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Coronavirus

- Publicada em 14 de Abril de 2021 às 16:10

Gaúchos vítimas da Covid-19 criam associação para fomentar políticas protetivas e de enfrentamento à doença

Avico busca orientar e prestar assessoria psicológica, social, previdenciária e jurídica às vítimas da Covid-19

Avico busca orientar e prestar assessoria psicológica, social, previdenciária e jurídica às vítimas da Covid-19


TARSO SARRAF/AFP/JC
Fernanda Crancio
A partir do compartilhamento de experiências pessoais distintas no enfrentamento da pandemia, dois gaúchos criaram, em Porto Alegre, a Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico). Instituída oficialmente no dia 8 de abril, em assembleia virtual, a entidade busca consolidar formas de prestar assessoria psicológica, social, previdenciária e jurídica às mais de 22 mil famílias que perderam entes queridos e aos cerca de 890 mil infectados pelo coronavírus no Rio Grande do Sul.
A partir do compartilhamento de experiências pessoais distintas no enfrentamento da pandemia, dois gaúchos criaram, em Porto Alegre, a Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico). Instituída oficialmente no dia 8 de abril, em assembleia virtual, a entidade busca consolidar formas de prestar assessoria psicológica, social, previdenciária e jurídica às mais de 22 mil famílias que perderam entes queridos e aos cerca de 890 mil infectados pelo coronavírus no Rio Grande do Sul.
Em uma semana de trabalho sem muita divulgação, o movimento já foi contatado por mais de 70 pessoas e se estrutura para iniciar uma mobilização de cunho nacional, em busca da proteção dos direitos de doentes e familiares de vítimas fatais e sobreviventes da doença. Inspirados em uma iniciativa semelhante surgida na Lombardia, na Itália, o advogado Gustavo Bernardes e a assistente social Paola Falceta, estão à frente do projeto.
Ele, que preside a entidade, se recupera após 40 dias hospitalizado em 2020, sendo 10 deles intubado, e enfrenta sequelas da doença. Ela, após perder no mês passado a mãe, de 81 anos - contaminada em um hospital da cidade, em período pós-cirúrgico de um procedimento vascular-, e ter enfrentado em casa o período de isolamento após apresentar sintomas e testar positivo, se uniu ao amigo em busca da estruturação da ideia.
"Eu já vinha de um processo de inconformidade com tudo o que temos passado com a pandemia, mas, uma semana após a perda da minha mãe, tive a ideia de organizar algum tipo de movimento e ver como poderia, como cidadã, ajudar outras vítimas. Em uma conversa com o Gustavo, que é meu amigo de longa data e ativista social, decidimos criar a Associação", conta Paola, vice-presidente da Avico. Segundo ela, há apenas uma organização semelhante no País, fundada no ano passado, na cidade de Dourados (MS).
Bernardes reforça a importância do engajamento da sociedade civil ao projeto. "A Avico vem justamente cobrir um espaço que foi deixado vazio, que é o da sociedade civil, no debate da pandemia. Temos empresários falando, a ciência, autoridades, mas não temos as vítimas da Covid falando, e queremos ocupar esse espaço e ter voz. Enquanto sociedade somos os mais afetados pela Covid, uma doença traiçoeira e que atinge várias dimensões da nossa vida", afirma.
Entre as ideias da dupla, que já conta com outros voluntários atuantes no projeto, está o ajuizamento de ações coletivas para garantir os direitos à atendimento de saúde, psicológico, acesso à emprego e à alimentação das vítimas da Covid, que não recebem nenhum tipo de apoio. A promoção de debates com especialistas e informações sobre sequelas físicas, psicológicas e cognitivas da doença também estão nas metas do coletivo, que defende ainda apoio às vítimas em luto, ao SUS e à vacinação maciça. "Estamos recebendo muitos contatos, mas precisamos ampliar esse alcance e fomentar políticas públicas voltadas aos sobreviventes da Covid e aos familiares de vítimas que não resistiram", aponta Paola.
Segundo ela, que reclama da falta de ações nesse sentido por parte de governos e entidades como o Ministério Público Federal e Estadual e outros órgãos fiscalizatórios, a sociedade deve se unir aos movimentos já atuantes, capazes de fazerem um elo com Estado e demais agentes públicos. "Não temos como excluir a dor das pessoas, mas podemos mobilizar politicamente a sociedade e dar voz às vítimas. Minha mãe ficou um ano isolada em casa e se contaminou no momento em que precisou de um atendimento hospitalar. Se não fosse a Covid, ainda estaria conosco", desabafa a assistente social.
O presidente da entidade completa ainda que o trabalho pretende mostrar o outro lado da doença, que é o das vítimas, e auxiliá-las no enfrentamento da pandemia. "Precisamos nos organizar como sociedade civil para falar a nossa versão dos fatos. Então, a Avico vem para ajudar essas pessoas que estão sofrendo tanto, perdendo parentes e empregos, e colaborar para o enfrentamento comunitário da pandemia", completa Bernardes.
Para entrar em contato com a Avico basta acessar a página da entidade no Facebook (@AVICOBRASIL) ou enviar email para [email protected].
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