Uma ação da Polícia Militar de São Paulo fechou nesta sexta-feira (17) uma das mais bem estruturadas "padarias" já montadas pela facção criminosa PCC na capital paulista, capaz de processar e produzir 900 embalagens de cocaína por minuto. Só o maquinário industrial apreendido no local está avaliado em cerca de R$ 3,7 milhões.
De acordo com a polícia, a "padaria" vinha funcionando em um galpão no Jardim Juçara, ao lado da comunidade de Paraisópolis, na zona sul da capital. Três suspeitos foram presos. Foram apreendidos 712 quilos de cocaína refinada e mais 60 quilos de pasta base.
De acordo com o tenente Henrique de Oliveira e Silva, comandante da equipe responsável pela operação, a droga produzida naquele local era distribuída não só para favela de Paraisópolis, mas para toda a zona sul capital. "Em valores, foi declarado que eles produziam cerca de R$ 300 mil por dia", disse o oficial.
A prisão dos suspeitos, apreensão das drogas e maquinário ocorreu de forma inesperada. Os policias passavam em frente ao galpão quando um dos suspeitos, que saía do local, se assustou em tentou correr. Ao ser questionado sobre o que fazia por ali, deu informações imprecisas, o que levou os PMs a descobrir as máquinas funcionando na embalagem das drogas.
"Padaria" é a forma com os criminosos da facção chamam os pontos de armazenagem, processamento e distribuição de drogas espalhados pelas áreas de dominadas por eles.
Por muitos anos, a facção contratou criminosos para embalar essas drogas manualmente. Além de ser um processo lento e precisar envolver um contingente cada vez maior por conta de demanda, havia sempre o risco de parte da carga ser desviada ou consumida pelos trabalhadores. Daí a necessidade de investimento em tecnologia.
A "padaria" fechada nesta sexta é considerada uma das maiores (se não a maior) estruturas montadas pelo PCC, e das encontradas pela a polícia. Só de máquinas em funcionamento, originalmente projetadas para ensacar grânulos e pós, foram encontradas quatro delas avaliadas em R$ 450 mil cada uma delas, capazes de processar 180 cápsulas por minuto as três juntas.
Uma outra máquina, ainda maior, avaliada em R$ 1 milhão, estava no galpão pronta para ser montada. Só esse novo equipamento geraria 720 embalagens por minuto - chegando à capacidade total de 900 saquinhos de droga por minuto. Outras duas máquinas novas (avaliadas igualmente em R$ 450 mil) também estavam prontas para entrar em funcionamento.
A Polícia Civil formalizava a prisão em flagrante dos suspeitos até a conclusão deste texto. A droga apreendida foi encaminhada para perícia, para a confirmação necessária para o processo criminal.