Os números da evolução da geração de energia solar no Rio Grande do Sul são impressionantes. Atualmente, com uma capacidade instalada de cerca 2,4 mil MW no Estado, a fonte é somente superada pela hidreletricidade, que registra aproximadamente 4,6 mil MW. O crescimento da produção fotovoltaica é vertiginoso, se considerar que há dez anos ela representava apenas 0,01 MW no território gaúcho
Os dados foram apresentados nesta sexta-feira (22) pelo assessor de energia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Eberson Silveira, durante o Fórum de Geração Distribuída de Energia com Fontes Renováveis do RS (Fórum GD), realizado na Fiergs. Conforme o especialista, a potência instalada de todas as fontes no Rio Grande do Sul soma cerca de 11,1 mil MW, sendo a participação da hidreletricidade de 41,7%, da solar 22%, da eólica 16,5%, das termelétricas fósseis também 16,5% e da biomassa (matéria orgânica) 3,4%. Silveira informa que a geração fotovoltaica já representou investimentos na ordem de R$ 12 bilhões no Estado.
“A matriz elétrica gaúcha é privilegiada (com 83,5% de participação de fontes renováveis)”, enfatiza o assessor de energia da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura. Uma ferramenta que pode ampliar o aproveitamento da geração renovável local é a realização do atlas de recursos hidro energéticos do Rio Grande do Sul, que tem como objetivo identificar o potencial para produção de energia hidrelétrica.
Silveira adianta que esse mapeamento deve ser finalizado por volta de setembro de 2024.
Silveira adianta que esse mapeamento deve ser finalizado por volta de setembro de 2024.
Ele recorda que será o quarto atlas estadual, juntando-se ao eólico, solar e de biomassa. Diferentemente da hidreletricidade, que se desenvolveu no Estado com empreendimentos de maior porte, o segmento solar cresceu no Rio Grande do Sul através da geração distribuída (em que o consumidor produz sua própria energia, prática muito comum por meio dos painéis fotovoltaicos instalados em telhados ou em outras superfícies).
Havia o receio que o setor fosse afetado devido às novas regras impostas pela lei 14.300, que começaram a vigorar neste ano e trouxeram mais ônus para essa geração de energia. No entanto, o professor e presidente do Programa RS Solar, Tiago Cassol Severo, salienta que o mercado de geração distribuída continua competitivo. E com o passar do tempo, Severo comenta que está havendo a qualificação dos integradores que instalam os sistemas fotovoltaicos. “As empresas do setor solar vão ter que se capacitar cada vez mais ou ter boas parcerias para que elas possam oferecer serviços de qualidade”, adverte o presidente do Programa RS Solar.
Por sua vez, o coordenador do Grupo Temático de Energia e Telecomunicações da Fiergs, Edilson Deitos, considera que o segmento de geração distribuída no Brasil e no Estado está chegando ao seu ponto de maturidade. “Mas, há a oportunidade de crescimento ainda”, frisa Deitos. O integrante da Fiergs acrescenta que existe também um horizonte promissor para o mercado livre de energia (onde os consumidores podem escolher de quem comprar a geração).
Deitos recorda que em 2024 os consumidores industriais e comerciais com demandas abaixo de 0,5 MW (patamar limite hoje para fazer a migração) poderão ingressar no mercado livre, ampliando as possibilidades de participação nesse ambiente de contratação. Conforme o coordenador do Grupo Temático de Energia e Telecomunicações da Fiergs, a expectativa é que um número expressivo de empresas adote o novo modelo, devido à redução da conta de luz que, segundo ele, fica em torno de 15% a 20%
O sócio-diretor da Noale Energia e diretor do diretor do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Frederico Boschin, complementa que tanto a geração distribuída como o mercado livre têm avançado no País e cada vez mais dando autonomia para o consumidor. A modernização do setor, de acordo com Boschin, passa pela “separação de energia e fio”.
Ou seja, no mercado cativo, atendido por distribuidoras como a CEEE-D e a RGE, o cliente ao pagar a conta de luz remunera o serviço da concessionária e ressarce o valor que ela pagou pela geração de energia de outra companhia. Com a chamada separação de energia e fio, o usuário pode pagar apenas o serviço de rede da distribuidora e escolher de qual geradora será a oriunda a eletricidade.
Ou seja, no mercado cativo, atendido por distribuidoras como a CEEE-D e a RGE, o cliente ao pagar a conta de luz remunera o serviço da concessionária e ressarce o valor que ela pagou pela geração de energia de outra companhia. Com a chamada separação de energia e fio, o usuário pode pagar apenas o serviço de rede da distribuidora e escolher de qual geradora será a oriunda a eletricidade.