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ENTREVISTA

- Publicada em 14 de Julho de 2023 às 00:10

Comércio de carros demanda soluções permanentes

Paulo Ricardo Siqueira, presidente da Fenabrave, ressalta quedas anuais nas vendas

Paulo Ricardo Siqueira, presidente da Fenabrave, ressalta quedas anuais nas vendas


/Roberto Furtado/Divulgação/JC
O presidente do Sincodiv/Fenabrave-RS, Paulo Ricardo Siqueira, reconhece a importância da Medida Provisória do governo federal que diminuiu os preços de alguns modelos de automóveis, mas ressalta a necessidade de soluções permanentes para entraves históricos do setor, como dificuldade de acesso ao crédito e custo elevado dos financiamentos.
O presidente do Sincodiv/Fenabrave-RS, Paulo Ricardo Siqueira, reconhece a importância da Medida Provisória do governo federal que diminuiu os preços de alguns modelos de automóveis, mas ressalta a necessidade de soluções permanentes para entraves históricos do setor, como dificuldade de acesso ao crédito e custo elevado dos financiamentos.
Jornal do Comércio - Como o Sincodiv/Fenabrave-RS avalia a ação do governo federal?
Paulo Ricardo Siqueira - É de se reconhecer e elogiar o interesse do governo em fomentar a indústria automotiva brasileira, com incentivos fiscais que chegam a R$ 1,5 bilhão. Trata-se de uma iniciativa que tem a capacidade de atender a múltiplos interesses, cujos resultados positivos impactam a economia como um todo, considerando o longo alcance das cadeias produtivas do nosso segmento, ganhando, principalmente, a sociedade brasileira, seja pelo incremento da produção e venda, e as suas consequências diretas e indiretas ou, ainda, pela destinação democrática da renúncia fiscal, que foi concedida, integralmente, para quem mais precisava - neste caso, os consumidores pessoas físicas. Desde o biênio recessivo de 2015-2016, as montadoras registraram queda média de 45% nas vendas anuais, considerando o recorde de 3,5 milhões no segmento de automóveis e comerciais leves alcançado entre 2012 e 2014.
JC - O que poderia ser feito pelos governos para permitir sustentabilidade econômica às montadoras e suas concessionárias?
Siqueira - O setor acumula anos de sobressaltos, com paralisações durante a pandemia de Covid-19 ocasionando graves dificuldades de suprimento. No momento, estamos com uma participação dos financiamentos nas vendas de veículos da ordem de 35%, quando em um mercado demandado deveria ser de cerca de 60%. Entretanto, há um horizonte otimista, pela expectativa de redução das taxas de juros e pela inadimplência que vem diminuindo de forma sensível nos últimos meses.
JC - Qual o posicionamento da entidade em relação aos juros?
Siqueira - Hoje, a taxa média para financiar um veículo zero-quilômetro é de, aproximadamente, 2,00% ao mês. Certamente uma taxa alta, mas significativamente menor que outras formas de crédito, como o cheque especial ou o cartão de crédito. Entendo ser tão grave quanto uma taxa elevada de juros, o peso proporcional da prestação mensal do financiamento no orçamento do consumidor.