Em visita a Porto Alegre, ontem à tarde, o candidato à presidência da Câmara dos Deputados, deputado federal Arthur Lira (PP-AL), defendeu o encaminhamento, o mais rápido possível, da comissão mista do Orçamento da União - o que poderia permitir o remanejamento de recursos para a criação de um programa social que substitua o Bolsa Família. Além disso, defendeu o encaminhamento das reformas administrativa e tributária, nessa ordem.
Depois de uma reunião-almoço com deputados federais gaúchos na churrascaria NB Steak, em Porto Alegre, Lira foi recebido pelo governador Eduardo Leite (PSDB) no final da tarde, no Palácio Piratini. Depois da reunião a portas fechadas , o candidato à presidência da Câmara - que conta com apoio do Palácio do Planalto - elencou suas prioridades se eleito.
"Neste ano, vamos trabalhar logo no início de fevereiro, primeiro, para instalar a Comissão Mista do Orçamento (CMO), para enfim termos orçamento. Segundo, daremos andamento às reformas, tanto às que estão no Senado como a que está na Câmara, que é a administrativa. Assim que essas duas coisas começarem a tramitar, voltaremos, sim, à discussão efetiva da reforma tributária, porque, até hoje, não temos conhecimento sequer do relatório das comissões", projetou.
Ele criticou seu principal adversário na disputa pela presidência da Câmara, Baleia Rossi (MDB-SP), que defende a extensão do auxílio emergencial. "Isso é proselitismo político, porque, no ano passado, a CMO não foi instalada, de modo que já estamos no dia 18 de janeiro (ontem) e não temos orçamento. Sem orçamento, não tem como fazer prorrogação de auxílio, editar uma Medida Provisória".
Lira também defende a extensão do auxílio emergencial até a criação de um programa definitivo, que substitua o Bolsa Família. "Com o orçamento aprovado, e possibilidade de mexer nele através de uma Medida Provisória, por exemplo, deve ter, com certeza, uma prorrogação do auxílio emergencial, dependendo do valor e do tempo, dois meses, até a criação de um programa definitivo".
Ele defendeu ainda o encaminhamento das reformas administrativas e tributária. "Neste ano, vamos trabalhar logo no início de fevereiro, primeiro, para instalar a comissão mista do orçamento, para enfim termos orçamento. Segundo, daremos andamento às reformas, tanto às que estão no Senado como a que está na Câmara, que é a administrativa. Assim que essas duas coisas começarem a tramitar, voltaremos, sim, à discussão efetiva da reforma tributária, porque, até hoje, não temos conhecimentos sequer do relatório das comissões".
Solidariedade anuncia apoio a Baleia Rossi
A pouco mais de 10 dias da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, o Solidariedade declarou apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) ontem. O partido chegou a flertar com o candidato Arthur Lira (PP-AL), principal oponente de Rossi, mas desistiu do movimento por causa da proximidade de Lira com o governo de Jair Bolsonaro.
Em uma reunião na sede do Solidariedade em São Paulo, com a presença de Rossi e líderes do PT, PV, PSL, Cidadania e Solidariedade, a avaliação foi que o desgaste do governo na condução da pandemia do coronavírus deve atrair mais deputados para o bloco.
A candidatura do emedebista foi lançado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Isso fortalece a nossa candidatura", disse Rossi, aos ser questionado sobre a imagem do governo na crise do coronavírus. "Acredito que todo esse bate-cabeça pode ajudar muito no fortalecimento da nossa candidatura."
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), deu declarações no mesmo sentido, mesmo ao reconhecer que parte da bancada chegou a defender um apoio do partido a Lira. "O que mais pesou foi a aproximação do Arthur Lira com o governo Bolsonaro, isso pediu bastante dentro do partido", disse.
Rossi minimizou a erosão de votos em partidos que declararam apoio à sua candidatura. Levantamento do Estadão mostrou que siglas como DEM e PSDB têm parlamentares que declaram votos ao oponente, e uma vantagem de Lira nos cultos declarados, embora não o suficiente para garantir vitória.
Seguindo o candidato, o fenômeno acontece porque ele não aposta na "exposição" dos candidatos. "É natural que, com a pressão que o governo está fazendo em cima dos parlamentares, pode que mesmo parlamentares que prefiram uma Câmara independente às vezes sinalizem para o outro lado, para evitar represálias", disse Rossi.