Após viralização de trend dos Studio Ghibli, nova tendência gera debate nas redes sociais

Trend de "action figures" viraliza nas redes sociais e impacta empreendedores e artistas locais


Após viralização de trend dos Studio Ghibli, nova tendência gera debate nas redes sociais

No Viralizou desta quarta-feira (16), o GeraçãoE explorou as novas trends do momento: o uso de ferramentas de Inteligência Artificial para recriar retratos. Nas últimas semanas, as redes sociais foram tomadas por versões de fotos dos usuários na estética do estúdio japonês de animação Ghibli e, mais recentemente, no formato action figures, que são bonecos colecionáveis.

Em apenas alguns segundos, a plataforma de I.A. é capaz de gerar imagens que são amplamente compartilhadas pelos usuários. Nas redes sociais, a OpenAI, dona do ChatGPT, comemorou o feito de 1 milhão de usuários em uma hora após o lançamento da ferramenta.

O movimento, porém, gerou debate nas redes sociais. No centro da conversa, sugiram opiniões de empreendedores e da comunidade artística. Diante da nova tecnologia, é possível ponderar pontos positivos e negativos para o uso da Inteligência Artificial.

No mundo do empreendedorismo, as ferramentas de IA também estão em alta. Além de ser uma possível fonte de organização e complemento para serviços prestados nos negócios, as tendências geram visibilidade aos produtos de muitos empreendimentos. No South Summit Brazil, que aconteceu entre os dias 9 e 11 de março em Porto Alegre, a ampla programação a respeito do assunto voltada aos empreendedores prova isso.
Mas apesar de útil e divertida, as trends levantam questões sobre direitos autorais e a apropriação do estilo de artistas. Brício Dias, ilustrador e publicitário, explica que o avanço da Inteligência Artificial que estamos presenciando é um assunto delicado. “Quem domina esse serviço são grandes empresas. Com a possibilidade de fazer qualquer desenho com um traço específico, as coisas podem extrapolar, como aconteceu com o estúdio Ghibli”, pondera.

O artista se refere à trend do estúdio, que levantou um debate acalorado. Com milhões de imagens geradas, muitas críticas ao uso da ferramenta foram feitas. Até mesmo uma opinião contrária ao uso da IA emitida antes da trend por Hayao Miyazaki, fundador do Studio Ghibli, foi relembrada nas redes sociais.

É divertido. As pessoas não têm culpa, todos têm o direito de usar e de ter curiosidade. Mas há uma linha tênue, porque também é um movimento efêmero, que dura até a próxima viralização na internet”, pontua Brício.

Ele também compartilha uma experiência pessoal do impacto em seu trabalho. “Já ouvi de clientes ‘não vou mais fazer ilustração contigo, agora abro o Chat e ele faz pra mim’. Vamos perdendo espaço para as tecnologias”, conta.

Thiago Borne também é artista e trabalha com a confecção de bonecos em resina e vinil. Para ele, o debate dentro da comunidade artística já ocorre há alguns anos e gira, sobretudo, em torno da pergunta: essas imagens podem ser consideradas arte? “Será que elas podem causar algum tipo de dano aos artistas? É um debate muito amplo, controverso, e também um debate novo”, pontua Thiago.
Thiago Borne comanda o projeto Resinagem | José de Lima/Divulgação/JC
Thiago Borne comanda o projeto Resinagem José de Lima/Divulgação/JC
Ele discorre que, enquanto sociedade, ainda estamos aprendendo a utilizar as ferramentas, o que torna natural o fascínio sobre o seu uso. “Não é à toa que vimos a explosão da trend. Não acho que, necessariamente, a Inteligência Artificial vá substituir o trabalho do artista", explica.

Ele descreve que há um elemento sensorial na arte, que o computador é incapaz de substituir. “Quando falamos de uma peça como um brinquedo, que foi a tendência a estourar na última semana (em relação à trend das action figures), há um componente tátil muito importante. Nós usamos, brincamos, sentimos o cheiro, e isso é uma coisa que a Inteligência Artificial não consegue replicar”, pontua.
Além disso, ele fala sobre a sensibilidade do artista. “Existe tudo aquilo que ele (o artista) dedica e quer passar com uma obra. Lembrando que boa parte dos artistas passam anos desenvolvendo sua técnica, sua própria estética, conseguindo conquistar um público específico, quando consegue."

Thiago conclui que, por mais encantador que os usos da IA pareçam hoje, ainda há limitações. “Não me parece possível substituir todos estes elementos subjetivos que um artista deposita em seu trabalho."

Em termos mercadológicos, ele acredita que o uso pode gerar impactos. “Muitas pessoas não possuem condições de pagar por um trabalho artístico. Entendo a atratividade da ferramenta, mas não podemos deixar de lado a valorização do trabalho”, conclui. 
 
 
 
Ver esta publicação no Instagram

Uma publicação partilhada por GeraçãoE (@jcgeracaoe)



Avalie a matéria de 1 a 5:

notification icon
Gostaria de receber notificações de conteúdo do nosso site?
Notificações pelo navegador bloqueadas pelo usuário