As bolsas da Europa fecharam com forte recuo nesta sexta-feira (26), com índices tendo registrado queda de mais de 4%. Os mercados internacionais renovaram suas preocupações com o impacto da pandemia sobre a economia, diante das notícias de uma nova variante da Covid-19. As ações ligadas a turismo e petroleiras despencaram. Paralelamente, dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) reforçaram que inflação na zona do euro será temporária.
O índice Stoxx 600, que mede o desempenho de 600 empresas por todo o continente, caiu 3,67%, a 464,04 pontos, de acordo com dados preliminares. Em Londres, o FTSE 100 caiu 3,64%, a 7.044,03 pontos, enquanto o DAX recuou 4,15%, a 15.257,04 pontos, em Frankfurt, e o CAC 40 cedeu 4,75%, a 6.739,73 pontos, em Paris.
Identificada pela primeira vez na África do Sul, a nova cepa da Covid-19 preocupa porque se demonstrou altamente mutável e ainda não há informações sobre como as vacinas respondem à sua infecção. A Europa notificou seu primeiro caso na Bélgica.
Analista da CMC Markets, Michael Hewson diz que a reação dos mercados vista hoje provavelmente foi exacerbada, mas pontuou que a notícia vem em meio a alta de casos da Covid-19 vista na Europa. "O DAX e o CAC 40, dois dos principais índices europeus, tendo registrado a maior queda semanal do ano. Não sem razão, investidores escolheram apostar primeiro e fazer perguntas depois, especialmente tão próximo ao fim do ano e dado o tamanho dos ganhos vistos até agora em 2021".
Na Bolsa de Londres, a IAG, controladora da British Airways, teve o pior desempenho, com queda de 14,85%. Entre as petroleiras, a BP cedeu 7,86% e a Anglo American, 7,40%.
"A Rolls-Royce (-11.62%) também está levando uma surra à medida que vários países procuram apertar os requisitos de entrada para viajantes", o que tende a demanda por voos, disse Hewson. A empresa é uma das principais fornecedoras de peças ao setor de aviação civil.
Em Milão, o FTSE MIB recuou 4,60%, a 25852,99 pontos. Nas praças ibéricas, o PSI 20 caiu 2,43%, a 5.425,07 pontos, e o IBEX 35 cedeu 4,96%, a 8.402,70 pontos.
Dirigentes do BCE, Luis de Guindos e Ignazio Visco demonstraram preocupação com os riscos da nova variante sobre a economia da zona do euro. Ainda assim, vice-presidente da instituição, Guindos defendeu que a inflação do bloco deve desacelerar em 2022. A presidente do BCE, Christine Lagarde, também reiterou que a alta nos preços é temporária.
Em relatório sobre suas perspectivas para o ano que vem, o Société Générale prevê um ano sólido para os ativos europeus. No entanto, pontuou que uma nova onda da Covid-19, sinais de desaceleração na China, eleições na França e a primeira elevação de juros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) em quatro anos poderiam servir de gatilho para volatilidade em 2022.