Em um ano de reaquecimento da produção e do consumo no Estado, nem a quebra na safra agrícola de verão foi capaz de frear o potencial de investimentos em solo gaúcho. Com aportes de R$ 62,6 bilhões - 23% a mais do que os R$ 50,2 bilhões do ano passado -, o Anuário de Investimentos 2022, do Jornal do Comércio, aponta o maior volume de aportes realizados ou anunciados no Rio Grande do Sul nos últimos cinco anos, desde que iniciou o levantamento.
A área de infraestrutura, com R$ 27,3 bilhões, assim como nos anos anteriores, lidera em 2022, mas com um perfil um pouco diferente. Em 2021, a predominância representava quase 60% dos recursos na economia gaúcha. Neste ano, a participação do setor de infraestrutura é de 43,6% do total de aportes.
Quem ganhou espaço foi a indústria, com R$ 14,5 bilhões em investimentos em 2022, quase
R$ 6 bilhões acima do registrado pelo Anuário em 2021, representando 23% de todos os investimentos levantados pelo Jornal do Comércio - em 2021, a indústria respondia por 17,3%.
R$ 6 bilhões acima do registrado pelo Anuário em 2021, representando 23% de todos os investimentos levantados pelo Jornal do Comércio - em 2021, a indústria respondia por 17,3%.
Entre os destaques, a EBR Estaleiros, com o projeto de R$ 2,3 bilhões para montagem de plataforma da Petrobras, em Rio Grande. E a CMPC, responsável pelo maior investimento privado no Estado na década passada, e que neste ano chega a 50% da execução da transformação da sua produção, pelo projeto BioCMPC, na planta industrial de Guaíba, com o desembolso de R$ 1,8 bilhão neste ano.
"A indústria conseguiu recuperar-se rapidamente dos efeitos da pandemia, mesmo que, no último trimestre, tenha perdido um pouco desta tração. O consumo, no setor de serviços e comércio, porém, segue em alta, e isso acaba alimentando também o setor industrial", explica o economista Martinho Lazzari, do Departamento de Economia e Estatística (DEE).
Os dados da análise de conjuntura do DEE confirmam que este foi o ano de recuperação da indústria gaúcha, inclusive com alta nas exportações. Dados de setembro do IBGE demonstram que o Rio Grande do Sul foi um dos cinco estados com índice de produção acima do pré-pandemia. Com 2,9% acima de fevereiro de 2020, é o terceiro melhor do País. E a Fiergs aponta que pelo menos 50% das indústrias gaúchas estão dispostas a investir nos próximos seis meses.
"O contexto dos auxílios durante a pandemia favoreceu a indústria, que teve uma alta muito forte na demanda. Desde o final de 2020, já vínhamos registrando a retomada de ritmo de produção pré-pandemia, e isso só melhorou até 2022. As indústrias têm a necessidade de expandir seus parques e dar conta de uma maior capacidade produtiva", explica o economista-chefe da Fiergs, André Nunes.
Setores alimentícios, incluindo toda a cadeia da agroindústria e de maquinário agrícola, foram os mais favorecidos neste processo. E ainda, como salienta Nunes, há a necessidade de transformação industrial para o 4.0, que tem demandado muito investimento no Rio Grande do Sul.
O governo estadual celebra a alta de investimentos em 2022. "Este ano é um marco para a nossa economia. É o melhor ano de atração de investimentos multissetoriais dos últimos 10 anos, do agro à indústria de alta precisão", garante o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Joel Maraschin.
* Valores nominais de investimentos anunciados ou realizados no Rio Grande do Sul ao longo do ano