"Só estamos atendendo casos com risco de morte". O comunicado na porta da emergência de um dos maiores hospitais de Porto Alegre oficializou, na tarde desta quarta-feira (10), que o serviço ficará fechado para outras demandas nas próximas 24 horas.
"Chegamos ao nosso limite de atendimento", diz o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Cláudio Oliveira. Ele lembrou que restrições como esta, em função da gravidade e demanda dos casos, chegou a ocorrer no auge da epidemia da gripe H1N1, em 2009. "Fechamos a rua, com a ajuda do Exército", conta Oliveira.
A superlotação de casos de Covid-19, e principalmente, o esgotamento da capacidade técnica, levou à medida extrema. A emergência mantém 40 doentes com o novo coronavírus em ventilação mecânica, condição que demandaria cuidados em leito de UTI. O número é praticamente o mesmo que está internado na UTI Covid, que soma 45 infectados.
"Nunca aconteceu isso no setor", destaca Cleber Verona, gerente interino da emergência, relacionando com o nível de gravidade dos casos que estão sendo atendidos.
Apenas casos gravíssimos são levados pelas ambulâncias do Samu, diz o médico Jorge Osório, diretor de Regulação da Secretaria de Saúde da Capital. "O fechamento é momentâneo para a busca espontânea", explica Osório. A "busca espontânea" ocorre quando pacientes vão diretamente às unidades atrás de atendimento.
O problema é que as áreas de leitos intensivos estão esgotadas na instituição. Segundo o painel dos hospitais, o Conceição está com quase 100% de lotação. O único leito vago, dos 85, é uma questão de tempo para estar ocupado.
Treze dos 21 hospitais que são acompanhados pelo painel estão com capacidade normal já esgotada. Os maiores níveis, acima de 100%, são verificados nos hospitais Moinhos de Vento (160,6%), São Lucas (134%), Ernesto Dornelles (125%), Clínicas (115,5%), Divina Providência (120%), Clínicas (115,6%) e Complexo Santa casa (103%). Com 100%, são Cardiologia, Cristo Redentor, Vila Nova, Fêmina, Santa Ana e Restinga.
O sistema tem 1.096 pacientes para 986 leitos operacionais, 111,6% de ocupação, maior nível de demanda até agora na crise sanitária. Do total, 807 são de confirmados com Covid (764) e suspeitos (43).
Outro número que reforça o alerta são os 1.005 entre confirmados com Covid e suspeitos. Somente em emergências estão 198 pessoas com o vírus que precisariam estar em um leito de UTI.
Outro alerta que Beatriz faz é do tempo de demora de chegada do paciente que fica em prontos atendimentos e postos nos hospitais. Este tempo pode elevar a mortalidade por complicações da doença.