O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enumerou nesta terça-feira (3) algumas qualidades do ex-governador Geraldo Alckmin, mas ressaltou que o ex-governador de São Paulo precisa fazer com que o eleitorado sinta que tem essas qualidades. "Ele tem que ter a capacidade de fazer com que a população sinta que ele tem essas qualidades. Se não tiver, não adianta", disse, em Brasília.
Após participar de debate no Encontro Nacional da Indústria promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ex-presidente foi questionado sobre as chances de Alckmin chegar à Presidência. "Não costumo fazer campanha eleitoral, mas vejo vantagens neste momento", disse.
FHC disse que o ex-governador paulista "tem experiência, é preparado", reconhece que há uma crise financeira no Brasil, "é simples" e não é intolerante. "Vai ser ele o candidato que vai ganhar? Vamos ver nas urnas. Será ele o único? Não sei."
O desempenho de Alckmin nas pesquisas eleitorais tem incomodado parte do tucanato. Levantamento Ibope divulgado semana passada indica o tucano com 6% das intenções de voto no cenário sem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com apenas 4% no pesquisa com o ex-presidente Lula.
Momentos antes, durante o debate, o ex-presidente afirmou que o candidato que tratar dos temas corrupção, violência e desemprego vai "levar vantagem" na corrida eleitoral. "O quadro vem envolto nesse cenário de medo, da violência, de horror, da corrupção e de falta de emprego. Você tem que se dirigir a esses temas. Quem se dirigir a esses temas vai levar vantagem, mesmo que eu não concorde com o posicionamento", disse FHC, sem mencionar candidatos.
Aos industriais, o ex-presidente afirmou que o povo tem "horror à corrupção" e, com a Operação Lava Jato, "descobriu as bases podres do poder e ficou assustado". "Não é que fulano é corrupto, o poder é corrupto", disse.
"Outro tema que não tocamos aqui e também é verdadeiro, as pessoas têm medo porque violência piorou muito. O cotidiano das pessoas pobres é cotidiano de medo. O pobre tem que enfrentar cotidiano duro. Isso vai ser discutido na campanha. As pessoas estão perdendo emprego", disse.