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Economia

TRABALHO

- Publicada em 15 de Junho de 2023 às 17:07

Gestão de risco da terceirização é tema de palestra promovida pela ADCE

Silveira aponta necessidade de as empresas estarem atentas aos processos de terceirização

Silveira aponta necessidade de as empresas estarem atentas aos processos de terceirização


TÂNIA MEINERZ/JC
A gestão de risco da terceirização e as suas implicações para as empresas foi o tema da reunião-almoço, intitulada Papo Amigo, promovida pela Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) nesta quinta-feira (15), na Sociedade Libanesa, em Porto Alegre. De acordo com o palestrante Adriano Dutra da Silveira, advogado, especialista em gestão empresarial, é necessário seguir alguns processos no momento de fazer terceirizações para evitar problemas, principalmente, relacionadas às relações trabalhistas, além de perdas financeiras com passivo e, até mesmo, problemas relacionados à reputação e imagem da companhia junto ao mercado.
A gestão de risco da terceirização e as suas implicações para as empresas foi o tema da reunião-almoço, intitulada Papo Amigo, promovida pela Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) nesta quinta-feira (15), na Sociedade Libanesa, em Porto Alegre. De acordo com o palestrante Adriano Dutra da Silveira, advogado, especialista em gestão empresarial, é necessário seguir alguns processos no momento de fazer terceirizações para evitar problemas, principalmente, relacionadas às relações trabalhistas, além de perdas financeiras com passivo e, até mesmo, problemas relacionados à reputação e imagem da companhia junto ao mercado.
Silveira também é autor do livro Gestão de risco da terceirização, obra que destaca normas práticas e seguras para se respeitar a legislação em vigor nos contratos de terceirização e, com isso, reduzir os riscos de contratações descuidadas e mal-feitas. Ele foi pioneiro na implantação de projetos de gestão de terceiros no Brasil. É advogado graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), especialista em gestão empresarial pela Unisinos e em Psicologia Positiva também pela Pucrs.
Jornal do Comércio - As empresas brasileiras estão ampliando o uso da terceirização?

Adriano Dutra da Silveira – A terceirização é uma ferramenta de gestão já consolidada. Ela apresenta diversos benefícios; como por exemplo, na contratação de especialista para fazer determinado serviço. Hoje, a legislação também nos dá uma maior segurança jurídica e isto permite terceirizar qualquer atividade, inclusive a principal. É claro que nós temos exemplos ruins: seja com fraude usando o nome de terceirização, ou naqueles casos em que ela tenha sido realizada de modo desorganizado ou má organizada.

JC – Então, são por estes motivos que senhor destaca a importância da gestão de risco da terceirização nas organizações?

Silveira - A gestão de risco da terceirização, assunto que eu abordo na palestra e que também é título-tema do meu livro, envolve os processos para as empresas que contratam serviços. Isto permite que essa contratação seja feita de forma madura. Esses processos vão desde a escolha do prestador de serviço. Ou seja, desde a homologação financeira dele. Ver se ele tem condições de pagar salário. E tem uma atividade, que é o monitoramento do cumprimento de obrigações trabalhistas, previdenciárias, saúde e segurança. Ou seja, de modo constante e todo mês, solicitar ao prestador a comprovação de que ele realizou os pagamentos devidos.

JC - Os empresários devem analisar os vários cenários da terceirização para evitar prejuízos?
Silveira - Em um cenário da terceirização pode aparecer um prestador mal-intencionado, que não está fazendo o pagamento do FGTS, de horas extras dos funcionários e, no futuro, essa empresa pode vir a quebrar. Ou a gente descobre esta situação através de uma ação trabalhista. E aí o tomador de serviço não tem mais o que fazer, a não ser atuar no processo. Outro ponto é atuar de modo preventivo. Se, efetivamente, o empresário está avaliando o seu prestador, ou seja, está olhando esta documentação antes, então ele tem condições de, durante o contrato, mudar o rumo daquela contratação. Pode ser trocando o prestador, ou seja, exigindo que ele cumpra aquilo que é devido.

JC - Na prática, o que vem a ser a gestão de risco da terceirização?

Silveira - A gestão de risco da terceirização se refere àquelas ações que envolvem desde a construção de políticas sobre esse assunto, contrato bem-formatado, treinamento de gestores da empresa, até um processo de recebimento dessa documentação de forma corriqueira. Então, isso já é consolidado no mercado, utilizado por diversas companhias de todos os segmentos.

JC - A gestão de riscos da terceirização está se consolidando no País?

Silveira - Sim. Fui o pioneiro na gestão de terceirização. Ela começou em 2002 no Brasil, com a primeira ação efetiva. E a reforma trabalhista, porém, desde 2010, começou a ter um volume maior de terceirizações. Hoje, as grandes companhias têm esse tipo de processo. Há também empresas prestadoras de softwares que estão a serviço dos especialistas em olhar esses documentos.

JC - No Brasil, quais são as empresas que mais necessitam de orientações nesta área?

Silveira - As empresas maiores são bem-estruturadas já, mas, às vezes, elas necessitam de um processo melhor definido, porque esse processo de gestão de terceiros sempre está modificando alguma coisa, quanto a legislação, fornecedores. Já as empresas menores, algumas têm carências em relação a conhecer essa novidade.

JC - Esses cuidados, que as companhias têm que manter, resultam em novos benefícios?

Silveira - O interessante desse processo de se monitorar o cumprimento de obrigações é que ele não é só fiscalizatório. O interessante, por um lado, a companhia também está orientando também o prestador, que não está pagando, não que ele não queira, às vezes é por algum erro, que pode ser por legislação. Neste caso, existe o caráter de orientação. Outro aspecto é proteger aquele trabalhador que está exercendo o serviço. Então, essa gestão tem esse caráter de proteção tripla: ela protege o tomador, orienta o prestador e de certa forma também limpa o mercado daqueles que são ruins. A legislação brasileira sofre mudanças constantes, então o acompanhamento deve ser constante para evitar passivo.

JC - O senhor destaca que é necessário um cuidado maior para aquelas empresas que contratam terceiros de forma intensiva?

Silveira - Sim, merece uma atenção especial. Em relação àqueles que contratam terceiros de forma intensiva. Como devem ser feitas as contratações? O que pedir de documentação? O que se deve fazer para evitar passivo? Que tipo de treinamento dar? Então, tudo isso faz parte de exemplos que se pode dar.