O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) buscou nesta semana o apoio da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs)
para a aquisição de vacinas contra a Covid-19 para todos os médicos do Estado. De acordo com o presidente da entidade, Marcelo Matias, o Simers tenta viabilizar a compra,mas esbarra em restrições impostas pelo governo federal.
O presidente do Simers explica que, ao vacinar os médicos em geral de forma ampla, e outros profissionais da saúde, é também uma forma de reduzir a circulação da doença entre a população.
Matias avalia que os profissionais da saúde que não atuam diretamente com casos de Covid-19 têm contato diariamente com um grande número de pessoas. Por isso, também estão mais expostos a riscos pessoais e de se tornarem vetores de transmissão.
O dirigente do Simers decidiu buscar apoio da Fiergs por que já tem uma parceria com a entidade na compra de outras vacinas, como a da Gripe A (H1N1) há vários anos. A entidade já se reuniu com representantes da prefeitura de Porto Alegre para tratar do tema e pretende ampliar a busca por parcerias com mais administrações municipais.
O médico reforça, porém, que as barreiras financeiras estabelecidas pela União para compra pelo setor privado são o maior obstáculo para que a entidade consiga vacinar os cerca de 15 mil associados.
“O governo de uma maneira mais ampla tem dificultado a aquisição de vacinas por particulares, não só aumentando o preço que de US$ 5,00 ao público passa a US$ 25,00 ao privado. Ao obrigar a compra de duas vacinas (pois são duas doses), o valor vira US$ 50,00, o que impossibilita a compra individual”, detalha Matias.
Procurada pelo Jornal do Comércio, a Fiergs afirmou que no encontro tratou apenas da parceira tradicional de compra de vacinas.
A compra privada da vacina se tornou um dos principais debates nacionais recentes. Empresários tentam obter diretamente com o laboratório da AstraZeneca, que desenvolveu a vacina de Oxford, doses. A
gigante farmacêutica negou que poderá fazer a venda. Clínicas e estabelecimentos de saúde privados também fazem movimentos para tentar importar lotes.
A vacinação com as doses de uso emergencial fornecidas pelo setor público começou no dia 17. Por enquanto, são remessas da China e produção do Instituto Butantan, no caso da Corronavac, e da Índa (AstraZeneca). A aplicação é feita apenas em grupos prioritários da fase 1 do Plano Nacional de Imunização (PNI).
Já o presidente
Jair Bolsonaro se declarou favorável à compra pela iniciativa privada durante live organizada pelo banco Credit Suisse, na terça-feira (26), quando se referiu a uma negociação de 33 milhões de doses por um grupo de empresas. Do lote, quais 16,5 milhões seriam repassadas ao SUS gratuitamente.