Com base na
nova lei de segurança nacional aprovada pela China, o governo de Hong Kong vetou, nesta quinta-feira (30), as candidaturas de 12 políticos pró-democracia que concorreriam nas eleições para o Conselho Legislativo, agendadas para a primeira semana de setembro.
Entre os vetados, está o ativista Joshua Wong, que se tornou um dos principais nomes de oposição a Pequim a partir dos protestos que tomaram as ruas de Hong Kong desde o fim do ano passado. "Acabei de ser desqualificado da disputa nas próximas
eleições do Conselho Legislativo em Hong Kong, embora eu tenha o maior número de votos da (eleição) primária, com mais de 30 mil votos obtidos", escreveu Wong em uma rede social.
Cerca de 600 mil honcongueses votaram durante as primárias democratas neste mês para escolher quem seriam os candidatos que tentariam reverter o cenário no Conselho, hoje dominado por uma maioria alinhada aos interesses do regime central da China.
Para Wong, o veto mostra um interesse claro de Pequim em "manter a legislatura de Hong Kong sob seu firme controle" e é "um total desrespeito" à vontade da população da cidade.
"No entanto, para salvaguardar o futuro da cidade, os honcongueses não vão se render", escreveu o ativista. "Nossa resistência continuará, e esperamos que o mundo possa permanecer conosco na próxima batalha difícil".
Promulgada há um mês, a nova legislação para Hong Kong permite a repressão de quatro tipos de crime contra a segurança do Estado: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, com sentenças que podem chegar à prisão perpétua. Além disso, a legislação determina que pessoas que se oponham a ela ou à Lei Básica (espécie de Constituição do território) concorram ou ocupem qualquer cargo público.
No comunicado em que anuncia o veto às candidaturas, o governo de Hong Kong alega que os atos de advogar a autodeterminação, solicitar a intervenção de governos estrangeiros ou expressar objeções à promulgação da nova lei constituem um comportamento contrário à legislação vigente.
Além disso, segundo o documento, a eleição dos vetados poderia resultar em rejeições indiscriminadas das propostas do governo para forçá-lo a aderir a outras demandas políticas, e em uma recusa a reconhecer a soberania da China sobre Hong Kong.
Ainda assim, a administração do território afirma que "não há dúvida de censura política, restrição da liberdade de expressão ou privação do direito de concorrer às eleições, como alegado por alguns membros da comunidade".
Em resposta, a China anunciou o fim dos acordos de extradição com Austrália, Canadá e Reino Unido, países que já haviam suspendido unilateralmente os pactos, também em protesto à nova legislação.