JC: Confira como ficou a nova orla de Porto Alegre
Para a prefeitura da Capital, projeto de qualificação serve de modelo para toda a cidade
O vice-prefeito de Porto Alegre, Gustavo Paim, afirma que quem visitar a nova orla encontrará um espaço público seguro e com boa infraestrutura. "O prefeito Nelson Marchezan Júnior falava, em sua campanha, que não havia nenhum lugar público, nos 78 quilômetros de orla, em que houvesse conforto e segurança. Agora, teremos", afirma.
Segundo Paim, a cara da orla é a que a prefeitura gostaria de dar para toda a cidade. "Temos certeza de que, com a revitalização do Cais do Porto, a parceria com o escritório de projetos da Organização das Nações Unidas (ONU) para os trechos seguintes da orla e o novo Pontal do Estaleiro, a cidade terá uma nova cara", garante. Para manter a infraestrutura sem depredações, além da presença da Guarda Municipal, de câmeras e de iluminação, o vice-prefeito espera contar com a colaboração da população.
A revitalização do trecho 1 foi permeada por atrasos na liberação de recursos e aditamentos do contrato. Originalmente orçada em R$ 60 milhões, a obra acabou custando R$ 71 milhões, financiados pela Corporação Andina de Fomento (CAF).
Além do trecho revitalizado, o projeto assinado pelo arquiteto Jaime Lerner prevê intervenções em mais 6,5 quilômetros, da Rótula das Cuias até o Iate Clube Guaíba. O foco é viabilizar a qualificação dos trechos 2 e 3, entre a rótula e o Anfiteatro Pôr-do-Sol, e entre este e o Parque Gigante.
Segundo o secretário municipal de Parcerias Estratégicas, Bruno Vanuzzi, cada trecho da obra tem um perfil diferente, com identidade própria. Enquanto o trecho 1 é contemplativo, o 3 será focado no esporte, com quadras de futebol, vôlei de praia, beach tennis, entre outros. "Esse trecho já teve seu projeto executivo doado por Lerner, então está 100% pronto para ser feito, desde que se tenha dinheiro", explica. Já foi obtido financiamento de R$ 40 milhões dos R$ 80 milhões necessários para que a revitalização seja posta em prática.
O trecho 2 ainda não tem projeto executivo e, por isso, não possui identidade totalmente definida. "Não desenvolvemos o conceito, mas definimos que é o trecho mais nobre do trajeto", relata Vanuzzi. A importância do trecho se deve à largura, não sendo tão estreito quanto os demais, à presença de areia e à existência de uma península. A intenção é oferecer esportes náuticos, instalar bares, uma roda gigante e deques, formando uma espécie de praia.