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Publicada em 05 de Abril de 2025 às 12:11

Futuro da Síria depende do fim de sanções dos EUA, diz enviado da ONU

Presidente da Comissão de Inquérito das Nações Unidas (da ONU) avalia que se a administração americana não abolir sanções, "vai ser um desastre" para a Síria

Presidente da Comissão de Inquérito das Nações Unidas (da ONU) avalia que se a administração americana não abolir sanções, "vai ser um desastre" para a Síria

DELIL SOULEIMAN/AFP/JC
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Agências
O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito das Nações Unidas (da ONU) sobre a Síria, relata que, em visita a Damasco no fim do mês de março, encontrou uma cidade com liberdades políticas ausentes por 60 anos, período do regime liderado pelo partido Baatah, do ex-presidente Bashad al-Assad.
O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito das Nações Unidas (da ONU) sobre a Síria, relata que, em visita a Damasco no fim do mês de março, encontrou uma cidade com liberdades políticas ausentes por 60 anos, período do regime liderado pelo partido Baatah, do ex-presidente Bashad al-Assad.
Pinheiro destaca que a situação socioeconômica do país é desesperadora e que o futuro da Síria depende do fim das sanções econômicas impostas pelas potencias ocidentais, em especial, os Estados Unidos (EUA). 
Apesar de ficar surpreso com Damasco praticamente preservada após mais de 13 anos de guerra, Pinheiro destaca que outras cidades e regiões do país estão devastadas e 90% da população síria vive abaixo da linha da pobreza, com US$ 2,00 por dia. 
O representante da ONU avalia, por outro lado, que não é possível esperar que a Síria se torne uma democracia liberal e secular, ou seja, que separa Estado e religião, nos moldes dos regimes ocidentais.
Além disso, destaca que é preciso monitorar o trabalho do comitê criado pelo governo para investigar os massacres contra 1 mil civis do grupo étnico-religioso alauísta na costa leste do país, no início do mês passado, o que manchou a imagem da nova administração síria.   
"O fantástico é que a capital, Damasco, não parece que sofreu uma guerra de 14 anos. Há bairros tipo Higienópolis, em São Paulo, com arquitetura dos anos 1970, árvores, cafés, restaurantes. É uma vida normal", pondera Pinheiro. "O ambiente é, mais ou menos, como quando fui a Lisboa depois da Revolução dos Cravos (1974). Ainda que eu não tenha passeado muito pelas ruas, todos os contatos que tive era de uma sensação de alívio. Afinal, foi uma ditadura de quase 60 anos, ininterrupta."
O brasileiro pontua que, por outro lado, na periferia de Damasco (na área rural), há prédios bombardeados, e a população mora em habitações "muito precárias" em cidades como Harasta, Douma, Zabadani e Daraya, que foram visitadas por ele ou sua equipe.
De 22 milhões de sírios, 7 milhões estão refugiados em outros países e 6 milhões estão deslocados internamente, afirma o representante da ONU. "É um misto de destruição por causa da guerra e da situação econômica desesperadora", ressalta.

Ainda de acordo com Pinheiro, não há recursos econômicos na Síria e essa situação foi agravada pelas sanções das potências ocidentais. "A União Europeia (EU) aliviou algumas sanções após queda de Assad. Porém, o problema maior são as sanções dos EUA ao sistema bancário que impedem a Síria de fazer parte do mecanismo Swift, que é o sistema mundial de comunicação bancária. As pessoas querem abrir um negócio, ou trazer empresas, fazer investimentos, mas não conseguem por causa das sanções econômicas dos EUA", pontua.

O brasileiro avalia que se o mundo ocidental não for capaz de convencer a administração americana de abolir essas sanções, "vai ser um desastre" para a Síria. 

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